Quanto devo investir aos 30 anos para juntar R$ 1 milhão na aposentadoria?
Começar cedo, entender o impacto dos juros compostos e definir uma estratégia de diversificação são aspectos importantes
EXAME Solutions
Publicado em 12 de novembro de 2024 às 14h00.
Para quem chega aos 30 anos com o desejo de construir um patrimônio sólido, alcançar R$ 1 milhão na aposentadoria é uma meta possível – mas que exige disciplina e planejamento desde já.
Aos 30, você ainda tem o benefício de uma longa trajetória de investimentos pela frente, e começar agora é a chave para aproveitar o poder dos juros compostos.
Paula Zogbi, especialista da fintech Nomad, que oferece serviços financeiros globais para brasileiros, destaca: “O segredo está em começar o mais cedo possível e contribuir regularmente, aumentando o valor investido conforme sua capacidade financeira melhorar ao longo dos anos”.
Por isso, para alcançar R$ 1 milhão até a aposentadoria, a melhor escolha é começar cedo, entender o impacto dos juros compostos e, claro, definir uma estratégia de diversificação.
A importância de começar cedo
Para quem começa a investir aos 30 anos, o principal benefício está no poder dos juros compostos.
“Começar a investir cedo é fundamental, pois permite que o investidor aproveite o poder dos juros compostos. Isso significa que, quanto mais cedo você começar a investir, mais tempo seu dinheiro terá para crescer. Considerando uma aposentadoria aos 65 anos, investir aos 30 anos oferece uma janela de 35 anos para que o capital cresça até a aposentadoria, permitindo que você se beneficie da valorização constante dos investimentos, mesmo que as contribuições mensais não sejam muito altas”, explica Paula.
Além disso, com o tempo, os rendimentos gerados pelos próprios investimentos se tornam uma parte significativa do valor total, acelerando a formação do patrimônio.
Quanto investir por mês?
Para atingir R$ 1 milhão em 35 anos, Paula traz simulações com diferentes taxas de retorno, considerando aportes mensais regulares ao longo de 420 meses (dos 30 aos 65 anos):
- Com uma taxa de retorno de 6% ao ano, o valor mensal necessário seria de aproximadamente R$ 1.030.
- Com uma taxa de retorno de 8% ao ano, o investimento mensal cai para R$ 725.
- Com uma taxa de retorno de 10% ao ano, o aporte mensal ideal é de cerca de R$ 530.
Contudo, ela alerta para o impacto da inflação: “Se R$ 1 milhão parece um bom valor hoje, o ideal é que se busque o que seria o equivalente a R$ 1 milhão no prazo proposto. Ou seja: essas taxas de retornos deveriam ser consideradas em termos reais, com correção por algum indicador, para formarem uma conta mais justa.”
Essa correção pode ser tanto a própria inflação como algum indexador forte, como o dólar, por exemplo. “ Buscar retornos dolarizados para, ao menos, uma parte dos investimentos, ajuda a proteger o patrimônio no longo prazo”, diz.
É possível alcançar o objetivo com um orçamento limitado?
A disciplina é um ponto-chave. Mesmo que o valor inicial investido seja baixo, o hábito de contribuir mensalmente e de maneira constante é determinante para o sucesso.
“O segredo está em começar o quanto antes, com o que for possível, e aumentar o valor dos aportes à medida que a renda permitir. O efeito dos juros compostos faz com que pequenos valores se tornem significativos ao longo do tempo”, orienta Paula.
Além disso, quem estiver disposto a correr maiores riscos pode dedicar uma parte da carteira a ativos mais agressivos, que potencialmente oferecem maiores retornos no longo prazo.
A importância da diversificação
Uma estratégia de diversificação pode reduzir riscos e aumentar a estabilidade dos retornos ao longo dos anos. “A diversificação é um dos pilares de uma carteira saudável. Ela protege contra as flutuações do mercado e permite que o investidor capture os melhores retornos de diferentes ativos, como ações, fundos imobiliários, renda fixa, e ativos internacionais. A exposição ao dólar, por exemplo, ajuda a proteger o patrimônio em momentos de crise”, explica Paula.
Distribuir os investimentos entre várias classes de ativos ajuda a equilibrar o risco e o retorno, permitindo que, no longo prazo, o investidor aproveite o crescimento das ações e, ao mesmo tempo, tenha a segurança da renda fixa e dos fundos imobiliários.
Como compor uma carteira diversificada?
A carteira ideal deve incluir diferentes tipos de ativos, ajustados conforme o perfil de risco do investidor. Ações tendem a ter maior potencial de valorização, mas também são mais voláteis. Já a renda fixa oferece previsibilidade, mas com menor retorno potencial. A recomendação é que o investidor busque orientação para entender a proporção ideal de cada tipo de ativo, garantindo que a carteira esteja alinhada aos objetivos de longo prazo e ao perfil de risco.
Adaptações na estratégia ao longo do tempo
Investimentos mais voláteis são mais indicados para perfis moderados e agressivos, e para objetivos de longo prazo. Portanto, ações, por exemplo, podem fazer mais sentido no início da jornada de acúmulo de patrimônio, diz Paula.
Mais para o final do período, quando o investidor deixa de ter rendimentos oriundos do trabalho e passa a utilizar o valor investido, investimentos que pagam proventos, cupons ou dividendos são mais indicados, como REITs e FIIs, renda fixa com pagamento de cupons (mais comuns entre os bonds, mas também existentes no mercado brasileiro) e ações boas pagadoras de dividendos.
Planeje-se com inteligência e disciplina
A construção de um patrimônio de R$ 1 milhão é uma meta realista para quem inicia o planejamento aos 30 anos. Com disciplina, diversificação e atenção ao impacto da inflação, é possível conquistar um futuro mais seguro e financeiramente confortável.
Afinal, como destaca Paula, “o tempo é o maior aliado de quem investe no longo prazo. E quanto mais cedo você começa, maiores são as chances de construir um patrimônio sólido para a aposentadoria”.