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Um antídoto para o burnout: tempo, emoção e propósito na liderança

Ernesto Maceiras explica como o diagnóstico inesperado de burnout o fez compreender como integrar gestão do tempo, inteligência emocional e senso de propósito

A gestão eficaz do tempo começa com autoconsciência:  É preciso reconhecer a importância de pausas para organizar as ideias, definir prioridades e recarregar as energias. (Emmanuel Faure/Getty Images)

A gestão eficaz do tempo começa com autoconsciência: É preciso reconhecer a importância de pausas para organizar as ideias, definir prioridades e recarregar as energias. (Emmanuel Faure/Getty Images)

Publicado em 25 de março de 2024 às 17h02.

Um homem sábio me disse uma vez: “Se você não tirar um descanso, seu corpo o fará por você. E, provavelmente, não será em um momento conveniente.”

Era um dia de semana típico, mais intenso do que o usual. Eu estava acumulando funções devido a uma transição de liderança na área comercial, pulando de reunião em reunião, até mesmo no carro enquanto me deslocava de um cliente a outro.

De repente, comecei a experimentar uma sensação de tontura, um tremor inusitado nas mãos e certa dificuldade para respirar. Assustado, procurei atendimento médico prontamente. O diagnóstico foi uma palavra familiar, mas até então não vivenciada por mim: os primeiros sinais de burnout.

Acostumado a solucionar problemas, decidi aplicar as mesmas metodologias que uso no dia a dia. Sou curioso por natureza e valorizo o poder da indagação, que ilumina nosso caminho, guiando-nos até a causa raiz.

Percebi que, muitas vezes, subestimamos o poder de repetir a pergunta: “Por quê?”. Quanto mais eu a repetia, mais ela me orientava. Nem sempre apreciava as respostas, mas respeitava o processo com disciplina e consistência, esforçando-me para ser coerente com o que espero da minha equipe.

As causas do meu burnout

Nesse processo, identifiquei três adversários: a ansiedade, a desconexão (comigo mesmo e com os outros) e a falta de realização pessoal.

Na busca por antídotos, compreendi que a liderança requer mais do que apenas pensamento estratégico e habilidades decisórias. Ela exige um profundo entendimento sobre gestão do tempo, inteligência emocional e um claro senso de propósito.

Esses pilares são fundamentais na liderança consciente, atuando como bússolas para navegar pelas complexidades do ambiente corporativo moderno — e na vida.

Como evitar o burnout

A gestão eficaz do tempo começa com autoconsciência. É vital lembrar de nos priorizarmos em nossas agendas. Reconhecer a importância de pausas para organizar as ideias, definir prioridades e recarregar as energias é crucial. Questionar-se: “Minhas atividades diárias estão alinhadas com meus objetivos de longo prazo?” ajuda a distinguir entre ocupação desnecessária e produtividade autêntica.

Planejadores digitais e gerenciadores de tarefas são úteis, mas seu verdadeiro valor emerge quando os integrarmos com práticas de respiração e meditação. Planejar sem a consciência do momento presente é ineficaz. O verdadeiro desafio é fazer aquilo que realmente importa, desfrutando cada etapa do caminho, atento a cada detalhe.

A inteligência emocional, outro componente-chave, envolve entender as próprias emoções e as alheias, promovendo conexões profundas e incentivando um ambiente que estimule reflexão.

Esse novo modo de pensar nos permite enfrentar estresse e incertezas com mais resiliência, transformando crises em oportunidades de crescimento e catalisando a coesão e inovação da equipe.

Um senso de propósito definido distingue líderes verdadeiramente transformadores. Saber o motivo por trás de suas ações e garantir que elas reflitam consistentemente esse propósito.

A harmonia entre valores pessoais e profissionais inspira autenticidade e motiva as equipes a alcançarem seus objetivos coletivos. Liderar com propósito é contribuir significativamente, além de meramente atingir metas.

Integrar gestão do tempo, inteligência emocional e senso de propósito cria um framework poderoso para a liderança consciente, oferecendo um antídoto eficaz contra o burnout, a desconexão e a insatisfação pessoal.

Valorizar cada minuto, conectar-se profundamente consigo e com a equipe, e liderar com determinação em direção a uma visão comum não apenas torna líderes mais eficazes, mas também enriquece a cultura organizacional.

Liderança, assim como a vida, transcende a conquista de resultados; é sobre impactar positivamente o mundo à nossa volta. Que possamos ser líderes que não apenas antecipam o futuro, mas que também o moldam ativamente, com alteridade, intenção e um profundo senso de propósito.

Ao gerenciar nosso tempo conscientemente, estabelecer conexões autênticas e agir com intenção, temos o poder de transformar nossas vidas e inspirar uma liderança mais eficiente, humana e responsiva nas pessoas ao nosso redor.

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