5 mudanças que a independência da Escócia poderá trazer
O “divórcio” entre os escoceses e o Reino Unido, que será definido nesta quinta-feira, poderá trazer consequências até para a expectativa de vida dos britânicos
Gabriela Ruic
Publicado em 17 de setembro de 2014 às 07h00.
São Paulo – A Escócia enfrenta um momento decisivo em sua história: nesta quinta-feira, 18, acontece um referendo no qual os escoceses vão definir se o país se tornará independente ou se irá continuar a união com o Reino Unido que já dura 307 anos.
Os argumentos para a separação, ou não, são muitos. Do lado dos nacionalistas escoceses, a principal vantagem deste “divórcio” será a autonomia do povo da Escócia na escolha do seu próprio governo. Além disso, alegam os defensores, o país terá maior acesso aos rendimentos da exploração de petróleo em sua costa.
Contudo, entre aqueles que são contra a ideia, como o primeiro-ministro britânico David Cameron e o economista vencedor do Nobel, Paul Krugman, o futuro escocês não deve ser tão próspero assim. O país não poderá, por exemplo, continuar a usar a libra esterlina como moeda e existem muitas evidências de que as reservas de petróleo estão diminuindo.
A expectativa sobre o resultado é alta e o placar, até agora, é apertado. Números recentes mostram que a quantidade de pessoas contra e a favor da independência é praticamente a mesma (47% e 46%, respectivamente). O que significa que será a parcela indecisa da população (7%) que irá definir o futuro desta união.
Se a independência de fato acontecer, grandes mudanças estarão no horizonte dos ingleses e dos escoceses em áreas que não apenas a econômica. Veja abaixo algumas delas.
Os britânicos podem viver mais
Uma vantagem para o novo Reino Unido, na ocasião da independência dos escoceses, está na expectativa de vida de sua população. De acordo com números do Office for National Statistics (ONS), revelados pela BBC, atualmente, os homens britânicos vivem, em média, 78,7 anos e as mulheres, 82,6 anos. Contudo, sem considerar a Escócia, esta média poderá subir para 79,1 e 82,9, respectivamente.
Nova Bandeira para o novo Reino Unido
A famosa bandeira do Reino Unido também poderá mudar com a saída da Escócia. Atualmente, a “Union Jack”, como é conhecida, conta com elementos que representam a Escócia (a cruz de Santo André), a Inglaterra (a cruz de São Jorge) e a Irlanda do Norte (a cruz de São Patrício).
Uma pesquisa realizada pelo The Flag Institute, entidade que se dedica ao estudo de bandeiras, revelou que 65% dos seus membros consideram que, na ocasião da independência, a bandeira deve ser modificada. E 56% dos entrevistados acreditam que a possibilidade de mudança é real.
Esportes
Se a separação da Escócia poderá render anos a mais de vida para o Reino Unido ou até mesmo uma nova bandeira, poderá ainda trazer impactos negativos para ambos os países nas Olímpiadas 2016, que acontecem no Rio de Janeiro.
Do lado dos britânicos, o risco é que o quadro de medalhas não seja tão polpudo quanto aquele conseguido durante as Olimpíadas de Londres em 2012. De acordo com a rede de notícias BBC, 20% das medalhas do Reino Unido na ocasião foram conquistadas por atletas escoceses.
Já para a Escócia, existe a chance de que o possível novo país soberano não consiga sequer se organizar para estar presente no Rio de Janeiro em 2016. Fato que aumenta as chances de os atletas escoceses preferirem disputar os jogos pelo Reino Unido.
Reino Unido x ONU
Outra mudança para o Reino Unido é o risco de os britânicos perderem a posição de membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Para John Major, ex-primeiro ministro inglês, a separação enfraquecerá a influência britânica no cenário internacional. Um relatório do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido também alerta para este perigo ao considerar que outros países poderão aproveitar a chance para remover os britânicos de uma das mesas mais importantes da ONU.
Se isto acontecer, o país perderia o privilégio do poder de veto de resoluções aprovadas pela maioria do conselho, que hoje conta com cinco membros permanentes (Reino Unido, EUA, França, Rússia e China), além de outros 10 membros rotativos.
Renúncia de David Cameron
O primeiro-ministro britânico já declarou que não irá deixar o cargo na ocasião de a Escócia preferir se separar do Reino Unido. Analistas, contudo, acreditam que não será fácil que Cameron se mantenha nesta posição por muito tempo, pois terá que lidar com o fato de que a dissolução desta união, que já dura mais de três séculos, aconteceu justamente durante sua gestão. Há até quem diga que um possível “sim” da Escócia para a independência irá “destruir o lugar de Cameron nos livros de história”.