JBS: o BNDES quer anular a decisão que colocou José Batista Sobrinho na presidência da companhia (Ueslei Marcelino/ Reuters) (Uslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de setembro de 2017 às 07h00.
Última atualização em 18 de setembro de 2017 às 08h03.
A maior pergunta da semana no mercado financeiro é qual será a reação dos credores e investidores à troca de comando no frigorífico JBS, anunciada neste domingo. A família Batista, controladora da companhia, indicou o patriarca José Batista Sobrinho para substituir seu filho, Wesley Batista, preso por uso de informação privilegiada.
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O irmão mais novo de Wesley, Joesley, também está preso, por descumprir acordo de delação premiada. José Batista Júnior, o irmão que não está atrás das grades, se complicou na sexta-feira, quando a Superintendência-Geral do Cade, o órgão de defesa da concorrência, recomendou sua condenação em processo de cartel na compra de gado para abate.
Com todos os filhos encrencados, sobrou para o patriarca, com 83 anos, tentar pacificar a empresa. Ele criou a companhia em 1953 e era membro do conselho de administração há mais de dez anos. Ele cumprirá o mandato do filho até 2019.
Sua escolha deve trazer novos embates com o BNDES, o banco de fomento do governo dono de 21% da companhia — os Batista são donos de 41%.
O banco já avisou que quer anular a decisão do conselho, que elegeu José Batista Sobrinho por unanimidade na noite de domingo.
O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, afirmou ao jornal O Globo que vai consultar a área jurídica da instituição sobre a possibilidade de suspender a decisão.
Ele alega que a reunião foi convocada às pressas e quem a pauta não estava em discussão. Diz ainda que a representante do BNDES no conselho Claudia Santos, que aprovou a escolha do novo presidente, votou “por conta própria”.
Ao longo da última semana, as ações da JBS valorizaram 9,5% com a expectativa de que os Batista perderiam força no comando da companhia. Dois dos nomes mais cotados pelo mercado para assumir a presidência eram de executivos experientes da JBS — Gilberto Tomazoni, chefe de operações, e Tarek Farahat, presidente do conselho da JBS e ex-presidente da empresa de consumos P&G na América Latina.
Credores da companhia também se movimentavam para reduzir o peso dos Batista não só na presidência, como no controle das decisões da empresa.
Para tentar atenuar as críticas à eleição do patriarca, o conselho também definiu a criação de um time para assessorar o presidente, composto por Tomazoni, pelo executivo André Nogueira e por Wesley Batista Filho, que aos 25 anos comanda operações da empresa nos Estados Unidos.
Os Batista, como se vê, não estão muito dispostos a passar de donos a sócios, como defendeu o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro. A ver como o mercado reage.