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‘Agora, o Morumbi será nobre’: conheça a incorporadora que quer trazer ao bairro uma função social

A incorporadora Sindona foca em empreendimento de alto padrão, mas voltado para pessoas de renda mais baixa

Morumbi: Bruno Sindona, CEO da incorporadora Sindona, deseja trazer uma função social ao bairro (Sindona/Divulgação)
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 20 de julho de 2024 às 07h15.

O estádio de futebol do time São Paulo, o renomado Hospital Israelita Albert Einstein e o Condomínio Penthouse, palco de grandes novelas da televisão brasileira, se unem para formar a história do Morumbi. A região é considerada um dos bairros mais nobres da capital paulista, com apartamentos luxuosos de mais de 350 m² e mansões de famosos como a de Silvio Santos. No entanto, a sombra do luxo também se encontra com a realidade de Paraisópolis, uma das maiores comunidades de São Paulo, que traz à tona a grande problemática da desigualdade social.

Entre os cenários extremos, uma incorporadora chega para mudar a história do Morumbi: nem moradias inadequadas para a população de baixa renda, nem mansões luxuosas apenas para um grupo seleto.A Sindona, incorporadora criada pelo empresário Bruno Sindona, acaba de inaugurar um empreendimento de alto padrão, focado em pessoas de renda mais baixa.“Agora o Morumbi será um bairro nobre, porque agora ele terá uma função social nobre.”

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Construído em um terreno de 5.036 m², o condomínio “Sin! Morumbi”, para o CEO da incorporadora, faz uma alusão a “um grito de pertencimento” de que as pessoas de classes mais baixas podem, sim, usufruir de tudo o que um bairro considerado nobre oferece. Isso porque, de acordo com Bruno, o Morumbi tem ótimos serviços públicos, como postos de saúde e creches, mas que estão sendo fechados porque não há demanda. Ao mesmo tempo na periferia, esses serviços transbordam.

“A cidade não consegue chegar nos extremos, e as pessoas não conseguem chegar onde esses serviços estão porque moram longe. Então o projeto do Morumbi é o início de provar uma tese que a gente consegue trazer as pessoas da periferia para viver em bairros de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) melhor”, afirma.

O empreendimento

Localizado na rua Clodomiro de Oliveira, 780, em São Paulo, o empreendimento tem 329 unidades, sendo 218 com 38 m² e 111 com 40 m². Até o momento, 70 unidades já foram vendidas. O condomínio conta com 237 vagas de carros, 34 de motos e mais 134 vagas de bicicletas.Possui piscina adulta e infantil, quadra, praça de convivência, salão de festas, pet place, coworking, mini mercados, playground, churrasqueira, academia, crossfits, espaço para fogueira e brinquedoteca.

Planta 3D do projeto do Morumbi da incorporadora Sindona (Sindona/Reprodução)

Para conseguir construir tudo isso, Bruno conta que não é necessário um alto gasto mas, sim, uma estratégia financeira e um olhar humanizado. “O custo de um empreendimento no Morumbi do ‘Minha Casa, Minha Vida’ é em torno de R$ 70 milhões. Se você separar R$ 2 milhões, você consegue oferecer essa infraestrutura. A questão de luxo não é financeira, é sobre autoestima e status. Por isso nós usamos o mesmo termo, luxo, porque a gente entrega essa autoestima.”

Sobre a segurança, Bruno comenta que o contexto tem que ser analisado: “Tem gente que fala que o Morumbi é inseguro, mas quando vai ver, mora no Itaim Bibi. Mas e para quem mora no Campo Limpo, será que o Morumbi é tão inseguro assim? Tem que ver a lógica de comparação.”

A incorporadora trabalha com o público da faixa 2 do ‘Minha Casa, Minha Vida’, cujo o teto dos imóveis é R$ 264 mil e a renda bruta familiar mensal precisa ser entre R$ 2.640,01 a R$ 4.400. Por meio do programa, os compradores conseguem subsídios do governo maior e taxas de financiamento menores. Por conta disso, Marlon Vilasboas, diretor comercial da Sindona, explica que o público atraído são jovens entre 27 a 35 anos. “Nós traçamos um perfil de compra dos interessados no empreendimento do Morumbi e são esses jovens de regiões mais defasadas.”

Da periferia de Osasco, a CEO da incorporadora de impacto social

O projeto do Morumbi está intimamente ligado à história de Bruno.Nascido na periferia de Osasco, o acesso a ambientes de cultura, lazer e emprego não eram tão simples quanto para as pessoas que moravam próximas aos grandes centros urbanos.“Periferia é mais do que uma localização geográfica”, afirma. Após um problema familiar com a venda de um terreno, Bruno decidiu mudar sua história de desafios com moradias e estudar sobre construção civil e empreendimentos.

Anos depois, fundou a Sindona. Em 2008, foi lançado o primeiro empreendimento com 32 unidades, duas ruas acima da sua casa em Osasco. De lá para cá, a Sindona fez mais de 1,2 mil unidades e tem outras 3 mil em desenvolvimento. Segundo Bruno, a diferença da incorporadora é o olhar humanizado que ela traz. “A Sindona busca através do desenvolvimento imobiliário proporcionar o desenvolvimento humano.”Até o final do ano, a empresa pretende lançar mais um empreendimento, somando quatro no total, no valor de R$ 420 milhões - com o Morumbi representando R$ 110 milhões.

E o projeto do Morumbi é justamente mais um case sobre levar qualidade de vida e bem-estar para esse público. Como explica Bruno, estar perto dos centros urbanos não é só questão de status, é sobre qualidade de vida. “Vamos falar de uma auxiliar de enfermagem que mora na periferia e agora vai comprar o imóvel no Morumbi. Ao invés dela levar duas horas para trabalhar, ela vai levar meia hora. A vida dela foi transformada, ela ganhou uma hora e meia a mais para passar com o filho, para passear ou para estudar. É uma hora e meia que ela pode sair de auxiliar de enfermagem para enfermeira.”

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