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A receita de George Soros para salvar os bancos dos EUA

Megainvestidor defende injeção direta de recursos nas instituições sem a criação de um banco estatal para assumir ativos tóxicos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

O megainvestidor George Soros defendeu nesta quarta-feira um modelo de pacote de socorro aos bancos americanos diferente do que vem sendo cogitado pelo governo. Em artigo publicado no Wall Street Journal, intitulado "Nós podemos fazer melhor que o 'banco ruim' e já temos os recursos para isso", Soros defende uma capitalização direta do governo nos bancos ao invés da criação de um banco estatal para assumir os ativos tóxicos das instituições financeiras.

Para Soros, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não pode se dedicar apenas à aprovação do pacote de infraestrutura e deve também trabalhar para a recuperação do sistema financeiro de duas maneiras: 1) reduzir os juros das hipotecas de forma a evitar uma redução ainda maior do preço dos imóveis, o que contribui para a inadimplência e a continuidade da deterioração da carteira de crédito dos bancos; e 2) capitalizar os bancos de forma a permitir que eles voltem a emprestar. Medidas nesse sentido devem demorar para surtir efeito, mas pelo menos isso criaria mais confiança na recuperação econômica.

Soros vê dois obstáculos a serem superados para que a ajuda aos bancos seja aprovada no Congresso: 1) O ex-secretário do Tesouro, Henry Paulson, foi arbitrário ao gastar parte dos 700 bilhões de dólares do pacote de ajuda aos bancos implementado no ano passado, o que fará Obama ter mais dificuldades para pedir ainda mais dinheiro ao Congresso; e 2) O rombo no balanço dos bancos não para de crescer, agravando cada vez mais o problema.
Soros acredita que o novo pacote de ajuda deve consumir mais 1,5 trilhão de dólares. Simplesmente nacionalizar os bancos ainda é "política e culturalmente impalatável". Por isso, Obama planeja usar cerca de 100 bilhões de dólares do pacote de ajuda a bancos já aprovado no ano passado para criar um "banco ruim". Com esse capital, o "banco ruim" poderia absorver até 1 trilhão de dólares em títulos podres do sistema financeiro americano. "Isso não é suficiente para limpar os balanços dos bancos nem para a retomada dos empréstimos, mas traria algum alívio", escreveu Soros.
O megainvestidor acredita, no entanto, que a criação do "banco ruim" também tornaria mais difícil para o sistema financeiro se capitalizar no futuro. A avaliação do valor dos ativos tóxicos seria complicada. A medida só faria sentido se o governo pagasse mais pelos papéis do que eles estão valendo no mercado. "Isso vai gerar uma tremenda resistência política para qualquer gasto adicional em ajuda aos bancos", afirmou Soros. Por esse motivo, ele acredita que seria um "erro" tomar a rota do "banco ruim" neste momento.
A forma correta de resolver o problema, segundo Soros, seria não remover os ativos tóxicos do balanço dos bancos, mas apenas separá-los em uma outra conta. O capital necessário para cobrir esses créditos de recebimento duvidoso também seriam colocados nessa segunda conta por meio da injeção de participações acionárias e outros papéis presentes na carteira dos bancos. Soros admite que, dessa forma, os bancos ficariam sem dinheiro para continuar a emprestar, porque esses mesmos papéis também são o capital que garante suas carteiras de crédito.
O governo então usaria os mesmos 1 trilhão de dólares que injetaria na compra de ativos tóxicos para colocá-los no "banco ruim" em aportes de capital nos bancos. É provável que 1 trilhão de dólares não seja suficiente para destravar totalmente o crédito. No entanto, investidores privados poderiam demonstrar interesse em capitalizar a parte boa dos bancos, ajudando o governo a pagar a conta. Num primeiro momento, os bancos teriam lucros excelentes com empréstimos, já que a escassez do crédito elevou os spreads. No entanto, a cobrança de juros mais altos fará com que os bancos aumentem, pouco a pouco, seu capital até que fiquem revigorados e possam baixar as taxas cobradas dos clientes.
Soros acredita que esse modelo também afastaria o "risco moral" de ajudar o sistema financeiro. "A indústria bancária se acostumou a pedir ajuda ao estado em momentos de crise", afirma. Por isso, ele defende que Obama resista à tentação de nacionalizar o sistema financeiro ou de colocar os ativos tóxicos em um banco estatal. O sistema bancário precisa ser protegido para permitir o funcionamento normal da economia e o governo americano já tem os recursos para fazer isso. Só que, para Soros, ajudar os bancos sempre que necessário e de qualquer forma ajudou a criar a bolha especulativa que levou à crise atual.
 

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