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Sair da poupança e aplicar em ações é um processo

- A reportagem falou com Carlos Ratto, diretor da B3, sobre o mercado de renda variável

(BrianAJackson/Thinkstock)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de janeiro de 2018 às 10h56.

São Paulo - A reportagem falou com Carlos Ratto, diretor da B3, sobre o mercado de renda variável. Veja a seguir os principais trechos da entrevista:

Apesar da forte recuperação da Bolsa em 2016 e 2017, o número de investidores ainda é pequeno. O mercado acionário ainda assusta?

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Não acho que assuste. São os pilares que o investidor busca: rentabilidade, liquidez e segurança. No Tesouro Direto, por exemplo, ainda que a rentabilidade tenha caído, continua interessante, pois há segurança e liquidez. Por isso, o público que começou há pouco tempo a investir no Tesouro não é o público que vai investir em ações amanhã. É preferível que seja de uma forma mais lenta. Sair da poupança e aplicar em ações não é saudável. É um processo, um reflexo de várias coisas, entre elas a taxa de juros. Mas, nos últimos anos, cresceu a cultura de sair da poupança, conhecer as alternativas e aplicar via corretoras.

Como começar na renda variável?

Depende do objetivo de cada investidor. Não é só renda fixa ou Bolsa. Mesmo dentro de renda variável, há alternativas. Por exemplo: é melhor comprar ações ou um ETF? Dentro da renda fixa: ao sair da poupança, vai para fundo, Tesouro, CDB, LCI ou LCA? O investidor pode, por exemplo, montar uma carteira com ETFs e Tesouro, para depois chegar a uma carteira de ações. Ele tem de ter noção de que, quando compra ação, está comprando parte da empresa - então, está dividindo as alegrias e tristezas daquela companhia. Por isso, prefiro que tenhamos 600 mil (investidores), amanhã 700 mil e depois 800 mil, mas que esse cara não saia, do que ter 2 milhões e, se amanhã a Bolsa cair, todo mundo sai. É melhor crescer de forma consistente do que virar moda.

A onda de IPOs deu um novo fôlego ao mercado. O que esperar para 2018?

Quanto mais empresas para o investidor escolher, melhor. Cada vez mais empresas veem o mercado de capitais como importante fonte de financiamento de longo prazo. O investidor, porém, tem de tomar cuidado, ler os relatórios e ter apoio de um profissional. "Ah, gosto muito do Burger King, então vou comprar as ações." Ele tem de analisar, ver por quanto tempo, a capacidade de suportar o investimento. Mesmo com o ponto de interrogação da eleição, se o cenário de crescimento se mantiver, com apetite maior das empresas, é natural que o mercado de capitais cresça em 2018, seja por IPOs ou por emissão de dívida.

Ainda há espaço para entrar na Bolsa?

Com a taxa de juros menor, é natural olhar para outras alternativas - e o mercado de ações é uma delas. Mas, as decisões devem ser racionais. Não adianta ser superconservador e entrar em ações porque o amigo está aplicando, ou achar que vai ficar rico aplicando em Bolsa. Esse tipo de empolgação a gente tem de evitar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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