O número de vítimas da tragédia chega a quase 40 e dos 15 feridos (Stringer/Reuters)
AFP
Publicado em 15 de agosto de 2018 às 15h47.
Uma parte do viaduto Morandi está dentro da água, ao lado de escombros e restos de automóveis e caminhões destruído pelo desabamento.
A região onde o viaduto caiu parece que foi abalada por um terremoto.
As equipes do Corpo de Bombeiros continuam buscando com a ajuda de cães farejadores e escavadeiras ao redor da zona com a esperança de encontrar vítimas presas entre os escombros.
Uma dúzia de pessoas estão desaparecidas, entre elas uma família que estava indo passar férias na ilha de Elba, mais ao sul.
"Não chegaram ao hotel. Não atendem o telefone. A essa hora provavelmente estavam cruzando a ponte", conta angustiado à imprensa Antonio, um familiar.
Duas gruas enormes trabalharam durante toda a noite para escavar entre os enormes blocos de cimento do viaduto que caíram de uma altura de 50 metros.
"Não perdemos a esperança de encontrar sobreviventes", confessou Emanuele Gissi, comandante adjunto dos bombeiros da região.
"Durante a noite encontramos três corpos entre os escombros", contou o socorrista.
O número de vítimas da tragédia chega a quase 40 e dos 15 feridos, 12 se encontram em estado grave após o trauma sofrido, segundo explicou a Defesa Civil.
"Não consigo aceitar isso. Não pode ser verdade, sinto como se estivéssemos em um filme", declara, ainda abalado, Francesco Bucchieri, de 62 anos, que foi testemunha do desabamento.
"Houve negligência, subestimaram o perigo, era uma tragédia anunciada. Precisam encontrar os culpados. É um escândalo. Os culpados precisam pagar!", gritou indignado.
O desabamento do viaduto, estratégico para a circulação na cidade, é uma preocupação tanto para os moradores como para as autoridades, que avaliam a possibilidade de demoli-lo completamente.
O viaduto parece agora com um trampolim gigante sobre os imponentes edifícios do bairro de Sampierdarena.
Todos os seus moradores foram evacuados na terça-feira, mais de 600 pessoas, por medo de que outra parte do viaduto Morandi possa cair.
"Estava em casa e todos os edifícios tremeram. Foi pior que um terremoto", conta Pasquale Ranieri, de 86 anos.
Ele vive em um prédio de cinco andares na rua Enrico Porro, logo abaixo do viaduto Morandi.
Sabe que não poderá voltar para casa por muito tempo.
"Fui dormir na casa de parentes. Isso vai demorar muitos meses. Sei que corremos risco, mas quero voltar para a minha casa, não quero que me adotem", diz.
Dois policiais impedem a entrada dos moradores que querem ter acesso a suas casas.
"Não dormi, não comi", conta Grazia Pistorio, de 83 anos, que deseja trocar de roupa.
A 200 metros do viaduto desabado, um idoso que prefere manter o anonimato espera com os braços cruzados.
Tem uma cabana entre o rio e a ferrovia, dentro da área isolada pela polícia.
Há 15 dias uma gata deu à luz quatro filhotes. Todos os dias percorria seis quilômetros com sua bicicleta para deixar alimento para os gatinhos. "Não têm comida desde segunda à noite, não sei se estão vivos ou mortos", confessa.