TAM vê lucro despencar 45% em 2005
Segundo a companhia aérea, queda seria resultado de mudança no patrimônio realizada em 2004. Receita operacional cresce com redução de preços
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.
A TAM, líder do setor doméstico brasileiro de aviação, viu o lucro líquido despencar em 2005 quase à metade. O resultado caiu de 341 milhões de reais em 2004 para 187 milhões no ano passado.
Segundo a empresa, o motivo da forte queda não está no balanço de 2005, mas sim no resultado de 2004, ano em que a "alteração da modalidade de arrendamento das aeronaves de mercantil financeiro para operacional simples" teria elevado o lucro em 233 milhões de reais, como diz o comunicado divulgado nesta segunda-feira (13/2).
De acordo com a companhia aérea, o lucro líquido de 2005 é 73,5% maior do que o do ano anterior quando excluído o resultado contábil da alteração. "A passagem para o arrendamento operacional simples realmente distorceu um pouco a análise. Eles venderam os aviões para empresas de leasing e agora alugam. O lucro de 2005 foi maior do o que de 2004", diz Carlos Albano, analista do setor aéreo do Unibanco.
Ainda que comemorado pela TAM, o lucro foi reduzido pelo crescimento de alguns gastos. Os desembolsos com querosene de aviação registraram, em 2005, um impacto 58,9% maior que em 2004, num total de 1,695 bilhão de reais. "Já previamos o aumento em razão da alta do petróleo", explica Albano. O combustível responde atualmente por 32% do total dos custos dos serviços prestados em reais da TAM. Também cresceram as despesas de comercialização e marketing, saltando 30% para 854,6 milhões de reais, e a receita com as tarifas de pouso e decolagem, que inflou em 25,4% (de 185,8 milhões de reais em 2004 para 233 milhões n o ano passado).
No total, os custos dos serviços prestados e despesas operacionais exigiram da companhia 5,222 bilhões de reais, desembolso 23,6% superior ao registrado em 2004. O retorno de lucro líquido sobre patrimônio ficou em 25% ao fim de 2005, e o Ebitda (lucro antes de impostos, despesas financeiras, amortização e depreciação) fechou o ano em 512 milhões - em 2004, o resultado havia sido de 388 milhões.
Já a receita operacional bruta cresceu 24,6% no ano passado, atingindo 5,91 bilhões de reais, favorecida por um aumento de 26,7% das receitas de vôo. O número de clientes também aumentou: 44,6% a mais, num total de 19,6 milhões de passageiros, o que manteve a TAM na liderança do mercado doméstico de aviação, com média de 43,5% de market share - crescimento de 7,7 ponto percentual sobre 2004. No mercado internacional, a participação ficou em 18,9%, alta de 4,4 ponto percentual.
Preço mais baixo, maior demanda
Para Albano, do Unibanco, houve mais passageiros à procura da TAM em 2005 por causa das tarifas mais baratas praticadas pela aérea: "A tarifa média por passageiro caiu quase 11% em 2005". Segundo o analista, a TAM terá de focar sua atenção justamente nos preços para manter o posto de líder do mercado em 2006, principalmente com o fortalecimento de emergentes como Gol e Ocean Air. "Você vai ter um crescimento da oferta de assentos muito forte em 2006. As tarifas têm de ser mantidas em um nível razoavelmente baixo", justifica.
Os bons indicadores da TAM em 2005 permitiram expansão também no número de empregados. A aérea ganhou, segundo o comunicado, 1.290 novos funcionários diretos, chegando a 9.669. Os resultados do ano garantirão aos acionistas dividendos de 204,14 de reais por lote de mil ações, em um total de 29,4 milhões de reais.