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JP Morgan inicia cobertura de Minerva e Marfrig com classificação Neutra; ações caem

Relatório aponta desafios no setor de carne bovina em 2025, com alta de custos e pressões nas margens

Minerva e Marfrig: desafios de alta de custos em 2025 (Marfrig/Divulgação)
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 13 de janeiro de 2025 às 15h15.

O J.P. Morgan iniciou a cobertura da Minerva e da Marfrig , atribuindo uma classificação "Neutra" para ambas. Perto das 15h, as ações da Marfrig caíam 1,54%, para R$ 16,60, enquanto as da Minerva recuavam 3,54%, para R$4,90.

De acordo com o banco, o setor de proteínas enfrentará dificuldades em 2025, em um contexto de redução na disponibilidade de gado e aumento nos custos operacionais.

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O ano será especialmente difícil para as operações de carne bovina em todo o mundo. Nos principais países produtores — como Estados Unidos, Brasil, China e Argentina —, a disponibilidade de gado deve contrair ou estagnar, mantendo os preços em níveis elevados.

Isso, por sua vez, pressionará as margens dos frigoríficos e aumentará as despesas financeiras.

O J.P. Morgan prevê que a alavancagem das empresas permanecerá alta nos próximos dois a três anos, com índices de Dívida/Valor de Mercado chegando a 80% no caso da Minerva e 70% para a Marfrig.

Ainda assim, o time acredita que fatores como a desvalorização do real e os preços crescentes da carne bovina podem trazer oportunidades de recuperação para os papéis das duas companhias.

Minerva: Integração e pressão de margens

A Minerva enfrenta um cenário de integração de novos ativos, adquiridos recentemente da Marfrig, o que deve aumentar sua capacidade de abate em 35%.

Contudo, a empresa também terá desafios significativos para otimizar essa operação, com margens pressionadas pelo aumento dos preços do gado.

O J.P. Morgan projeta um EBITDA de R$4 bilhões para a Minerva em 2025, mas estima um fluxo de caixa livre negativo de R$591 milhões no mesmo período, devido a maiores despesas financeiras e investimentos em capital de giro.

Por outro lado, a abertura de novos mercados, como Japão, Vietnã e Coreia do Sul, é vista como uma oportunidade para mitigar parte dessas dificuldades. Esses países representam cerca de 30% das importações globais de carne bovina e oferecem margens mais altas.

Marfrig: dependência da BRF e ciclo nos EUA

Para a Marfrig, a situação é igualmente complexa. O ciclo do gado nos Estados Unidos, que representa cerca de 85% das operações da empresa, deve atingir seu ponto mais baixo em 2026 ou 2027, segundo projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Isso significa que os preços elevados do gado continuarão impactando negativamente as margens no curto prazo.

Por outro lado, a participação de 50% na BRF é vista como um ponto positivo, já que pode proporcionar fluxo de caixa por meio de dividendos.

A BRF é responsável por mais de 100% do fluxo de caixa livre da Marfrig projetado para os próximos dois anos.

Apesar das adversidades, a Marfrig está investindo em mecanização e produtos de maior valor agregado, como cortes premium e hambúrgueres, para compensar os efeitos dos custos mais altos.

O J.P. Morgan estabeleceu preços-alvo de R$5,50 para as ações da Minerva e R$19,50 para as da Marfrig, prêmios de 8% e 16%, respectivamente.

Dentro do segmento, o J.P. Morgan destacou sua preferência por outras empresas brasileiras, como JBS e BRF, que receberam recomendações de compra.

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