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Queda da bolsa 'empurra' investidor de volta para a renda fixa

Salto da Selic e desvalorização de 12% do Ibovespa fizeram de 2021 o ano em que muitos investidores trocaram aplicações de risco por opções mais seguras

Renda fixa voltou a crescer no volume financeiro aplicado por investidores em diferentes faixas de patrimônio em 2021 | Foto: iStockphoto (3283197d_273/iStockphoto)

Renda fixa voltou a crescer no volume financeiro aplicado por investidores em diferentes faixas de patrimônio em 2021 | Foto: iStockphoto (3283197d_273/iStockphoto)

BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 3 de fevereiro de 2022 às 06h10.

Ainda que 2022 tenha começado melhor para os investimentos na bolsa, 2021 deixou uma cicatriz na carteira dos investidores. No ano passado, o Ibovespa cumpriu a inacreditável trajetória de um índice que bateu o recorde histórico em junho, mas mudou completamente de rumo e chegou a dezembro com uma desvalorização acumulada de 12%. Em relação ao pico, a queda foi de 20%.

Os poucos altos e muitos baixos do mercado escaldaram o investidor de varejo, que tinha, havia pouco tempo, começado a se aventurar na renda variável. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que, depois de quatro anos de crescimento, as aplicações em renda variável perderam participação em 2021. Em contrapartida, a renda fixa, velha conhecida dos brasileiros, voltou a ganhar espaço.

"Conforme os juros foram caindo, a renda fixa foi perdendo peso e os ativos de renda variável ganharam importância. Agora ocorre o inverso, por causa da disparada dos juros", explicou José Ramos Rocha Neto, presidente do Fórum de Distribuição da Anbima.

Nesta quarta-feira, dia 2, o Banco Central deu mais um passo no ciclo de alta da Selic e aumentou a taxa de 9,25% para 10,75% ao ano – trata-se da maior taxa de juros desde maio de 2017, quando estava em 11,25%.

Veja abaixo a participação de cada categoria de investimentos:

Renda fixa ganha varejo e alta renda

Olhando para os dados divididos por segmento de renda, é possível perceber que não foi só o varejo que "trocou de galho". Os clientes private (aqueles que têm um patrimônio superior a 3 milhões de reais) também migraram para a renda fixa e, em termos percentuais, foram os que mais aumentaram os depósitos nessa classe de ativos. As aplicações em renda fixa pelos investidores mais endinheirados aumentaram 14% em 2021.

Já no segmento de varejo de alta renda, a renda fixa avançou 13%; e, entre os pequenos investidores, o chamado varejo tradicional, o ganho foi de 5%. Em termos absolutos, a renda fixa foi a categoria que mais ganhou importância dentre todos os perfis de renda de investidores.

"Tivemos a renda fixa predominando em 2021 e houve um avanço nas carteiras em geral. Os papeis com rendimento atrelado à inflação foram destaque e devem permanecer assim em 2022", explicou Rocha Neto, da Anbima.

Olhando para os produtos de renda fixa, o maior salto em captação foi dado pelos Certificados de Depósito Bancário (CDB). Em 2021, quase 570 bilhões de reais estavam aplicados em ativos desse tipo, frente a um saldo de 492 bilhões de reais no ano anterior.

No entanto, em termos relativos, os instrumentos que mais ganharam espaço foram as Letras Imobiliárias Garantidas (LIG), com 133% de alta. Trata-se, no entanto, do produto com menor volume de recursos aplicados em termos absolutos, dentro da categoria de renda fixa.

"Tivemos um ano de emissão recorde de debêntures, com mais de 250 bilhões de reais. Uma parte relevante foi distribuída para os investidores de varejo e do segmento private. Além disso, o crescimento da captação de Letras de Crédito Imobiliário (LCA), Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e da própria LIG estão relacionadas ao forte avanço do agro e do setor imobiliário no PIB", disse o executivo da Anbima.

Veja abaixo o volume financeiro dos produtos de renda fixa em 2021:

A bolsa está fora do jogo? Não é bem assim... (Anbima/Divulgação)

Ainda que a bolsa tenha perdido seu brilho, o saldo das aplicações em renda variável não ficou no vermelho. É fato que boa parte disso se deve a outros ativos da classe, como os Fundos de Investimento Imobiliário (FII) e os Certificados de Operações Estruturadas (COE), mas muitos investidores enxergaram a queda da bolsa como oportunidade.

"Mesmo em um ano em que Ibovespa acumulou desvalorização de dois dígitos, tivemos crescimento em valores absolutos e relativos no volume financeiro aplicado em ações. Esse efeito foi visto especialmente nas decisões dos investidores do segmento private, que enxergaram oportunidades no mercado nesse momento de baixa", disse o diretor da Anbima.

Já no varejo, o destaque foi a alta de quase 70% no volume financeiro dos COEs. Essa classe de produtos passou a ser ofertada com mais frequência por corretoras e bancos ao longo dos últimos meses.

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