Plano: Planejamento tributário pode determinar o sucesso ou o fracasso de um investimento (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2013 às 07h00.
São Paulo – Muitas vezes a diferença entre um investimento bem sucedido e outro nem tanto não é uma questão de arrojo, conhecimento do mercado financeiro ou “timing”. O simples planejamento tributário pode fazer muita diferença em quanto você vai ganhar no final, e os impostos pesam tanto mais quanto maior for o prazo da aplicação e o montante investido.
O exemplo mais simples é a comparação entre aplicações de renda fixa com ou sem a cobrança de imposto de renda. Com a taxa Selic no atual patamar de 9,00% ao ano, a poupança tem um rendimento líquido de 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR). Considerando uma taxa de juro CDI igual à Selic e uma TR igual a zero, a poupança atual seria mais rentável que um CDB de grande banco que pagasse 85% do CDI, em qualquer circunstância.
Isso porque enquanto a poupança é isenta de imposto de renda, os rendimentos dos CDBs são taxados entre 22,5% a 15%, dependendo do prazo. No patamar atual de Selic, os CDBs precisam pagar mais que 90% do CDI para serem rentáveis em qualquer prazo.
Se a comparação for feita com um papel de renda fixa análogo ao CDB, mas isento de IR, a diferença fica ainda mais gritante. Uma Letra de Crédito Imobiliário (LCI) ou uma Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) que pagassem 85% do CDI renderiam mais que a poupança e os CDBs de mesma remuneração em qualquer prazo. LCIs e LCAs também são emitidas por bancos, e funcionam como “CDBs isentos de IR”. Veja as diferenças na tabela:
Poupança | Alíquota de IR | Quanto você teria se aplicasse R$ 1.000 na poupança | CDB 85% do CDI | Alíquota de IR | Quanto você teria se aplicasse R$ 1.000 em CDB | LCI ou LCA 85% do CDI | Alíquota de IR | Quanto você teria se aplicasse R$ 1.000 | |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
6 meses | 3,04% | Zero | 1.030,38 | 2,74% | 22,50% | 1.027,36 | 3,73% | Zero | 1.035,30 |
12 meses | 6,17% | Zero | 1.061,68 | 5,75% | 20% | 1.057,47 | 7,60% | Zero | 1.071,84 |
18 meses | 9,39% | Zero | 1.093,93 | 9,05% | 17,50% | 1.090,48 | 11,62% | Zero | 1.109,68 |
25 meses (acima de dois anos) | 13,28% | Zero | 1.132,80 | 13,22% | 15% | 1.132,18 | 16,50% | Zero | 1.155,51 |
Para os mais abastados, o custo dos impostos em valores absolutos pode chegar a cifras exorbitantes. Por isso mesmo, faz-se ainda mais importante um planejamento tributário. Quem tem alguns milhões para investir dispõe de outras ferramentas para fazer um planejamento tributário mais eficiente.
É o caso dos fundos exclusivos fechados. Fundos fechados costumam ter prazo determinado e recolhimento de IR apenas na hora do resgate, ao passo que os fundos abertos – como a maioria dos fundos de investimento aos quais os investidores de varejo têm acesso – sofrem a incidência de IR na forma de “come-cotas”: a cada seis meses o Leão recolhe 15% sobre os rendimentos na forma de cotas, o que deixa todos os cotistas com menos cotas em mãos.
“A vantagem de não ter o ‘come-cotas’ é que a quantia que seria paga de IR permanece rendendo no fundo até o final”, explica Francisco da Costa Carvalho, vice-presidente da Lecca Investimentos. Ele explica que os fundos exclusivos – destinados a apenas um ou alguns cotistas – normalmente são constituídos também como fundos fechados, de modo a aproveitar esse benefício fiscal.
O prazo é determinado, mas pode ser prorrogado indefinidamente, para que o fundo exclusivo se torne o veículo de investimentos daquela família por tempo indeterminado. “O cotista poderá tirar dinheiro do fundo antes do término do prazo sem problemas. Trata-se não de um resgate, mas de uma amortização. Ele só vai pagar IR quando sacar o dinheiro”, esclarece Carvalho.
Acontece que para fazer um fundo exclusivo, é preciso destinar a ele ao menos 3 milhões de reais. “Com 3 milhões de reais, pensando num prazo de cinco anos, o fundo exclusivo já se paga. É o mínimo para começar a pensar nesse instrumento”, diz o vice-presidente da Lecca.
Supondo um retorno anual de 9,00% ao ano, um investimento de 3 milhões de reais em um fundo exclusivo fechado renderá, em 20 anos, 1,7 milhão de reais a mais do que o mesmo valor aplicado em um fundo aberto com a mesma rentabilidade, em função do “come-cotas”. Em 30 anos, a diferença chega a brutais 7 milhões de reais.
Observe na tabela a seguir, elaborada pela Lecca, a diferença no montante final entre os dois casos, considerando resgates feitos ao fim de cada período:
Período (anos) | Fundo Exclusivo Fechado | Fundo Aberto | Vantagem Fiscal |
---|---|---|---|
0 | R$ 3.000.000 | R$ 3.000.000 | R$ 0 |
5 | R$ 4.373.491 | R$ 4.332.043 | R$ 41.448 |
10 | R$ 6.486.777 | R$ 6.255.532 | R$ 231.245 |
15 | R$ 9.738.330 | R$ 9.033.078 | R$ 705.252 |
20 | R$ 14.741.247 | R$ 13.043.894 | R$ 1.697.353 |
25 | R$ 22.438.856 | R$ 18.835.570 | R$ 3.603.285 |
30 | R$ 34.282.580 | R$ 27.198.833 | R$ 7.083.747 |
Fonte: Lecca
Veja agora a vantagem fiscal dos ativos isentos de IR, como LCIs e LCAs, em relação aos fundos exclusivos e abertos. A diferença é que essa estratégia requereria alta concentração de uma quantia muito grande. Mas a evidência da vantagem da isenção de IR fica ainda mais gritante:
Ano | Ativo Isento (LCI ou LCA) | Vantagem fiscal em relação ao fundo fechado | Vantagem fiscal em relação ao fundo aberto |
---|---|---|---|
0 | R$ 3.000.000 | R$ 0 | R$ 0 |
5 | R$ 4.615.872 | R$ 242.381 | R$ 283.829 |
10 | R$ 7.102.091 | R$ 615.314 | R$ 846.559 |
15 | R$ 10.927.447 | R$ 1.189.117 | R$ 1.894.369 |
20 | R$ 16.813.232 | R$ 2.071.985 | R$ 3.769.338 |
25 | R$ 25.869.242 | R$ 3.430.386 | R$ 7.033.672 |
30 | R$ 39.803.035 | R$ 5.520.455 | R$ 12.604.202 |
Fonte: Lecca
Vídeo: Troco a poupança por papéis isentos de IR?
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