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Por que as declarações de Powell derrubaram as bolsas nesta terça

Presidente do Fed sinalizou que o tapering pode acabar antes da metade de 2022, como era previsto, e que não se pode mais descrever a inflação como "transitória"

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell | Foto: Mark Wilson/Getty Images (Mark Wilson/Getty Images)

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell | Foto: Mark Wilson/Getty Images (Mark Wilson/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2021 às 19h36.

Última atualização em 30 de novembro de 2021 às 19h49.

Não bastassem temores renovados de desaceleração do crescimento econômico mundial em razão da variante ômicron, os índices de ações em Nova York e o Ibovespa encerraram em queda nesta terça-feira, dia 30, também por causa de novas declarações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (o Fed), o banco central americano.

O S&P 500 aprofundou as perdas à tarde e encerrou em queda de 1,90%; o Dow Jones caiu 1,86%, e a Nasdaq recuou 1,55%. No Brasil, o Ibovespa teve queda de 0,87% e fechou no menor patamar em quase 13 meses.

As declarações do presidente do Fed sinalizaram que o processo de aumento dos juros na maior economia do mundo, que estão no intervalo entre zero e 0,25% desde março do ano passado, pode começar antes do que o consenso de mercado espera. Ou seja, eventualmente isso teria início antes do segundo semestre de 2022.

Em depoimento ao Comitê Bancário do Senado americano, Powell disse que os integrantes do FOMC, o comitê de política monetária do Fed, vão discutir na próxima reunião, daqui a duas semanas, a antecipação do término do tapering, como é chamado o processo de retirada de estímulos por meio da compra de ativos.

O fim do tapering é o estágio que precede, em tese, o aumento das taxas de juro pelo Fed.

Desde os primeiros meses da pandemia, o Fed compra o equivalente a 120 bilhões de dólares em ativos como títulos públicos e privados; em novembro, começou a reduzir gradualmente essas compras em 15 bilhões de dólares a cada mês, o que, se mantido esse ritmo, levará o programa a acabar em junho do próximo ano.

Powell destacou o forte crescimento da economia americana em um quadro em que a força de trabalho parou de crescer o que pode contribuir para pressões sobre os preços e em que a inflação elevada deve persistir até meados de 2022.

"Eu penso que é provavelmente um bom momento para retirar essa palavra", disse Powell ao se referir a "transitório", termo com o qual descreveu a inflação em patamares mais elevados ao longo dos últimos meses.

"Desde o último encontro [em 2 e 3 de novembro], nós temos visto pressões inflacionárias elevadas, dados muito fortes do mercado de trabalho sem que haja qualquer melhora na oferta de mão de obra, e dados muito fortes de consumo também", disse Powell.

O tom mais duro hawkish na linguagem dos bancos centrais surpreendeu boa parte dos analistas de mercado.

O banqueiro central comentou ainda sobre o surgimento da variante ômicron: disse que seus efeitos sobre a atividade devem ser melhor avaliados daqui a duas semanas, na reunião do Fed, mas que serão provavelmente muito menores do que os provocados quando a pandemia começou, nos primeiros meses de 2020.

(Com a Reuters)

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