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A independência da Catalunha de volta à pauta

Em 2014, houve uma tentativa de referendo na região e, dos 2,3 milhões que votaram, 80% se mostraram favoráveis à independência

Homenagens em Barcelona: ataque reacendeu debate sobre independência da Catalunha (Sergio Perez/Reuters)
EH

EXAME Hoje

Publicado em 25 de agosto de 2017 às 06h37.

Última atualização em 25 de agosto de 2017 às 07h51.

O parlamento da Catalunha realiza, nesta sexta-feira, um ato de repúdio aos atentados de Barcelona e Cambrils, que completam hoje uma semana. Em plenário, os parlamentares vão fazer um minuto de silêncio e apresentar um pronunciamento oficial sobre os ataques, que deve ressaltar a importância de unir as forças democráticas. Para o sábado, está marcada uma grande marcha em homenagem às vítimas e suas famílias, e o rei Felipe VI da Espanha estará presente.

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Na sexta passada, um motorista atropelou dezenas de pessoas em Las Ramblas, centro turístico de Barcelona, e deixou pelo menos 13 pessoas mortas. No mesmo dia, outra vítima morreu num atentado em Cambrils, onde outros seis suspeitos de integrar a célula terrorista foram mortos pela polícia.

Os catalães fazem pressão pela independência há décadas, num coro que se intensificou em 2012, têm ganhado fama de nacionalistas e radicais desde 2012, quando foi publicado o texto Pacto pela Liberdade. Agora, eles estão perto de decidir pela própria autonomia política: está marcado para o dia 1º de outubro um referendo em que a Catalunha pode decidir por sua independência da Espanha. Cerca de 72% da população defende a realização da votação, que acontece unilateralmente, sem o reconhecimento do governo espanhol.

Em 2014, houve uma tentativa de realizar um referendo na região, mas as investidas do governo espanhol para impedir a votação culminaram numa mera consulta popular em que apenas 37% dos catalães compareceram às urnas. Porém, dos 2,3 milhões que votaram, 80% se mostraram favoráveis à independência. Ainda não se sabe o impacto que os atentados terão sobre a votação, uma vez que votar pela autonomia pode acabar enfraquecendo a Catalunha em termos de possibilidades de ação frente ao terrorismo, mas pode também ajudar a assumir a regulação das próprias fronteiras.

A pronta resposta e a solidariedade do governo espanhol têm sido elogiadas na região. Mas os ataques podem ter insuflado o espírito de radicalismo no povo de Barcelona, que já anda avesso a estrangeiros, mas não foi isso o que ocorreu. A população tem se mostrado solidária, amigável e orgulhosa pelo fato de ter construído uma cidade que é acolhedora, cosmopolita e global. O escritor Luke Stobart, professor de economia política na Birkbeck College e especialista em migrações na Catalunha e na Espanha, escreveu em artigo ao jornal britânico The Guardian que o povo catalão demonstrou, com sua dignidade, que está pronto — e que merece — sua independência.

A ver se a marcha pelas vítima vira de fato um ato político pela independência, e como isso repercutirá com a opinião pública.

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