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Construtoras ainda veem com cautela cenário para 2017

A queda da taxa básica de juro e as medidas recentemente anunciadas pelo governo federal ainda não surtiram o efeito desejado no setor imobiliário

"Nosso cenário para 2017 é de que as coisas serão duras", afirmou o co-presidente da Cyrela, Raphael Horn (Germano Luders/Exame)
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Reuters

Publicado em 24 de março de 2017 às 16h32.

São Paulo - A queda da taxa básica de juro e as medidas recentemente anunciadas pelo governo federal ainda não surtiram o efeito desejado no setor imobiliário e as companhias devem seguir cautelosas para 2017.

De modo geral, construtoras e incorporadoras sinalizam uma estratégia mais focada em reduzir estoques que em lançar novos empreendimentos, enquanto aguardam um desfecho das negociações para regulamentação da situação de cancelamento de contratos de venda, o chamado distrato.

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O setor vem dialogando há meses com entidades de defesa do consumidor e representantes do ministério do Planejamento os direitos e obrigações de compradores e empresas em caso de cancelamento do contrato.

"Nosso cenário para 2017 é de que as coisas serão duras", afirmou o co-presidente da Cyrela, Raphael Horn, durante teleconferência sobre os resultados trimestrais, nesta sexta-feira.

A expectativa da empresa é de que os distratos sigam em níveis elevados no primeiro trimestre, o que deve comprometer a sua capacidade de geração de caixa e lucratividade.

No ano passado, as vendas canceladas atingiram um recorde histórico, provocando queda 66 por cento no lucro líquido anual da Cyrela.

E a maior incorporadora de imóveis para média e alta renda no país só vê melhora nesses indicadores a partir de 2018.

"Mágicas não são esperadas do lado dos distratos porque a dinâmica econômica não é suficiente para uma guinada", afirmou.

Por esse motivo, a Cyrela deve manter os lançamentos em nível similar ao de 2016, quando iniciou 32 projetos em seus principais mercados, com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro.

Já a Gafisa planeja intensificar os esforços para venda de estoques no primeiro semestre, deixando os lançamentos mais para o fim do ano, de acordo com o diretor financeiro do grupo, André Bergstein.

Em relação aos distratos, contudo, Bergstein ressaltou que a sinalização é positiva.

No quarto trimestre, os distratos da Gafisa totalizaram 100 milhões de reais, menor nível em 24 meses. No mesmo período de 2015, os distratos haviam somado 125 milhões.

"A redução de juro que já aconteceu e a que vem sendo precificada são indutores de otimismo do consumidor, o que nos leva a crer em um ano de distrato mais controlado", afirmou o executivo da Gafisa.

Mas o diretor de Relações com Investidores e Finanças Estruturadas da Cyrela, Paulo Gonçalves, alerta que os bancos ainda não baixaram as taxas dos empréstimos residenciais e que as iniciativas do governo federal para destravar o crédito ainda não surtiram efeito.

"Não impulsionou como gostaríamos", disse.

Em 6 de fevereiro, o Ministério das Cidades elevou os limites de renda das famílias e o valor máximo dos imóveis financiados pelo Minha Casa Minha Vida (MCMV).

Dias depois, o Conselho Monetário Nacional (CMN) elevou para 1,5 milhão de reais o teto para financiamento residencial com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FTGS).

Nesta sexta-feira, o Ministério das Cidades anunciou novos critérios de seleção para a faixa 1 do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV), que atende a famílias com renda mensal até 1.800 reais.

O programa agora passa a contemplar municípios com população inferior a 50 mil habitantes, segundo comunicado do governo federal.

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