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YouTube não muda nada, mas ainda assim é acusado de censura

No YouTube, onde um vlogger alcança milhões de pessoas com seus vídeos, uma mudança mal comunicada se transforma facilmente no fim do mundo

Philip DeFranco: o youtuber publicou um vídeo sobre a polêmica (Reprodução / YouTube)

Luísa Granato

Publicado em 26 de setembro de 2016 às 11h00.

Última atualização em 28 de novembro de 2016 às 17h38.

São Paulo - Mudanças podem não ser bem recebidas na vida real, mas, na internet, qualquer coisa pode tomar proporções gigantescas.

No YouTube , onde um vlogger alcança milhões de pessoas com seus vídeos , uma mudança mal comunicada se transforma facilmente no fim do mundo.

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Recentemente, aconteceu exatamente isso, com direito a hashtag (#Youtubeoverparty) e acusações de censura contra a plataforma partindo dos fãs e criadores.

Tudo começou quando criadores receberam notificações informando que alguns de seus vídeos não seriam mais monetizados por não serem "amigáveis para publicidade ".

Logo, a polêmica tomou novas dimensões quando o youtuber Philip DeFranco (com mais de quatro milhões de seguidores) publicou um vídeo chamado "YouTube está fechando meu canal e eu não sei o que fazer":

https://youtube.com/watch?v=Gbph5or0NuM

Ele conta que diversos vídeos seus não receberiam mais dinheiro da publicidade e a justificativa seria o uso de linguagem forte ou abordagem de temas sensíveis.

Sua preocupação é justificada, afinal, Philip, assim como muitos outros, vive dos vídeos que produz, com a publicidade, venda de produtos e visualizações.

A criadora Rowan Ellis não tem o mesmo alcance, com 11 mil seguidores, mas recebeu um aviso como o de Philip DeFranco em um vídeo sobre a história LGBTQ. O comunicado alegava que seu vídeo continha "linguagem forte excessiva".

A maioria de seus vídeos tratam sobre a causa LGBTQ, falando sobre direitos e a violência sofrida pela comunidade, como no caso do massacre na boate gay de Orlando.

Além de ficar incomodado por não poder usar palavrões, ele questiona como vídeos que comentam notícias e política, explicam desastres e pedem doações para causas vão poder lucrar na plataforma, uma vez que não se adequam às diretrizes da comunidade.

A preocupação principal era de que o conteúdo dos canais fossem afetado pelo interesses dos anunciantes, trazendo uma censura para a plataforma que, até então, parecia completamente livre.


(Reprodução)

O que a comunidade online não tinha entendido é que não houve uma mudança na relação entre a publicidade e os criadores, nem nas políticas do YouTube.

A mudança foi na comunicação e transparência da empresa com seus parceiros de conteúdo.

As regras para publicar no site e usufruir da rentabilidade com a publicidade continuam as mesmas de sempre, e essas dão o direito da empresa de retirar a monetização dos conteúdos que considera impróprios dentro do seu guia de "boa convivência".

Agora, os usuários recebem um e-mail avisando que isso aconteceu e podem pedir que a ação seja revisada.

"A notificação é para deixar isso mais claro para os criadores", explica Eduardo Brandini, diretor de conteúdo do YouTube Brasil. O principal da iniciativa era abrir a ferramenta e dar chance para que eles contestem a decisão de retirar a monetização.

Constantemente, são 500 horas de vídeo por minuto que são subidos na plataforma. Ao mesmo tempo, um algoritmo roda em tempo real, fiscalizando se esse conteúdo é seguro e, também, barrando pornografia e pirataria.

Dessa quantidade massiva, a margem de erro para vídeos indevidamente acusados de violar as diretrizes é de apenas 1%.

"O algoritmo pode ser conservador", explica Brandini. "Abrindo essa ferramenta para a comunidade, os vídeos vetados poderão ser revisados por humanos e o algoritmo pode aprender".

Após entender o que realmente estava acontecendo, os criadores ainda se preocupam que exista uma abertura para que o YouTube se torne mais conservador com o conteúdo permitido.

No meio do drama todo, o youtuber brasileiro Felipe Neto (com o alcance de seis milhões de seguidores) pediu calma.

Em seu típico vídeo de humor "PROIBIRAM PALAVRÕES NO YOUTUBE!!!" (aliás, ironicamente ele é repleto de palavrões), ele também conta sua preocupação com a mudança.

Porém, ele mostra uma visão menos catastrófica da situação, dando uma pequena aula sobre a diferença da publicidade na televisão e no YouTube.

Ele explica, em outras palavras, o que o diretor do YouTube Brasil defende: as diretrizes são um guia de comportamento para que a comunidade do site seja mais segura, e não proibições literais.

https://youtube.com/watch?v=b5o7lmtWbKw

Hoje, os criadores têm liberdade para inovar no seu conteúdo e o YouTube dá a chance para que seja um negócio lucrativo.

Porém, eles ainda precisam de regras para passar confiança aos seus usuários e também aos anunciantes.

"Ainda existem falhas, mas o YouTube continua sendo uma plataforma democrática", diz Eduardo Brandini.

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