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Ibovespa sobe 1,7% com ajuste após maior queda em quase 9 anos

Para operadores, o áudio da conversa entre Joesley e Temer não foi comprometedor o bastante para justificar a continuidade da sangria dos mercados

B3: a atenção do mercado se volta para a governabilidade de Temer e os impactos sobre as reformas, principalmente a da previdência (Paulo Whitaker/Reuters)

B3: a atenção do mercado se volta para a governabilidade de Temer e os impactos sobre as reformas, principalmente a da previdência (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 19 de maio de 2017 às 18h40.

São Paulo - A Bovespa subiu nesta sexta-feira, recuperando-se de parte da derrocada da véspera, com o mercado ainda cauteloso à espera de desdobramentos de divulgação de gravações de conversa do presidente Michel Temer com Joesley Batista, da JBS.

O Ibovespa subiu 1,69 por cento, a 62.639 pontos, mas acumulou baixa de 8,18 por cento na semana, após desabar 8,8 por cento na véspera, maior perda diária desde outubro de 2008. O giro financeiro do pregão somou 13,56 bilhões de reais.

Para operadores, o áudio da conversa entre Joesley e Temer não foi comprometedor o bastante para justificar a continuidade da sangria dos mercados de quinta-feira.

A cautela, porém,permanece diante de informações que continuam surgindo. Temer será investigado por corrupção passiva e obstrução da Justiça, em inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal.

"Teve alguma recuperação depois dos movimentos de ontem, mas essa recuperação não vai ser rápida e a gente está vendo uma mudança no patamar de precificação dos ativos", disse o economista da corretora Guide Investimentos Ignacio Crespo Rey.

Segundo o economista, as incertezas políticas devem voltar a pressionar o Ibovespa nos próximos pregões, com possibilidade de o índice voltar ao patamar entre 55 mil e 60 mil pontos.

A atenção do mercado se volta para a governabilidade de Temer e os impactos sobre as reformas, principalmente a da previdência.

Antes do mais recente escândalo, o otimismo quanto ao andamento dessas medidas no Congresso Nacional vinham amparando o tom otimista na bolsa paulista.

"Os danos com os acontecimentos fazem todos perderem", disse o gestor de mesa de operações na corretora Coinvalores, Marco Tulli Siqueira.

Destaques

- BRADESCO PN subiu 1,65 por cento e ITAÚ UNIBANCO PN avançou 2,6 por cento. BANCO DO BRASIL ON teve alta de 3,32 por cento e SANTANDER ganhou 2,3 por cento.

- CEMIG PN teve alta de 4,42 por cento, após na véspera ter despencado 20,4 por cento.

- PETROBRAS PN ganhou 3,57 por cento e PETROBRAS ON avançou 0,98 por cento, com os ganhos do petróleo no mercado internacional ajudando os papéis em seu movimento de recuperação das perdas da sessão anterior.

- JBS ON subiu 1,52 por cento, após cair quase 10 por cento na véspera, quando perdeu 2,5 bilhões de reais em valor de mercado. Executivos da empresa e da controladora J&F anunciaram acordo de delação premiada, e o empresário Joesley Batista admitiu pagamento de propina para obter facilidades. O Ministério Público Federal (MPF) informou que o grupo J&F tinha até esta sexta para aceitar proposta para pagar multa de 11,2 bilhões de reais no acordo de leniência.

- EMBRAER ON caiu 1,62, após subir 2,67 por cento na véspera e em sessão de baixa para o dólar frente ao real.

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