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Exclusivo: Chevrolet desconhece como Salles teve acesso antecipado a vídeo

EXAME questionou MMA sobre como o ministro teve acesso à propaganda antes da marca divulgá-la oficialmente em seus canais digitais, mas não obteve resposta

Controvérsia: Salles divulgou propaganda antes da marca (Montagem/Exame)

Controvérsia: Salles divulgou propaganda antes da marca (Montagem/Exame)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 30 de julho de 2019 às 12h23.

Última atualização em 30 de julho de 2019 às 13h13.

São Paulo - A fabricante de carros Chevrolet disse a EXAME que desconhece como o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, teve acesso em primeira mão ao vídeo da nova campanha publicitária da marca. Salles publicou a propaganda em seu perfil no Twitter na manhã de sábado (27). A marca, porém, só divulgou o vídeo publicitário nos seus canais digitais horas depois. No domingo, o vídeo foi ao ar na TV.

A campanha promocional do Chevrolet S10 2020 destaca a importância da produção agrícola no Brasil e critica quem "adora reclamar". No tuíte de de Salles, registrado às 9h05 de sábado, o ministro comenta: "Recebi essa propaganda, que enaltece o Brasil e espanta o mau humor. Chega de sandália de couro e sunga de crochet... daqui para a frente, só de Chevrolet .... kkk".

Em seus canais oficiais no Twitter, Facebook, Instagram e YouTube, a Chevrolet só divulgou a propaganda depois das 14h daquele dia (embora não conste o horário de publicação do vídeo postado pela marca em seu canal no YouTube, foi possível verificá-lo com ajuda da ferramenta de extração de metadados da Anistia Internacional "Youtube DataViewer"). 

A empresa disse a EXAME que não compartilhou o vídeo com o ministro e que a "GM/Chevrolet não se envolve em questões de cunho politico". A empresa explicou, ainda, que costuma compartilhar as ações da marca em primeira mão com funcionários e rede de concessionárias e que não tem controle sobre as consequências dessa distribuição.

"Como em todas as campanhas da Chevrolet, nós distribuímos em primeira mão para nossos públicos mais próximos como empregados e rede de concessionárias, por exemplo. Estes, por sua vez, têm todo o direito de multiplicar este conteúdo e, a partir daí, não temos controle sobre essa distribuição", explicou a empresa.

A reportagem contatou a assessoria de comunicação do Ministério do Meio Ambiente para saber como o ministro Ricardo Salles teve acesso ao vídeo publicitário antes da Chevrolet divulgá-lo oficialmente nos canais da marca, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

Em entrevista à Folha no sábado (27), Salles disse não ver conflito de interesse na sua atitude uma vez que o post foi feito por meio de sua conta privada no Twitter. Na conta citada (@rsallesmma), Salles se identifica como Ministro do Meio Ambiente e possui mais de 180 mil seguidores. O vídeo da Chevrolet já foi visto por mais de 800  mil pessoas no perfil do ministro. 

Na esteira do post de Salles, muitos internautas criticaram o ministro, argumentando que haveria conflito de interesse na atitude do agente público divulgar publicidade de empresa privada e que isso feria o princípio da impessoalidade previsto no artigo 37 da Constituição Federal.

Alguns acusaram a propaganda de ser "pró-governista" e outros elogiaram o vídeo pela mensagem de valorização do campo. A propaganda da Chevrolet foi produzida pela Commonwealth//McCann, agência exclusiva criada pela montadora. Baseada no conceito #FeitaPraQuemFaz, a campanha enaltece os trabalhadores do campo e profissionais do agronegócio.

“Tem gente que adora reclamar. Reclama da crise, do País dos políticos, do jeito que se protege a produção, mas também reclama quando ela não chega boa no mercado”, inicia o narrador, que passa a defender o aumento da produção no campo.

“Tem é que produzir mais leite, criar mais gado, plantar melhor e colher mais para continuar botando comida na boca dos brasileiros“, diz e completa: “Sempre vão ter aqueles que vão reclamar, mas no que depender da gente, do campo, vão reclamar de boca cheia.”

A marca justificou a abordagem da campanha centrada no campo. "O setor do agronegócio, que é responsável por mais e 20% do PIB nacional, muitas vezes não se sente reconhecido, sendo alvo constante de críticas. Partindo desse princípio, a campanha integrada traz discussões atuais, mas mostrando o ponto de vista do trabalhador do campo, valorizando o seu trabalho e estilo de vida", disse à EXAME.

 

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