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Febre do MMA prejudica boxe do Brasil, diz campeão mundial

Everton Lopes é a grande aposta do Brasil para conquistar uma medalha em Londres, na categoria do boxe, e não tem qualquer patrocínio pessoal

Diferente: Anderson Silva, o maior lutador de MMA da atualidade e campeão do peso-médio do UFC, é garoto-propaganda de marcas como Nike, Burger King e Philips (Divulgação/Anderson Silva)

Diferente: Anderson Silva, o maior lutador de MMA da atualidade e campeão do peso-médio do UFC, é garoto-propaganda de marcas como Nike, Burger King e Philips (Divulgação/Anderson Silva)

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Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2012 às 08h20.

Última atualização em 28 de maio de 2020 às 15h31.

Londres - O Brasil é o país com o maior número de campeões mundiais e possivelmente de praticantes de MMA no mundo. Enquanto isso, o boxe vive um jejum desde 1968 em busca de um pódio em Olimpíada.

O pugilista Everton Lopes, atual campeão mundial dos meio-médio ligeiros (até 64kg) e grande aposta do Brasil para conquistar uma medalha nos Jogos de Londres, vive com recursos de um programa do governo federal e fez sua preparação para a Olimpíada sem qualquer patrocínio pessoal.

Anderson Silva, o maior lutador de MMA (sigla em inglês para Artes Marciais Mistas) da atualidade e campeão do peso-médio do UFC, o principal campeonato mundial da modalidade, é garoto-propaganda de marcas como Nike, Burger King e Philips e vive com sua família dividido entre duas mansões, uma no Rio de Janeiro e outra na Califórnia.

As diferenças entre dois atletas de ponta de suas categorias reflete exatamente os mundos opostos vividos pelas modalidades.

"Hoje em dia o MMA no Brasil tomou a posse do boxe através do público, através do financeiro, através até da personalidade do atleta. Dá mais ânimo você olhar um cara do MMA fazendo aquele esporte do que você olhar para o boxe", disse Everton em entrevista à Reuters em Londres, onde espera conquistar uma medalha para finalmente obter patrocínio e comprar uma casa para a mãe.

"Com certeza faz bastante falta uma exposição maior do boxe. Me alegra quando eu chego na minha cidade e alguém me reconhece diz que é meu fã, isso que me dá motivação para continuar", afirmou o baiano, de 23 anos, nascido em Salvador e que atualmente vive em São Paulo.

"Poderia ter mais atleta lutando boxe no Brasil, mas o MMA tira muita gente do boxe", acrescentou.

Everton, que já teve que trabalhar como lavador de carros e empacotador de supermercado para custear os treinos, conquistou o inédito título de campeão mundial para o Brasil no ano passado, em Baku, no Azerbaijão.

A vitória o credenciou com um dos favoritos ao ouro na Olimpíada de Londres. Desde o bronze conquistado por Servílio de Oliveira no Jogos da Cidade do México, em 1968, o Brasil nunca mais voltou ao pódio no boxe em uma Olimpíada.


Dois dos três pugilistas do Brasil que já estrearam em Londres foram derrotados logo na primeira luta --Robson Conceição e Mike Carvalho-- e os brasileiros reclamaram de um favorecimento dos árbitros ao lutador da casa Josh Taylor no combate contra Conceição.

Segundo Everton, o Brasil costuma sofrer no ringue por ser um país sem tradição no esporte, mas os pugilistas brasileiros têm buscado formas de mudar essa situação.

"A Europa tem tradição no boxe, e como na América são poucos que têm tradição, só Estados Unidos e Cuba, eles (juízes) olham diferente para a gente", disse Everton, após assistir com os outros pugilistas do Brasil às derrotas de Conceição e Carvalho, na noite de domingo.

"Mas a gente está mudando, buscando nossa movimentação, nossa velocidade, para que o juiz veja que não são só esses países e que a gente também tem potencial e condições de chegar na Olimpíada e buscar a medalha." Everton vai estrear nos Jogos no dia 4 de agosto, contra um adversário ainda a ser definido. Como atual campeão do mundo, ele entra na disputa direto na fase de oitavas de final.

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