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Ibovespa fecha em queda, mas reduz perdas com Fed e novo nome do Tesouro

Mercado teme que segunda onda de contaminação faça com que economias voltem a ser fechadas

Bolsa: Ibovespa recua com cenário externo negativo (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

Bolsa: Ibovespa recua com cenário externo negativo (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 15 de junho de 2020 às 17h00.

Última atualização em 15 de junho de 2020 às 17h52.

A bolsa brasileira fechou em queda, nesta segunda-feira, 15, apesar de ter ganhado força após o anúncio de que o Federal Reserve irá comprar títulos de dívidas corporativas. A notícia de que Bruno Funchal, atual diretor de programas do Ministério da Economia, será o substituto de Mansueto Almeida no comando do Tesouro Nacional também foi bem recebida pelo mercado. O Ibovespa, principal índice de ações, encerrou em baixa de 0,45%, em 92.375,52 pontos.

"A medida do Fed dá liquidez para o mercado secundário de dívida. Isso deu uma acelerada boa nas bolsas internacionais", disse Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 fechou em alta de 0,83%. Esteter também avalia que o nome de Bruno Funchal teve repercussão positiva no mercado. "Essas duas notícias fizeram com que o mercado desse uma boa animada."

A melhora do humor dos investidores, no entanto, não foi suficiente para reverter as perdas do início da sessão, quando o Ibovespa chegou a 90.147,92 pontos, na mínima do dia. O tom negativo teve como pano de fundo os temores sobre uma segunda onda de contaminação, após países que afrouxaram suas quarentenas apresentarem crescimento do número de casos de coronavírus. Nos Estados Unidos, alguns estados, como Flórida e Texas, registraram recordes de infectados no fim de semana.

Apesar do ritmo de contaminação nos Estados Unidos ter voltado a crescer, autoridades econômicas do país descartam a novos isolamentos sociais mais rígidos. Depois de o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, ter afastado a possibilidade de mais um lockdown, foi a vez do diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, dizer que os EUA seguem reabrindo sua economia.

Mas além dos EUA, países asiáticos também voltam a registrar novos casos, após terem atingido um grau ainda maior de controle da doença. Esses foram os casos da China e da  Coreia do Sul, que vêm enfrentando o aumento do contágio desde que experimentaram uma flexibilização das quarentenas. Na Coreia, bairros badalados se tornaram os principais focos da doença, enquanto na China, o maior mercado de alimentos de Pequim precisou ser fechado.

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"Como existe falta de informação muito grande [sobre a dinâmica do vírus], os movimentos são mais bruscos. Ocorreu um excesso de otimismo no início retomada e começa a ajustar para um patamar mais conservador. O mercado está achando preço justo para o cenário atual. O problema é que ainda não se sabe como é o cenário atual", comentou Álvaro Villa, economista da Messem Investimentos.

Marcel Zambello, analista da Necton Investimentos, já vê uma piora das perspectivas econômicas. “Se até semana passada se esperava uma recuperação em “V”, com essa questão da segunda onda, já se fala em recuperação em 'U' ou em 'W'."

Nesta segunda, os investidores globais também repercutiram os dados da produção industrial chinesa de maio, que vieram abaixo das projeções. Com o país em plena recuperação, esperava-se que houvesse um crescimento de 5% na comparação anual, mas a expansão da produção industrial da China ficou em 4,4%, frustrando as expectativas do mercado.

“A China se tornou o principal país em termos de recuperação econômica. Se ela cresce menos, o impacto é global. As companhias que exportam para a indústria chinesa, como a Vale, são atingidas”, disse Esteter.

Nas últimas semanas, o mercado estava bastante otimista com os dados econômicos, que vinham surpreendendo positivamente os investidores. O pico da euforia, que se deu no fim da primeira semana de junho, quando o payroll dos Estados Unidos mostrou expansão do mercado de trabalho, esbarrou no presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que, na semana passada, tratou de mitigar o otimismo, alertando que a recuperação econômica pode não se dar de forma tão acelerada quanto se previa.

Destaques

Na bolsa, as ações da Cielo disparam 14% e lideraram as altas do Ibovespa, após a empresa anunciar uma parceria com o Facebook, envolvendo pagamentos via Whastsapp.

As varejistas com bom posicionamento em e-commerce também figuraram entre as maiores valorizações da sessão. Entre elas, o destaque ficou com os papéis da Via Varejo, que subiram 6,7%, enquanto os da Magazine Luiza e da B2W, avançaram 2,97% e 2,44%, respectivamente.

Com altíssima volatilidade, as ações da Gol chegaram a cair 9,9% durante o pregão, mas encerraram em alta de 5,23%. As ações da Azul, que também registraram fortes perdas no começo do dia, terminaram praticamente estáveis.

Na ponta negativa, os papéis do IRB Brasil, que acumulavam apreciação de mais 50% no mês, caíram 8,88% e tiveram o pior desempenho entre os componentes do Ibovespa. Mas, foram os grandes bancos, com maior participação no índice, que puxaram a bolsa para baixo. Na bolsa, Itaú, Bradesco e Santander caíram cerca de 2%, enquanto o Banco do Brasil recuou 0,84%.

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