Gabriela Rodrigues, CIO na Droga5: reflexão sobre como marcas deixam de só vender para construir valor real na vida das pessoas. (Jordan Vilas)
Redação Exame
Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 16h08.
Última atualização em 2 de dezembro de 2025 às 16h09.
*Por Gabriela Rodrigues
No passado, uma boa estratégia de marketing se resumia a vender a marca da melhor forma possível. A equação era simples: um bom produto + preço atrativo + distribuição que o tornasse acessível + uma comunicação chamativa.
Mas o cenário mudou. A concorrência hoje vai muito além da categoria, os estímulos envolvem múltiplas telas, a atenção está fragmentada e o engajamento do público se tornou mais qualificado, com novas variáveis como o alinhamento da marca a valores pessoais e sua contribuição real para um mundo melhor.
Passamos de fase no jogo e precisamos de novas estratégias.
A boa notícia é que há algo pouco falado na comunicação e muito conhecido na neurociência que pode ajudar: qualquer disputa por atenção e relevância não é uma competição racional, mas uma batalha por nossos instintos mais básicos e emocionais.
Competimos para ver quem mexe mais com as pessoas. E em um cenário de tantas crises (ambientais, políticas, sociais, etc.) como o que estamos vivendo, mexer com as pessoas significa ajudá-las a criar um mundo melhor para si e para os outros, seja em esferas mais profundas ou mais sutis.
E é aí que chegamos ao título desse texto: é preciso transformar empresas vendedoras em construtoras, capazes de oferecer produtos de alto valor agregado, que ajudem as pessoas a serem melhores, que levem a sociedade mais longe e/ou que sejam parte da solução para os problemas que estamos vivendo.
Uma mudança que pode parecer sutil, mas que pede dos profissionais de marketing uma abertura vulnerável ao novo e um espaço maior para testes e revisões.
Nesse sentido, é importante que as empresas revisem seus propósitos e a razão de existir de suas marcas e os atualizem, se necessário, para que continuem fazendo sentido hoje.
Em seguida, é fundamental tangibilizar esse propósito da melhor forma, seja ao repensar ingredientes, embalagens, portfólio ou cadeia de valor, garantindo que toda a história se sustente. Por fim, cada propósito pode se desdobrar em uma conversa emocional com a sociedade, lembrando que a emoção também se expressa pelo humor e pelo riso.
Não vou fingir que é simples fazer tudo isso, então é estratégico respeitar o tempo das coisas, mas também criar um plano com prazo, fases, papéis, responsáveis e metas reais. Dando um passo por vez, a "alma do negócio" fará ainda mais sentido.
Tudo é uma questão de construção e, nesse sentido, coragem de mudar é o primeiro bloco.