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Poupança amplia vantagem sobre fundo DI

Com Selic a 9,0%, aplicações pós-fixadas perdem para a poupança; prefixados vem ganhando com a queda de juros

Investidor pode permanecer na poupança pela facilidade da aplicação e rentabilidade (stock.XCHNG)

Investidor pode permanecer na poupança pela facilidade da aplicação e rentabilidade (stock.XCHNG)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2012 às 16h17.

São Paulo – A nova queda na taxa de juros acabou com a vantagem dos papéis pós-fixados e dos fundos DI perante a caderneta de poupança. Agora todas essas aplicações praticamente se igualam em rentabilidade, e podem até ficar desvantajosas em relação à poupança, dependendo do percentual do CDI pago (no caso dos CDBs) ou da taxa de administração (no caso dos fundos e do Tesouro Direto).

Como deixar o dinheiro na poupança acaba sendo mais fácil do que migrar para qualquer dessas outras aplicações de renda fixa, o investidor agora praticamente não tem mais incentivos para investir na dívida do governo ou mesmo na dívida dos bancos. Ainda que a aplicação de renda fixa seja mais vantajosa, a rentabilidade a mais será apenas ligeiramente maior.

No caso dos fundos DI, além do IR, as taxas de administração sacrificam muito a rentabilidade. A tabela abaixo - elaborada pelo professor Bolívar Godinho, da FIA-Fundação Instituto de Administração - mostra a taxa de administração máxima para que o fundo DI seja mais vantajoso que a poupança, considerando a rentabilidade atual da poupança de 0,52% ao mês e as alíquotas de IR.

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Prazos Selic de 9,75% a.a. Selic de 9,00% a.a.
3 meses 1,29% 0,60%
6 meses 1,55% 0,87%
12 meses 1,79% 1,12%
18 meses 1,81% 1,14%
24 meses 2,02% 1,35%

*Tabela elaborada pelo professor da FIA e especialista em fundos, Bolívar Godinho.

Ou seja, quando a Selic ainda estava em 9,75% ao ano, os fundos DI com taxa de administração superior a 1% ainda podiam ser mais vantajosos que a poupança. Mas no patamar de juros atual, as aplicações de até seis meses só levam vantagem com taxas de administração bem menores que 1%, difíceis de encontrar para o pequeno investidor.

No caso dos CDBs pós-fixados não existe a cobrança de taxa de administração, mas a incidência de IR e o fato de esses papéis comumente não chegarem a pagar 100% do CDI complicam a situação de quem empresta para os bancos. No patamar de juros atual, enquanto a poupança paga 6% ao ano mais TR, um CDB pós-fixado que pague a integralidade da taxa de juros interbancária renderá entre 7% e 7,65% ao ano, líquidos de IR.

Para que essas duas aplicações sejam equivalentes, é preciso que esse CDB, assim como a poupança, tenha liquidez diária. Essa combinação de fatores – liquidez diária e remuneração de no mínimo 100% do CDI – podem ser encontrados em bancos pequenos e médios, mas dificilmente serão oferecidas a um pequeno investidor em um grande banco. Nessas instituições, ao contrário, os CDBs com liquidez diária remuneram abaixo de 100% do CDI. Para conseguir esta taxa é preciso escolher uma aplicação de caráter progressivo e permanecer nela até o vencimento, em dois ou três anos. Para quem precisa de liquidez, não funciona.


A rentabilidade das Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) no ano também ficou próxima à da poupança. Os títulos que vencem em março de 2013 tiveram rentabilidade acumulada no ano de 2,99%; os mais longos, que vencem em março de 2017, acumulam alta de 3,13% no ano. Já a caderneta de poupança rendeu 2,23%. A menos que o investidor aplique por meio de uma corretora que não cobre taxa de administração, haverá uma taxa que pode chegar a até 1% na negociação de títulos públicos. Isso fora o IR, cujas alíquotas variam de 22,5% a 15% dependendo do prazo da aplicação.

Quem ganha com os juros baixos

Quem vem ganhando com esse ciclo de queda de juros iniciado em julho do ano passado são os investidores que aplicaram nos títulos públicos prefixados (LTNs e NTN-Fs) e indexados à inflação (NTN-Bs), que têm uma parte prefixada. Títulos prefixados são aqueles que têm melhor desempenho quando há perspectiva de queda nos juros. As LTNs com vencimento em 2013 acumulam alta de 3,79%, e as NTN-Fs com o mesmo vencimento tiveram alta de 3,76% no ano. As NTN-Bs com vencimento em 2013 tiveram alta de 4,18% no ano.

Para quem aplica nesses títulos desde o ano passado, a rentabilidade foi estrondosa nos últimos 12 meses. A LTNs e NTN-Fs com vencimentos a partir de 2015 tiveram rentabilidade de mais de 20% no período. As NTN-Bs de prazos mais longos, a partir de 2020, chegaram a remunerar quase 25% nos últimos 12 meses.

Embora tenha reduzido a Selic sem deixar claras as perspectivas futuras para os juros neste ano, o mercado não espera nova redução de juros em 2012, mas sim uma estabilização em 9% ao ano. O patamar mínimo histórico foi de 8,75% ao ano. Para o final de 2013, a perspectiva do mercado é de Selic voltando a subir, para 10% ao ano.

Sem perspectivas de novas quedas de juros, as aplicações prefixadas não devem mais garantir a grande rentabilidade paga até agora. Para as aplicações de curto prazo, a poupança tornou-se definitivamente mais vantajosa, combinando liquidez e facilidade. Para prazos de um a dois anos, tornou-se quase indiferente a escolha entre poupança e fundo DI, dependendo da taxa do fundo.

No lado pós-fixado, os diferenciais de rentabilidade poderão ser encontrados nos CDBs de bancos médios que pagarem mais de 100% do CDI, que normalmente também são aplicações de médio prazo, e nas LFTs de prazo mais longo, que vão se beneficiar de uma futura, mas leve, alta de juros, se tudo ocorrer como previsto. Já no lado prefixado, as NTN-Bs permanecem vantajosas, por remunerarem também de acordo com a inflação, que segundo as expectativas do mercado, não ficará abaixo de 5,0% nem no fim deste ano, nem do próximo.

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