Onde investir no Tesouro Direto em janeiro, segundo o Santander
Para justificar a escolha, analistas apontam que título protege a aplicação tanto em um eventual cenário negativo como positivo
Marília Almeida
Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 06h00.
Em dúvida sobre qual título vendido pelo Tesouro Direto comprar? Diante do atual contexto da economia nacional e internacional, os analistas do Santander continuam a recomendar a aplicação no Tesouro IPCA+ principal com vencimento em 2035.
Para justificar a escolha, eles apontam que o título protege a aplicação tanto em um eventual cenário negativo como positivo.
Se a economia nacional se provar favorável para ativos de risco, ante um menor ruído pós-eleição, inflação convergindo à meta e promessas de responsabilidade fiscal em 2023, os analistas esperam ver um menor prêmio de risco para os títulos públicos reais, o que irá favorecer suamarcação a mercado.
Já caso a percepção de risco piore e o dólar volte a se valorizar, a proteção contra a inflação do título recomendado exercerá sua função.
No Tesouro IPCA+ não há pagamentos semestrais e os juros são reinvestidos.
Entre suas vantagens está a de proporcionar rentabilidade com proteção contra alta da inflação. O título rende a juros compostos, isto é, sua rentabilidade mensal é automaticamente reinvestida.
Por essas características ele é indicado para o investidor que deseja fazer poupança de médio e longo prazo, inclusive para a aposentadoria.
Do ponto de vista de tributos, é considerado pelos analistas mais eficiente do que um título que paga juros semestrais.
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Já entre as desvantagens do título está a sua marcação a mercado, que pode reduzir o valor dos títulos (Preço Único) em relação ao valor pago. Neste caso, o investidor receberá o retorno indicado no dia da compra do título, caso o leve até o vencimento. A marcação a mercado só afeta o título no caso de venda antecipada.
O investimento no Tesouro Direto é garantido pelo Tesouro Nacional, o que faz a aplicação ser considerada uma das alternativas de investimento de menor risco do mercado.
O valor mínimo do investimento é de R$ 30 ou 1% do valor integral de um título.
Cenário nebuloso lá fora
A ata da última reunião do Fed, que será divulgada nesta quarta-feira, 4, poderá trazer novos indícios dos planos do Banco Central norte-americano para 2023. Ainda assim, o sentimento geral do mercado é de que os impactos do aperto monetário terão consequências relevantes sobre 2023.
Após elevar a taxa básica de juros de -0,25% para 4,25-4,50% ao longo de 2022, o FED e o mercado parecem apontar para a necessidade de aumentos menores (entre 0,25% e 0,50%) no início de 2023, até que seja alcançado o intervalo de 5% a 5,25%.
Estima-se que o patamar seja suficiente para a convergência da inflação à meta e o processo de redução dos juros seria iniciado em meados de 2024. A inflação nos EUA recuou do pico recente, mas os níveis de emprego ainda sugerem atividade aquecida.
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Do ponto de vista econômico, o momento para a maioria dos países europeus se assemelha ao dos EUA em relação aos juros, que devem continuar a subir, mas é mais delicado em relação à atividade econômica. Como ponto positivo, o inverno mais ameno e os estoques de gás natural e petróleo cheios reduziram as preocupações de uma parada significativa da atividade por falta de matéria-prima. A Guerra da Ucrânia segue influenciando a economia global, mas em menor grau e de forma mais restrita.
Na China, a redução das restrições da política de Covid Zero implicou em um aumento generalizado de casos, porém uma estabilidade do número de mortes, ao menos de acordo com os dados oficiais. Nesse contexto de incerteza, o Banco Mundial revisou as estimativas de crescimento do PIB chinês em 2022 para baixo.
No Brasil, tom ainda é de cautela
O cenário internacional ainda nebuloso influencia em algum grau a economia nacional. Mas o processo de controle da inflação no Brasil está mais avançado, com a expectativa de que a taxa básica de juros já tenha atingido o pico e de que os cortes sejam iniciados no segundo semestre de 2023.
Em revisão de cenário publicado no mês de dezembro, o time de economia do Santander manteve as projeções da Selic em 12% ao fim de 2023 e em 9% ao fim de 2024, com riscos de mais altas em razão das discussões de política fiscal.
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Já a projeção da inflação foi elevada de 5,5% para 5,8% em 2022 e de 5% para 5,4% em 2023. Embora a inflação tenha arrefecido no curto prazo, permanece acima da meta e poderá aumentar com a implementação de novos estímulos fiscais. Além disso, mesmo com o aumento dos juros, o mercado de trabalho no país segue aquecido, o que incentiva a alta dos preços.
Sob esse panorama, as atenções no início deste ano se voltam às políticas a serem adotadas e ao plano do novo Governo Federal, que poderão afetar significativamente as expectativas sobre a economia e, consequentemente, a trajetória dos juros e da inflação.
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