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Vendas diretas estão em alta

Grande vantagem nesse mercado é o relacionamento criado entre marca – representada pelos chamados revendedores, consultores ou representantes – e consumidor

Venda direta conta com profissionais de todos os perfis, independente da idade e do sexo, que têm em comum a vontade de empreender (Divulgação/Avon)
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Da Redação

Publicado em 1 de março de 2011 às 09h54.

Rio de Janeiro - O setor de vendas diretas atrai cada vez mais empresas. Apesar do principal segmento ainda ser o de cosméticos, com gigantes como Avon e Natura, é possível encontrar marcas de categorias diversas, como bebidas, alimentos funcionais e até mesmo colchões. O aquecimento do setor, que tem mantido um crescimento de dois dígitos nos últimos 10 anos, também impulsiona o surgimento de novos players.

É o caso do Grupo Boticário, que anunciou recentemente o lançamento da marca Eudora, de olho num mercado que cresceu 17,2% em 2010, acumulando um faturamento de R$ 26 bilhões no período, segundo dados da Associação Brasileira de Vendas Diretas (ABVED). Apesar de ter como principal target os consumidores da classe C, as marcas que investem no setor acabam por atrair os mais diferentes perfis de clientes.

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Um dos principais diferenciais do canal é também um exemplo a ser seguido pela indústria e pelo varejo, de forma geral. A palavra de ordem na venda direta é “relacionamento”, que se desenvolve fortemente entre marca – representada pelos chamados revendedores, consultores ou representantes – e consumidor. Para isso, as empresas investem fortemente em estratégias de treinamento e capacitação.

Relacionamento em cadeia

Entre os mecanismos adotados estão, principalmente, a realização de eventos, reuniões de negócios, conferências, seminários e programas de incentivo. Independente da estratégia adotada, o importante é transmitir para o revendedor a cultura da marca e dar base para que ele seja o melhor amigo do cliente na hora da compra, orientando e passando todas as informações necessárias sobre os produtos.

“A venda direta é uma venda por relacionamento. Uma cadeia em que todo mundo confia na indicação de outra pessoa. Esse é o segredo do sucesso”, conta Roberta Kuruzu, diretora executiva da ABEVD. Hoje em terceiro lugar no ranking mundial, ultrapassado apenas por Estados Unidos e Japão, o Brasil tem se mostrado um terreno fértil para quem quer investir no canal.

Em parte, a evolução do setor se deve à desmistificação de alguns preconceitos comuns à área. Um deles é a questão da informalidade. Os profissionais evitam, inclusive, o velho termo “porta a porta” para que os consumidores não confundam e entendam que os produtos oferecidos têm qualidade certificada e procedência conhecida.

Oportunidade para empreender

O crescimento do setor das vendas diretas também não está atrelado apenas a períodos de crise econômica, como se costumava pensar no passado. “Antes, o chefe de família perdia o emprego, por exemplo, e entrava no modelo de negócios. Numa emergência, as pessoas acabavam optando por isso. Mas ao longo dos anos temos visto que não é bem assim. Mesmo em períodos estáveis, continuamos crescendo. Não se pode mais atribuir que a venda direta vem amenizar problemas econômicos”, explica Roberta.

O modelo, no entanto, é sem dúvida uma importante fonte de renda para as famílias. No último ano, as vendas diretas foram responsáveis pela geração ou complementação de renda para 2,74 milhões de brasileiros, uma soma 12,2% superior a 2009. Já em relação à produtividade média dos revendedores em atividade em 2010, o crescimento foi de 4,4% comparado ao período anterior.

Mas de forma geral, a venda direta conta com profissionais de todos os perfis, independente da idade e do sexo, que têm em comum a vontade de empreender. “A venda direta como um todo atrai pessoas empreendedoras, é um negócio independente. No caso da MonaVie, mais da metade dos revendedores está entre 25 e 35 anos. Temos também distribuidores entre 35 e 50 anos, pessoas dinâmicas, das mais diferentes formações, desde frentista de posto a empresários, donas de casa, advogados e engenheiros”, explica Mauricio Patrocínio, diretor geral da MonaVie no Brasil.


Produtos exclusivos para os brasileiros

A empresa de bebidas norte-americana chegou ao Brasil em 2008, coincidentemente ou não, com produtos à base de matérias-primas tipicamente nacionais, como açaí e cupuaçu. Presente hoje em mais de 15 países, o principal mercado da MonaVie ainda é o Estados Unidos. Nos três primeiros anos, as vendas da empresa somaram US$ 1 bilhão no mundo, mas a expectativa é que nos próximos 20 anos o faturamento global chegue a US$ 20 bilhões e que o mercado da América Latina seja responsável por pelo menos US$ 5 bilhões.

Para isso, a MonaVie investe em produtos exclusivos para os consumidores brasileiros. Dos quatro itens do portfólio, o MonaVie Original – bebida que mistura 19 frutas diferentes – e o MonaVie Active com Colágeno são responsáveis por praticamente 80% das vendas. O energético MonaVie EMV e o MonaVie Nuit, no entanto, tiveram suas fórmulas pensadas para o mercado nacional e ajudaram a impulsionar o crescimento de 70% nas vendas da operação brasileira em 2010.

Para a veterana Herbalife, o Brasil também é um importante mercado. A empresa – presente em 75 países – nasceu há três décadas em Los Angeles e há 15 anos chegou por aqui. No ranking de vendas global, o mercado brasileiro ocupa o quarto lugar, atrás de Estados Unidos, México e Coreia.

“As vendas diretas crescem acima da economia brasileira, por isso vemos a entrada de outras empresas no segmento. A Herbalife é líder em produtos de nutrição no setor, vemos um potencial de crescimento muito grande. Por isso estamos reforçando nossa atuação em todas as regiões brasileiras, sem focar nenhum local específico”, diz Lilian Yoshisaki, gerente sênior de marketing da Herbalife.

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