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400 morreram em repressão a protestos na Etiópia, diz ONG

Os agentes etíopes utilizaram munição real para controlar e matar manifestantes, alguns menores de 18 anos


	Etiópia: os agentes etíopes utilizaram munição real para controlar e matar manifestantes, alguns menores de 18 anos
 (Getty Images)

Etiópia: os agentes etíopes utilizaram munição real para controlar e matar manifestantes, alguns menores de 18 anos (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de junho de 2016 às 08h15.

Nairóbi - As forças de segurança da Etiópia mataram mais de 400 pessoas, a maioria manifestantes, e detiveram milhares deles durante a repressão dos protestos registrados na região de Oromia desde novembro do ano passado, denunciou nesta quinta-feira a ONG Human Rights Watch (HRW).

A onda de protestos violentos, protagonizados em sua maioria por estudantes, contra um polêmico plano urbanístico que previa a expansão da capital etíope, causou pelo menos 140 mortes no final de 2015, um número que aumentou para mais de 400 até maio deste ano, segundo comunicado da HRW.

A organização revelou essa informação em um relatório sobre a repressão do regime etíope divulgado hoje, no qual detalha a força excessiva utilizada contra os manifestantes, os maus-tratos aos detidos e a censura.

"As forças de segurança etíopes alvejaram e assassinaram centenas de estudantes, camponeses e outros manifestantes pacíficos com um descarado desprezo pela vida humana", disse a vice-diretora para a África da HRW, Leslie Lefkow.

Os agentes etíopes utilizaram munição real para controlar e matar manifestantes, alguns menores de 18 anos, que temiam que o plano urbanístico de Adis-Abeba continuasse com a remoção de agricultores e camponeses da região de Oromia, que fica nos arredores da capital etíope.

A Polícia Federal e as Forças Armadas também detiveram milhares de estudantes, professores, músicos, opositores, trabalhadores de saúde e pessoas que ajudaram os estudantes a fugir e a buscar refúgio.

Um número desconhecido deles continua sob custódia das autoridades, sem nenhuma acusação, nem acesso à assistência legal.

"Vivi ali por toda minha vida e nunca tinha presenciado uma repressão tão brutal. Eles prendem e assassinam nossa gente de forma regular, mas agora, cada família aqui tem pelo menos um de seus filhos na prisão", declarou à HRW Yoseph, um morador de Oromia de 52 anos.

Algumas mulheres sofreram abusos sexuais e outros detidos foram torturados enquanto permaneciam sob custódia: pendurados pelos tornozelos, agredidos, eletrocutados e com pesos amarrados aos testículos.

A repressão dos protestos também foi possível devido a um "apagão" informativo, que levou o governo etíope a censurar todas as informações dos veículos de imprensa, inclusive no exterior, e a restringir o acesso às redes sociais, como o Facebook.

Apesar de o regime autoritário de Hailemariam Desalegn - cuja vitória arrasadora nas eleições do ano passado deixou a oposição sem uma única cadeira no parlamento - ter cancelado o plano urbanístico em janeiro, a repressão do governo continuou nos últimos meses.

A HRW pediu à comunidade internacional e à ONU, especificamente, que investiguem esses abusos e peçam a libertação dos detidos.

"Os apoiadores estrangeiros da Etiópia permaneceram calados", lamentou Lefkow.

Oromia é a maior região do país e lar de seu grupo étnico mais importante, que é integrado por cerca de 27 milhões de pessoas, de uma população total de mais de 94 milhões de habitantes.

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