Funcionários trabalham no QG do Facebook, em Palo Alto, Califórnia: a entrada na bolsa poderá enriquecer grande parte de seus empregados de cargos baixos e médios (Gabriel Bouys/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de fevereiro de 2012 às 07h46.
São Francisco - O Facebook apresentou nesta quarta-feira seu pedido para entrar na bolsa americana, e o Vale do Silício espera receber os "milionários instantâneos", fruto dessa aguardada oferta de ações, que poderão gastar sua nova riqueza e investir no setor imobiliário da região.
Oito anos depois de Mark Zuckerberg fundar a empresa em um quarto da universidade de Harvard, espera-se que a estreia na bolsa valorize a gigante das redes sociais em cerca de 100 bilhões de dólares.
Enquanto Zuckerberg e outros executivos da empresa se beneficiam da companhia há anos, a entrada na bolsa poderá enriquecer, agora, grande parte de seus empregados de cargos baixos e médios.
Os corretores locais afirmam esperar que a operação será a maior deste tipo para uma empresa tecnológica e impulsione os preços já altos das habitações no Vale do Silício, quando os novos milionários da gigante das redes sociais começarem a comprar.
"Terá um grande efeito", disse Pierre Buljan, um agente imobiliário do Vale do Silício especializado em jovens executivos do ramo da tecnologia. "Acredito que os mil novos milionários precisarão de um lugar onde morar", acrescentou.
Buljan disse que seu cliente típico busca, com frequência, "estruturas modernas de alta tecnologia", próximas ao aeropuerto e em bairros cujas escolas tenham boa reputação.
"Não lhes agrada as regiões onde seus pais costumavam viver", disse.
Normalmente os clientes pagam em dinheiro as casas que podem custar entre 370 a 1.400 dólares por metro quadrado.
A agente imobiliária Dawn Thomas disse que já está observando o aumento dos preços das habitações nas áreas urbanizadas próximas à sede do Facebook em Menlo Park, uma tendência que a vendedora espera que continue. "Vamos ter um monte de milionários instantâneos na rua", disse.
Thomas descreveu seus compradores como "muito, muito preocupados com o meio ambiente", e disse, além disso, que buscam casas pequenas, bem equipadas tecnologicamente, com artigos de última geração e que façam uso eficiente da energia.
"Não querem as clássicas mansões enormes que consumem muita energia", acrescentou.
Contudo, tanto Thomas como Buljan lembraram que levará um tempo para observar o efeito real do movimento do Facebook.
No entanto, os próprios executivos da rede social poderiam estar tomando medidas para evitar um aumento desenfreado dos preços que poderia levar a outra bolha imobiliária.
Buljan afirmou que ouviu dizer que a empresa pediu a seus futuros empregados milionários que esperem algum tempo antes de comprar uma nova habitação, para evitar que acabem competindo entre si.
"São muito jovens, entre 20 e 30 anos, e a verdade é que estão recebendo bons conselhos por parte dos executivos da empresa", disse Buljan. "Não querem que (a entrada na bolsa) resulte em um monte de loucos fazendo compras", acrescentou.
É um bom aviso, concordou San Hamadeh, presidente da empresa de pesquisas financeiras PrivCo.
Hamadeh explicou que os empregados normalmente começam a vender suas participações 180 dias depois que a empresa entra na bolsa.
Mas, disse, também que recomenda aos empregados a resistir à tentação de contrair dívidas contra suas participações imediatamente depois desses seis meses.
Com ofertas anteriores, "muita gente foi prejudicada por se comprometer a pagar grandes parcelas por suas habitações" que depois não puderam pagar quando os preços das ações baixaram, acrescentou.
Por outro lado, segundo Hamadeh, as ações deveriam ser vendidas lentamente, sem esperar que os preços aumentem indefinidamente.
"Quando eles começarem a vender, todos os demais podem começar a vender", disse Hamadeh. "Entre a entrada na bolsa e os seis meses subsequentes, pode surpreender como as ações despencam às vezes", alertou.