Minhas Finanças

Viver sozinho custa mais caro do que se pensa

Dividir despesas com outra pessoa é uma boa saída para os solteiros que querem economizar

O peso da solidão: aluguéis, pacotes turísticos e restaurantes podem ficar com a conta salgada (Arquivo/Getty Images)

O peso da solidão: aluguéis, pacotes turísticos e restaurantes podem ficar com a conta salgada (Arquivo/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de maio de 2013 às 10h46.

São Paulo – Viver sozinho pode ser sinônimo de liberdade, independência e até resignação ou solidão. Mas não necessariamente de poucos gastos. Sustentar filhos certamente compromete boa parte da renda de uma pessoa ou um casal, mas no caso de adultos sem filhos dependentes, morar sozinho significa não ter ninguém com quem dividir as despesas – do mercado ao aluguel.

Pouco mais de 10% dos domicílios brasileiros são compostos por apenas um morador, proporção que vem aumentando ano a ano. São jovens em início de carreira, solteiros convictos e divorciados que não têm (mais) as despesas dos filhos, mas em compensação abrem bem mais a carteira para manter o estilo de vida solitário – seja com o próprio prazer, seja com as despesas “naturalmente” altas dos solteiros.

Ter amigos para dividir o apartamento, as contas de casa, o táxi da balada ou mesmo se inscrever naquela academia de ginástica que dá desconto para quem se matricula com conhecidos pode ajudar e muito no orçamento. Veja a seguir quatro situações que custam bem mais caro para os solteiros e solitários do que para grupos de adultos e casais sem filhos.

Gastos com moradia

O primeiro choque de realidade da pessoa que decide ir morar sozinha é o custo da moradia. A procura por imóveis de um quarto, tanto para aluguel quanto para compra é bastante alta se comparada à oferta reduzida desse tipo de imóvel. Além disso, apartamentos de um quarto têm custos de construção semelhantes aos de dois quartos que, no entanto, são preferidos pelas construtoras por terem demanda ainda maior.

Como resultado, imóveis de um dormitório têm o metro quadrado mais caro, tanto para locação quanto para venda, quando comparados aos imóveis de mais dormitórios na mesma região. A mordida no bolso é cruel para quem tem que arcar sozinho com esses gastos. Se estiver em início de carreira então, o solteiro pode chegar a comprometer metade do orçamento com habitação.

Preço médio do metro quadrado de usados para compra e venda no Brasil:

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1 quarto 2 quartos 3 quartos 4 quartos
6.256 reais 4.657 reais 5.047 reais 6.074 reais

Fonte: Índice FipeZap/junho de 2011


Um bom exemplo pode ser observado no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, cidade onde a diferença do valor do metro quadrado para venda entre os imóveis de um e dois quartos é a menor do país. Lá é possível encontrar um apartamento usado de um dormitório com 50m2 por 380.000 reais (7.600 reais/m2), enquanto que um de dois quartos e 70m2 pode custar 450.000 reais (6.428 reais/m2). O imóvel maior se torna bem mais acessível quando se tem um cônjuge para dividir a compra.

Preço médio do metro quadrado para locação em alguns bairros de São Paulo, capital:

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Região 1 quarto 2 quartos 3 quartos 4 quartos
Zona Oeste A 24,67 reais 23,71 reais 24 reais ND
Zona Sul A 30,75 reais 30,05 28,48 reais 37,31

Fonte: Secovi/SP/maio de 2011

Em bairros da área mais nobre da zona oeste paulistana, como Pinheiros e Perdizes, o aluguel do metro quadrado dos imóveis de um quarto é o maior, enquanto que em bairros como Moema e Morumbi, os imóveis dos solitários só perdem em preço para os de quatro quartos.

Isso possibilita situações curiosas como esta: em uma busca rápida pelo site de classificados ZAP, é possível encontrar um apartamento em Perdizes com um quarto, uma vaga na garagem, 72m2 e condomínio de 389 reais anunciado para locação por 1.900 reais. Pelo mesmo valor, também são anunciados dois apartamentos de dois quartos, uma vaga, cerca de 90m2 e condomínios de 400 e 480 reais, respectivamente.

Não é preciso ser um gênio da matemática para notar que o valor mais alto será pago pelo sujeito que optar por morar sozinho. No primeiro imóvel, o custo total será de 2.289 reais por mês; se fosse um casal sem filhos, ficaria por 1.144,50 reais por pessoa. Cada membro desse casal pagaria de 1.150 a 1.190 reais por mês em uma das outras duas opções, e ainda teria um quarto extra, para um futuro filho.

No fim das contas, não tem matemática. Para um casal sem filhos, um apartamento de um ou dois quartos é bem mais palatável, e a melhor saída para o solteiro que não quer sofrer com o preço da moradia é encontrar pessoas de confiança para dividir as despesas de um imóvel de dois ou três quartos. Para muita gente, a ideia de dividir o lar com alguém que não seja da família parece assustadora. Mas os mais tolerantes que conseguirem achar um bom roomate não vão se arrepender.


Hospedagem em viagens

Viajar sozinho pode ser uma faca de dois gumes. Os jovens solteiros mais aventureiros conseguem fazer viagens incríveis gastando pouco, ao optar por meios alternativos de hospedagem, como albergues, couchsurfing, troca de casa ou camping. Mas os mais velhos e menos ousados que preferirem o conforto de um hotel vão precisar poupar mais para viajar sozinhos ou buscar a companhia de outros adultos.

Ocupar sozinho o espaço que poderia ser ocupado por dois, três e até quatro hóspedes será naturalmente mais caro. Inclusive no valor total – afinal, mais pessoas representam mais consumo nas dependências do hotel ou do navio, o que comporta algum desconto para grupos. Essa diferença na despesa será verificada tanto nos preços da hospedagem isoladamente quanto nos valores dos pacotes turísticos.

Exemplos de valores de diárias em bons hotéis brasileiros:

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Hotel 1 pessoa 2 pessoas
Vila Galé, Salvador (BA) De 170 a 221 reais De 94,50 a 123 reais por pessoa
Relais & Châteaux Santa Teresa, Rio de Janeiro (RJ) De 477 a 1.408 dólares De 238,50 a 704 dólares por pessoa

Exemplos de pacotes turísticos, com as mesmas condições para uma mesma agência:

São Paulo, SP-Porto Seguro, BA, de 10 a 18 de dezembro de 2011

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  1 adulto 2 adultos
Submarino Viagens 1.084,69 reais por pessoa 827,50 reais por pessoa
TAM Viagens 1.822,75 reais por pessoa 1.329,59 reais por pessoa

Rio de Janeiro, RJ-Nova York, NY (EUA), de 13 a 21 de agosto de 2011

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  1 adulto 2 adultos
Submarino Viagens 3.031,16 reais por pessoa 1.924,87 reais por pessoa
Decolar.com 3.121 dólares por pessoa 2.185,50 dólares por pessoa

Refeições em restaurantes à la carte

Quando o restaurante é a quilo ou buffet, tudo bem. Mas quando é à la carte, o gourmet solitário pode ficar restrito aos bistrôs e lanches (principalmente se for mulher!). Muitos restaurantes de excelentes credenciais preparam apenas generosas porções para duas ou mais pessoas. E por mais que a quentinha seja uma opção, o preço pode ser bem salgado para uma pessoa sozinha.

Um prato de um restaurante como o Consulado Mineiro, em São Paulo, pode servir até quatro moças e costuma custar algo como 45 reais; na famosa cantina italiana Famiglia Mancini, as exageradas porções servem quatro e não custam menos de 60 reais. Nesses casos, o melhor é perguntar se há a opção da meia porção.

As pizzarias são outro problema. Se os restos de pizza guardados na geladeira salvam jantares e até cafés-da-manhã dos solteiros solitários, o ato de saborear uma pizza no restaurante parece ser essencialmente social. Que o digam os preços. Na Bráz, considerada pela Veja São Paulo a melhor pizzaria da capital paulista, a pizza da casa custa 46 reais no tamanho médio, que não é exatamente individual, mas é o menor existente. Com cinco reais a mais, o freguês leva a pizza grande.

Compras em supermercados

O maior desafio para quem mora só é manter uma alimentação adequada. A perspectiva de cozinhar apenas para si desanima muita gente, que acaba gastando muito mais fazendo quase todas as refeições em restaurantes. Quem opta pelo método mais econômico de frequentar o supermercado acaba sofrendo com a tentação das bombas calóricas congeladas, como lasanhas e pizzas.

Ao se deparar com as porções enormes comercializadas nos mercados, o solteiro muitas vezes desiste da compra. As porções individuais de alimentos mais saudáveis, por sua vez, normalmente são muito mais caras, pois já vêm semi-preparadas. Enquanto um quilo de feijão preto ou carioca custa de 3 a 4 reais, um pacote de 500g de feijão temperado e semi-pronto pode custar 7 reais. É o preço do conforto.

A melhor solução para isso é preparar uma boa quantidade de comida e congelá-la já nas porções que serão consumidas, em vez de apostar na “preguiça cara”. Para isso, é preciso ter um bom freezer e se informar sobre a forma correta de congelar cada tipo de alimento. Quanto àqueles que não podem ser congelados, como folhas verdes, o jeito é comprar os pés inteiros, secar as folhas depois de lavar e consumi-las antes que estraguem. Ou então pagar pequenas fortunas por miniporções de saladas já cortadas e embaladas.

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