Onde os milionários emergentes mais compram imóveis
Cada vez mais estrangeiros aproveitam a fraqueza do dólar e a força de moedas emergentes para comprar imóveis de alto padrão em metrópoles mundiais
Gabriela Ruic
Publicado em 31 de dezembro de 2013 às 10h29.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h33.
São Paulo – Algumas das principais cidades mundiais como Nova York, Paris, Londres ou Miami estão cada vez mais com cara de emergentes. Com a fraqueza do dólar e a valorização de moedas asiáticas e latino-americanas, ricaços russos, brasileiros, chineses e do mundo árabe estão aproveitando para comprar imóveis em algumas das principais capitais mundiais. Um levantamento feito pelo Wall Street Journal em cinco capitais cosmopolitas nos Estados Unidos, Europa e Ásia mostra que os números e valores estão do lado dos milionários de economias emergentes.
Na capital britânica, 65% dos compradores de imóveis já são estrangeiros, segundo levantamento realizado pela imobiliária Knight Frank. Em Miami, outra pesquisa, conduzida pela entidade de agentes imobiliários da cidade, revela que 60% dos negócios fechados no último ano tiveram estrangeiros como compradores.
Veja nas próximas páginas os mercados imobiliários favoritos dos compradores estrangeiros e o que eles levam em conta na hora de comprar um imóvel:
Na capital britânica, 65% dos compradores de imóveis já são estrangeiros, segundo levantamento realizado pela imobiliária Knight Frank. Em Miami, outra pesquisa, conduzida pela entidade de agentes imobiliários da cidade, revela que 60% dos negócios fechados no último ano tiveram estrangeiros como compradores.
Veja nas próximas páginas os mercados imobiliários favoritos dos compradores estrangeiros e o que eles levam em conta na hora de comprar um imóvel:
Segundo Jonathan Miller, CEO da consultoria Miller Samuel, compradores estrangeiros já são responsáveis por entre 15% e 20% das vendas de residências na ilha de Manhattan. Ele conta que, em sua maioria, estrangeiros emergentes buscam edifícios renovados ou recém-inaugurados de alguns milhões. No primeiro trimestre de 2011, cerca de 20% dos apartamentos novos à venda pela empresa Corcoran Group, foram comprados por ricaços estrangeiros. Uma das operações em negociação pela empresa, segundo sua CEO, Pamela Liebman, é a aquisição de 13 apartamentos, avaliados entre 1,5 e 2,5 milhões de dólares cada, por um grupo de investidores asiáticos.
Atualmente brasileiros e chineses fazem parte do seleto grupo de compradores que agora também conta com a presença cada vez mais marcante dos russos. Durante o último período de prosperidade econômica que atingiu o país nos idos de 2005, os milionários russos levaram a fama de compradores inveterados de construções opulentas e luxuosas. Isso até o estouro da crise em 2008 nos Estados Unidos. Desde então, os companheiros da revolução vermelha sentaram quietinhos no banco de reservas até que o país retomasse as rédeas da recessão e voltasse a crescer.
Quando o assunto é estilo arquitetônico, cada nacionalidade tem suas preferências. Luigi Rosabianca, advogado especializado em contratos imobiliários, diz que o edifício William Beaver, localizado no Financial District, propriedade do incorporador André Balasz, é popular entre os latinos. “Cada grupo é atraído por uma determinada estética”, explica.
No Setai Fifth Avenue, no qual apartamentos podem chegar a custar 15 milhões de dólares, praticamente a metade dos compradores são italianos e brasileiros. Giuseppe Rossi, vice-presidente da Bizzi and Partners Development, incorporadora italiana que atua em Nova York, revela que o jogador de futebol Kaká, astro do Real Madrid, também é titular no time de milionários donos de unidades no edifício. De acordo com Rossi, Kaká teria comprado dois apartamentos no local com a intenção de reformá-los e transformar tudo em uma única unidade.
Atualmente brasileiros e chineses fazem parte do seleto grupo de compradores que agora também conta com a presença cada vez mais marcante dos russos. Durante o último período de prosperidade econômica que atingiu o país nos idos de 2005, os milionários russos levaram a fama de compradores inveterados de construções opulentas e luxuosas. Isso até o estouro da crise em 2008 nos Estados Unidos. Desde então, os companheiros da revolução vermelha sentaram quietinhos no banco de reservas até que o país retomasse as rédeas da recessão e voltasse a crescer.
Quando o assunto é estilo arquitetônico, cada nacionalidade tem suas preferências. Luigi Rosabianca, advogado especializado em contratos imobiliários, diz que o edifício William Beaver, localizado no Financial District, propriedade do incorporador André Balasz, é popular entre os latinos. “Cada grupo é atraído por uma determinada estética”, explica.
No Setai Fifth Avenue, no qual apartamentos podem chegar a custar 15 milhões de dólares, praticamente a metade dos compradores são italianos e brasileiros. Giuseppe Rossi, vice-presidente da Bizzi and Partners Development, incorporadora italiana que atua em Nova York, revela que o jogador de futebol Kaká, astro do Real Madrid, também é titular no time de milionários donos de unidades no edifício. De acordo com Rossi, Kaká teria comprado dois apartamentos no local com a intenção de reformá-los e transformar tudo em uma única unidade.
O mercado imobiliário da Cidade Luz é outro que está em alta, graças ao impulso dado por compradores estrangeiros, dispostos a pagar caro pela chance de ter um pedacinho de Paris. Segundo a reportagem do WSJ, imóveis que tenham como caixa postal a área que compreende os arredores da famosa Champs-Élysées encareceram 38% nos últimos anos.
Um fluxo de compradores chineses também andam a procura de uma morada na região da 16ª arrondissement (como são conhecidas as regiões da cidade), próximo a Praça Trocadéro. Charles Marie Jottras, presidente da rede de imobiliárias Daniel Féau, conta que acabou de fechar a venda de um imóvel avaliado em 10 milhões de euros, na Avenida Georges V, com seis suítes e sala com incríveis 200 m², para um chinês.
Brasileiros também são forte presença em Paris. Jean-Philippe Roux, gerente da imobiliária de altíssimo padrão John Taylor, conta quem tem cerca de nove brasileiros interessados em imóveis localizados na 7ª e 8ª arrondissements. E o que tem de especial nessas duas regiões? Simplesmente a Torre Eiffel e a Champs Élysées. Já compradores russos ou vindos do Oriente Médio tendem a se concentrar na região mais luxuosa da capital francesa, na Avenida Champs Élysées cercada de lojas e hotéis de grife.
Um fluxo de compradores chineses também andam a procura de uma morada na região da 16ª arrondissement (como são conhecidas as regiões da cidade), próximo a Praça Trocadéro. Charles Marie Jottras, presidente da rede de imobiliárias Daniel Féau, conta que acabou de fechar a venda de um imóvel avaliado em 10 milhões de euros, na Avenida Georges V, com seis suítes e sala com incríveis 200 m², para um chinês.
Brasileiros também são forte presença em Paris. Jean-Philippe Roux, gerente da imobiliária de altíssimo padrão John Taylor, conta quem tem cerca de nove brasileiros interessados em imóveis localizados na 7ª e 8ª arrondissements. E o que tem de especial nessas duas regiões? Simplesmente a Torre Eiffel e a Champs Élysées. Já compradores russos ou vindos do Oriente Médio tendem a se concentrar na região mais luxuosa da capital francesa, na Avenida Champs Élysées cercada de lojas e hotéis de grife.
Na capital britânica, a relação entre compradores internacionais e nacionais é uma das mais altas do mundo, de acordo com Liam Bailey, diretor de pesquisa de mercado da imobiliária Knight Frank. Segundo ele, 64% dos compradores de imóveis de altíssimo padrão, aqueles cujos preços superam a cifra dos 8 milhões de dólares, são estrangeiros. A variedade de nacionalidades que procuram por imóveis em Londres é enorme e, segundo a pesquisa da Knight Frank, pessoas de 61 países diferentes foram às compras no mercado imobiliário londrino no último ano, contra cerca de 48 nacionalidades em 2009. Ainda de acordo com a Knight, a maioria deles vem do Oriente Médio, Rússia, China e Índia.
A estabilidade política e econômica do Reino Unido faz do país um refúgio seguro para que milionários de outras partes do mundo invistam no setor imobiliário londrino. A libra perdendo força frente ao dólar – desde 2008 a moeda da rainha Elizabeth já desvalorizou cerca de 20% em relação a moeda corrente dos Estados Unidos - tornam a compra de imóveis na cidade um negócio cada vez mais atrativo aos olhos dos investidores estrangeiros.
Cientes das possibilidades deste público, incorporadores lançaram campanhas de marketing bem direcionadas. Nos últimos seis meses, empreendimentos londrinos de luxo investiram pesado em ações de marketing para divulgarem seus produtos a potenciais compradores em Hong Kong e Cingapura. No fim do ano passado, o Bramah Chelsea realizou apresentações no Mandarin Oriental Hotel, em Hong Kong, durante a qual, 50 unidades do edifício de altíssimo padrão foram vendidas.
A estabilidade política e econômica do Reino Unido faz do país um refúgio seguro para que milionários de outras partes do mundo invistam no setor imobiliário londrino. A libra perdendo força frente ao dólar – desde 2008 a moeda da rainha Elizabeth já desvalorizou cerca de 20% em relação a moeda corrente dos Estados Unidos - tornam a compra de imóveis na cidade um negócio cada vez mais atrativo aos olhos dos investidores estrangeiros.
Cientes das possibilidades deste público, incorporadores lançaram campanhas de marketing bem direcionadas. Nos últimos seis meses, empreendimentos londrinos de luxo investiram pesado em ações de marketing para divulgarem seus produtos a potenciais compradores em Hong Kong e Cingapura. No fim do ano passado, o Bramah Chelsea realizou apresentações no Mandarin Oriental Hotel, em Hong Kong, durante a qual, 50 unidades do edifício de altíssimo padrão foram vendidas.
Cerca de 60% das chaves de imóveis vendidos em Miami no ano passado tiveram como destino as mãos de compradores estrangeiros, segundo números da entidade de agentes imobiliários local. Para vendas de imóveis recém-construídos, esse número pode chegar a 90%. A maioria dos compradores vem da terra brasilis. Os brasileiros aproveitaram a valorização de cerca de 40% do real em relação ao dólar para investir na compra de imóveis em Miami e região.
A Fortune International, uma das maiores imobiliárias locais, apostou pesado no potencial de compra dos brasileiros e focou neste público a estratégia de vendas do mega prédio Jade Ocean, de 50 andares. Os preços das unidades deste edifício vão de 3 a 10 milhões de dólares e 85% das vendas contam com a assinatura de compradores internacionais. Edgardo Defortuna, principal agente da Fortune, conta que, no ano passado, a imobiliária realizou uma ação conjunta com a American Airlines com foco em potenciais compradores, convidados para um jantar em Brasília.
Compradores russos focam mais na região norte da cidade e preferem imóveis de frente para o mar. Defortuna diz que está nos planos da empresa realizar uma viagem para Moscou e São Petersburgo com intenção de apresentar o portfólio de imóveis da Fortune em Miami para o público russo. Lá, de acordo com ele, um jantar realizado em parceria com Donald Trump Jr, vice-presidente do grupo comandado pelo multimilionário Donald Trump, deve ser realizado em breve.
Ao contrário dos americanos que privilegiam a compra de casas avulsas, estrangeiros tendem a procurar por prédios. Italianos tem um apreço especial pelo empreendimento Capri South Beach, localizado na praia de mesmo nome, e que conta com marina privativa. Outro edifício dominado por estrangeiros, brasileiros e britânicos em particular, é o The Icon Brickwell, um complexo residencial de três torres lançado em 2008, bem no ano da crise e que, por conta da crise econômica que atinge os Estados Unidos desde então, teve dificuldades para concretizar as vendas. Outras nacionalidades que costumam aparecer na ponta compradora do mercado imobiliário de Miami são venezuelanos, espanhóis e suíços.
A Fortune International, uma das maiores imobiliárias locais, apostou pesado no potencial de compra dos brasileiros e focou neste público a estratégia de vendas do mega prédio Jade Ocean, de 50 andares. Os preços das unidades deste edifício vão de 3 a 10 milhões de dólares e 85% das vendas contam com a assinatura de compradores internacionais. Edgardo Defortuna, principal agente da Fortune, conta que, no ano passado, a imobiliária realizou uma ação conjunta com a American Airlines com foco em potenciais compradores, convidados para um jantar em Brasília.
Compradores russos focam mais na região norte da cidade e preferem imóveis de frente para o mar. Defortuna diz que está nos planos da empresa realizar uma viagem para Moscou e São Petersburgo com intenção de apresentar o portfólio de imóveis da Fortune em Miami para o público russo. Lá, de acordo com ele, um jantar realizado em parceria com Donald Trump Jr, vice-presidente do grupo comandado pelo multimilionário Donald Trump, deve ser realizado em breve.
Ao contrário dos americanos que privilegiam a compra de casas avulsas, estrangeiros tendem a procurar por prédios. Italianos tem um apreço especial pelo empreendimento Capri South Beach, localizado na praia de mesmo nome, e que conta com marina privativa. Outro edifício dominado por estrangeiros, brasileiros e britânicos em particular, é o The Icon Brickwell, um complexo residencial de três torres lançado em 2008, bem no ano da crise e que, por conta da crise econômica que atinge os Estados Unidos desde então, teve dificuldades para concretizar as vendas. Outras nacionalidades que costumam aparecer na ponta compradora do mercado imobiliário de Miami são venezuelanos, espanhóis e suíços.
Apesar de ser uma região administrativa da China, expatriados britânicos e americanos costumavam ser os proprietários de casas milionárias na costa de Hong Kong quando a região ainda era controlada pela coroa britânica. Com a devolução do território à China e com o boom econômico do gigante asiático, os chineses começaram lentamente a reconquista a cidade.
Os preços dos imóveis em Hong Kong são considerados hoje os mais caros do mundo. Segundo a consultoria Savills, imóveis na ilha são 52% mais caros que Londres e 111% mais caros que em Nova York. O que atrai os compradores para a área, portanto, não são as oportunidades de compra geradas pelas oscilações cambiais, mas a possibilidade de fincar uma base numa das economias que mais cresce no mundo.
Os chineses se concentram em bairros com edifícios de luxo recém-lançados e que custam mais de 1,5 milhão de dólares. No setor imobiliário local, eles representaram 28,8% dos negócios realizados na primeira metade do ano passado. Na faixa de preço considerada de altíssimo padrão, ou seja, em imóveis avaliados em mais de 25 milhões de dólares, Joseph Tsang, diretor da consultoria em investimentos imobiliários Lang Lasalle, estima que praticamente todas as operações envolvam compradores chineses.
Os preços dos imóveis em Hong Kong são considerados hoje os mais caros do mundo. Segundo a consultoria Savills, imóveis na ilha são 52% mais caros que Londres e 111% mais caros que em Nova York. O que atrai os compradores para a área, portanto, não são as oportunidades de compra geradas pelas oscilações cambiais, mas a possibilidade de fincar uma base numa das economias que mais cresce no mundo.
Os chineses se concentram em bairros com edifícios de luxo recém-lançados e que custam mais de 1,5 milhão de dólares. No setor imobiliário local, eles representaram 28,8% dos negócios realizados na primeira metade do ano passado. Na faixa de preço considerada de altíssimo padrão, ou seja, em imóveis avaliados em mais de 25 milhões de dólares, Joseph Tsang, diretor da consultoria em investimentos imobiliários Lang Lasalle, estima que praticamente todas as operações envolvam compradores chineses.
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