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300 imigrantes desapareceram no litoral da Itália, diz Acnur

A guarda-costeira italiana resgatou 106 pessoas que viajavam em uma das balsas, mas 29 deles morreram por hipotermia

Imigrante sobrevivente de naufrágio é resgatado na Itália (REUTERS/Antonio Parrinello)

Imigrante sobrevivente de naufrágio é resgatado na Itália (REUTERS/Antonio Parrinello)

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Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2015 às 13h50.

Genebra - O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) e a Organização Internacional das Migrações (OIM) denunciaram nesta quarta-feira que pelo menos 300 pessoas estão desaparecidas no mar após tentar atravessar o Mediterrâneo em quatro botes que naufragam devido a uma tempestade.

Segundo os depoimentos dos sobreviventes, chegou-se a conclusão que quatro balsas com cerca de cem pessoas a bordo cada uma partiram de uma praia próxima a Trípoli, na Líbia, no sábado passado durante a tarde.

Traficantes de pessoas tiraram os pertences dos imigrantes antes do embarque e os levaram para alto mar apesar das péssimas condições meteorológicas.

No meio do oceano, foram atingidos por uma forte tempestade e muitos deles morreram.

Na segunda-feira, a guarda-costeira italiana resgatou 106 pessoas que viajavam em uma das balsas, mas 29 deles morreram por hipotermia.

Hoje, um barco comercial italiano resgatou nove imigrantes, dois em um bote e sete em outro.

Segundo Joel Millman, porta-voz da OIM, o número de sobreviventes é de 115.

"Todos os sobreviventes falam que havia um quarto bote, que não foi encontrado, e que nele estavam cerca de cem pessoas", disse Millman à Agência Efe.

"Pensamos que, no total, fizeram a viagem entre 400 e 450 imigrantes, mas é algo que não podemos afirmar com precisão", acrescentou Millman.

Todos os resgates foram efetuados entre a ilha italiana de Lampedusa e a costa da Líbia.

"Esta é uma tragédia de uma escala enorme e uma cruel lembrança de que se pode perder mais vidas se aqueles que buscam segurança forem deixados à mercê do mar", afirmou, citado em um comunicado, Vincent Cochetel, diretor do departamento da Europa do Acnur.

"Salvar vidas deveria ser nossa prioridade. A Europa não pode se permitir fazer muito pouco, muito tarde", criticou.

"O que está ocorrendo é pior do que uma tragédia, é um crime, um dos piores que vi em cinquenta anos de serviço", disse, por sua vez, o diretor-geral da OIM, William Lacy Swing, citado em outro comunicado.

"Estas redes de traficantes atuam com total impunidade e centenas estão morrendo. O mundo deve atuar", exigiu Swing. Entre os sobreviventes estão crianças que viajavam sozinhas.

A maioria dos imigrantes eram da África Ocidental e tinham chegado na Líbia após sair de Costa do Marfim, Gâmbia, Guiné, Mali, Mauritânia, Níger e Senegal.

"Sabíamos que nos arriscávamos, que existia a possibilidade de morrer. É um sacrifício consciente que fizemos perante a possibilidade de ter um futuro", disse à OIM um dos sobreviventes.

"O Acnur reitera sua preocupação sobre a falta de uma grande operação de resgate no Mediterrâneo. A operação Triton, realizada pela Frontex (que pertence à UE), não é focada na busca e salvamento e não conta com as ferramentas para lidar com a escala da crise", denunciou a organização.

Pelo menos 218 mil pessoas cruzaram o Mediterrâneo em 2014 na busca de uma vida melhor na Europa.

Segundo os números do Ministério do Interior italiano, durante o mês de janeiro de 2015 atravessaram o Mediterrâneo 3.528 migrantes, a maioria deles provenientes da Síria (764), Gâmbia (451), Mali (436), Senegal (428), Somália (405) e Eritréia (171). 

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