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R$ 500 do FGTS ajudam nas dívidas? Inadimplente deve em média R$ 3.253

Metade dos débitos em aberto são de até 1.000 reais, de acordo com SPC Brasil; reduzir endividamento é um dos focos de medida que libera saques do fundo

SPC Brasil: Em junho, Brasil tinha 62,6 milhões de pessoas endividadas (Dado Galdieri/Bloomberg)
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Juliana Elias

Publicado em 24 de julho de 2019 às 07h49.

Última atualização em 24 de julho de 2019 às 09h27.

São Paulo - O valor médio da dívida do brasileiro que está inadimplente, atualmente, é de 3.252,70 reais, e 62,6 milhões de pessoas, ou 41% da população adulta, têm alguma conta ou parcela em atraso. As projeções são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), e partem da base de dados de pessoas com nome negativado nos sistemas do SPC Brasil.

É essa realidade que deve ser encontrada pelos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) a serem liberados para saque. A medida, que pode ser anunciada nesta quarta-feira (24) pelo governo, tem como objetivo estimular o crescimento da economia e ajudar na redução do endividamento das famílias brasileiras.

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Entre idas e vindas de informações, as expectativas são de que o saque máximo do FGTS a ser liberado ainda este ano deva ficar em R$ 500 por trabalhador, consideradas suas contas ativas e inativas (aquelas relacionadas a contratos de empregos já encerrados).

Esse limite chegou a ser cogitado em até 35% do valor depositado em conta, mas foi sendo reduzido ao longo dos últimos dias, em especial após pressão de construtoras, que alertaram para o risco de esvaziamento de uma das principais fontes de financiamento do país para imóveis, habitação popular, saneamento básico e infraestrutura. A intenção do governo é criar mecanismos que permitam ao trabalhador fazer saques anuais de parcela de sua conta.

“Pagar dívidas, sem dúvida, deve ser prioridade de quem puder sacar esse dinheiro, por conta dos juros altos que elas cobram”, diz o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli. “Mas depende muito do valor. Para uma dívida até a faixa dos 3.000 reais, ter 500 reais em mãos ajuda o consumidor a abater parte do valor e renegociá-lo em parcelas menores, mas, para dívidas mais altas, é um dinheiro que faz pouca diferença.”

De acordo com o SPC Brasil, a maior parte dos brasileiros inadimplentes (53,3%) tinha, em junho, dívidas menores de 1.000 reais: 37,38% deviam até 500 reais e 15,9% deviam entre 500 e 1.000 reais. Outros 20,34% tinham dívidas na faixa de 1.000 a 2.500 reais; 15,96% deviam entre 2.500 e 7.500 reais e, para 10,42% deles, o débito pendente superava 7.500 reais.

Em saque passado, maioria cobriu gastos do mês

O FGTS é um fundo pago pelas empresas a seus empregados com carteira assinada, administrado pela Caixa Econômica Federal, e tem a função de servir como uma reserva de segurança ao trabalhador. Só pode ser sacado em situações específicas, como demissão sem justa causa, compra de um imóvel ou na aposentadoria.

Esta deve ser a segunda vez que o governo faz uma medida que permite o saque fora dessas regras, para uso livre, na tentativa de dar ânimo a uma economia enfraquecida – a primeira foi em 2017, quando o governo Michel Temer liberou um total de 44 bilhões de reais em retiradas das contas inativas do fundo.

Uma pesquisa feita à época pelo SPC Brasil e a CNDL mostrou que o pagamento de contas do dia a dia, como supermercado ou aluguel, foi o destino do dinheiro da maior parte dos beneficiados pela medida.

A entidade entrevistou 800 pessoas em 12 capitais em maio daquele ano, quando cerca de 8% dos saques já haviam sido liberados (eles foram escalonados ao longo do ano de acordo com o mês de nascimento dos cotistas).

Entre os que já haviam retirado seu dinheiro da conta, 41% disseram que usaram a verba para cobrir gastos do dia a dia. Outros 36% destinaram o recurso para pagar dívidas atrasadas, 7% quitaram compromissos pendentes e 10% anteciparam parcelas de contas não atrasadas, como crediário e prestações da casa ou do carro.

Investir ou guardar o dinheiro foi a opção de 16% deles, enquanto apenas 6% usaram o saldo para fazer compras.

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