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22 anos de prisão: Justiça dos EUA condena "cérebro" do ataque de Benghazi

Sentença ditada pelo juiz da corte federal do Distrito de Columbia, é menor do que solicitava a promotoria, que reivindicava prisão perpétua

Consulado americano em chamas em Benghazi, Libia, em 11 de setembro de 2012 (Esam Al-Fetori/Reuters) (Esam Al-Fetori/Reuters)

Consulado americano em chamas em Benghazi, Libia, em 11 de setembro de 2012 (Esam Al-Fetori/Reuters) (Esam Al-Fetori/Reuters)

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EFE

Publicado em 27 de junho de 2018 às 16h52.

Washington - O líbio Ahmed Abu Khattala, considerado pelos Estados Unidos como o "cérebro" do ataque de 2012 contra seu consulado em Benghazi, foi condenado nesta quarta-feira a 22 anos de prisão por seu apoio aos terroristas que mataram o embaixador dos Estados Unidos na Líbia e de outros três americanos.

A sentença ditada hoje pelo juiz Christopher Cooper, da corte federal do Distrito de Columbia, é menor do que a que solicitava a promotoria, que reivindicava prisão perpétua.

Durante o julgamento, que começou em 2 de outubro do ano passado, a promotoria definiu Khattala como o "cérebro" que orquestrou o ataque contra o consultado, no qual morreram o embaixador Chris Stevens, o diplomata Sean Smith e dois funcionários terceirizados da CIA, Tyrone S. Woods e Glen Doherty.

O ataque, cometido entre os dias 11 e 12 de setembro de 2012, terminou com o primeiro assassinato de um embaixador dos EUA na ativa desde 1979.

Em novembro, um júri popular absolveu Khattala, de 47 anos, dos crimes de assassinato e tentativa de assassinato que tinham sido apresentados pela promotoria, mas permitiu que o processo seguisse adiante com os crimes de terrorismo.

Abu Khattala se declarou inocente de todas acusações e, durante anos, negou qualquer envolvimento com um dos ataques mais controversos da história recente dos EUA.

O líbio começou a ser apontado como responsável pelos atentados depois que, em 2013, o jornal "The New York Times" publicou uma extensa investigação na qual várias testemunhas falavam de Abu Khattala como o "xeque" que dirigiu a ofensiva, dando ordens para atear fogo no complexo diplomático.

Na ocasião, os Estados Unidos lhe assinalavam como um dos "comandantes" de Ubaydah Bin Jarrah, uma milícia extremista de Benghazi que queria instaurar a sharia (lei islâmica) na Líbia e que, em 2011, se uniu ao grupo terrorista Ansar al Sharia, o qual Washington culpa diretamente pelo atentado de 2012.

Em 15 de junho de 2014, Abu Khattala foi capturado em uma casa de Benghazi em uma operação secreta das forças especiais dos EUA e do FBI para, em seguida, ser colocado a bordo de uma embarcação militar e ser interrogado durante 13 dias antes de chegar em território americano.

Desde que chegou aos Estados Unidos, Abu Khattala permaneceu em prisão preventiva.

O ataque, que coincidiu com o 11º aniversário dos atentados de setembro de 2001 nos EUA, se transformou em uma ferramenta dos republicanos para desgastar o então presidente Barack Obama e sua secretária de Estado e posterior candidata presidencial democrata, Hillary Clinton.

Os republicanos chegaram a abrir uma investigação no Congresso contra Hillary e concluíram que não existiam elementos suficientes para culpá-la pela tragédia.

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