Blockbuster no filme "Capitã Marvel": nostalgia dos anos 1990 (Frame/Filme Captain Marvel/Reprodução)
Guilherme Dearo
Publicado em 13 de março de 2019 às 09h00.
Última atualização em 13 de março de 2019 às 09h00.
São Paulo - O filme "Capitã Marvel", mais nova produção de super-herói dos quadrinhos da Disney e Marvel Studios, ganhou críticas mornas, mas seu sucesso nas bilheterias é, até agora, inegável. O filme, estrelado pela ganhadora do Oscar Brie Larson, abocanhou mais de 150 milhões de dólares nos EUA em seu fim de semana de estreia e estimados 445 milhões de dólares globalmente.
O filme se passa em 1995 e, como não podia deixar de ser, vários detalhes da época foram colocados na história. Como um "internet cafe", por exemplo: a boa e velha lan house com PCs de monitores de tubo amarelados. Mas a presença de uma marca na tela chamou a atenção e provocou aprovações nostálgicas da audiência: a Blockbuster Video.
Marca americana icônica dos anos 1990, a Blockbuster reinou suprema por anos enquanto ainda havia lógica em ir a uma loja alugar fitas VHS (depois, DVDs). No seu auge, em 2004, tinha mais de nove mil lojas no mundo e empregava diretamente mais de 84 mil pessoas. A crise atingiu a empresa em tempos de popularização da internet e downloads. A derrocada final aconteceu em 2013, quando as 300 lojas que a empresa possuía fecharam. Naquele momento, o streaming e a poderosa Netflix já eram uma realidade.
Hoje, apenas uma loja da Blockbuster, franqueada, resiste. Ela fica na pequena cidade de Bend, no estado americano de Oregon. Tamanha peculiaridade virou atração turística. Esse mês, fechou na Austrália a única outra loja além da de Oregon que resistia aos tempos de Netflix, Hulu e Amazon Prime Video. A loja de Bend resiste graças ao público fiel da cidade de 100 mil habitantes. Uma mensalidade do serviço custa 30 dólares.
A derrota atual da empresa contrasta com a dominação da cultura americana nos anos 1990. Além de ter milhares de locais nos Estados Unidos, em 1995 ela tinha sido recentemente vendida à Viacom por 8,4 bilhões de dólares, mostrando seu poder de marca. Assim, nada mais lógico tal referência aparecer no filme da Marvel.
Para recriar a loja, os produtores do filme acharam uma locação em Los Angeles, em um pequeno shopping de rua construído nos anos 1970. Dentro da loja, o cenário foi preenchido com cinco mil fitas de VHS antigas.
Nos Estados Unidos, a imprensa não encontrou ligação entre a presença da marca no filme e algum tipo de acordo - o que é comum em qualquer filme, o chamado "product placement", quando uma marca paga para, discretamente ou não, aparecer em algum filme ou episódio de série. Por enquanto, a menção à marca foi apenas uma maneira de deixar os anos 1990 do universo Marvel perfeitamente verossímeis.