Preço do aluguel tem queda real de 0,68% no 1º semestre
O Índice FipeZap de Locação subiu 1,93% na primeira metade do ano, abaixo da inflação. Locatários têm poder para barganhar o reajuste do aluguel
Júlia Lewgoy
Publicado em 17 de julho de 2018 às 05h30.
Última atualização em 17 de julho de 2018 às 05h30.
São Paulo - O preço do aluguel de imóveis se manteve praticamente estável na primeira metade do ano. O Índice FipeZap de Locação , que acompanha o preço médio de imóveis anunciados para alugar em 15 cidades brasileiras, sofreu uma queda real de 0,68% no primeiro semestre.
A queda real é registrada quando o valor de um determinado bem sobe menos que a inflação, medida pelo IPCA . Nos primeiros seis meses de 2018, o preço médio do aluguel subiu 1,93%. enquanto a inflação foi de 2,60%.
Vale destacar que a variação real não é obtida com uma simples subtração. Para realizar o cálculo, é preciso dividir a oscilação dos preços pela variação da inflação.
Entre as cidades monitoradas, apenas três registraram recuo no preço médio do aluguel na primeira metade do ano: Niterói (-1,41%), Rio de Janeiro (-0,48%) e São Bernardo do Campo (-0,23%).
Locatário pode barganhar reajuste
Em junho, o preço do aluguel subiu 0,03%, enquanto a inflação foi de 1,26% no mesmo período. A tendência é que o preço do aluguel siga subindo abaixo da inflação até o fim do ano, segundo o economista da Fipe Bruno Oliva, pesquisador do Índice FipeZap.
Nos últimos 12 meses, o preço do aluguel subiu 0,75%, enquanto a inflação medida pelo IPCA foi de 4,39%. Já a inflação medida pelo IGP-M , índice tradicionalmente usado para reajustar os aluguéis, foi ainda maior: de 6,94% no período.
“O IGP-M é descolado da realidade do mercado imobiliário, por isso, o locatário tem poder de barganha para negociar que o aluguel não seja reajustado pelo IGP-M. O proprietário que perder o locatário não vai conseguir outro que aceite pagar quase 7% mais caro”, explica Oliva.
Preço médio em cada cidade
O valor médio do aluguel de imóveis nas cidades monitoradas pelo Índice FipeZap em junho foi de 28,51 reais por metro quadrado. São Paulo se manteve como a cidade com o maior valor médio por metro quadrado do país, de 36,74 reais. Já a cidade com o valor do aluguel mais barato por metro quadrado, de 16,10 reais, foi Goiânia .
A seguir, confira o preço médio do metro quadrado anunciado para locação e a variação dos preços nas 15 cidades pesquisadas pelo Índice FipeZap. Nas cidades em que o preço está caindo, o poder do locatário para negociar preço é maior.
Cidade | Preço médio do metro quadrado em maio | Variação do preço em junho | Variação do preço em 2018 | Variação do preço nos últimos 12 meses |
---|---|---|---|---|
São Paulo | R$ 36,74 | 0,28% | 3,11% | 2,91% |
Rio de Janeiro | R$ 31,03 | -0,66% | -0,22% | -6,14% |
Distrito Federal | R$ 29,74 | 0,42% | 4,66% | 5,04% |
Santos | R$ 29,20 | 0,01% | 1,72% | 1,36% |
Recife | R$ 25,27 | 0,72% | 4,08% | 7,29% |
Florianópolis | R$ 22,65 | -0,54% | 1,40% | 1,21% |
Porto Alegre | R$ 21,26 | 0,37% | 1,09% | -0,29% |
Campinas | R$ 20,86 | -0,25% | 1,45% | 0,10% |
Niterói | R$ 20,47 | -0,24% | -1,41% | -6,71% |
Belo Horizonte | R$ 20,25 | 0,39% | 1,97% | 2,52% |
Salvador | R$ 20,18 | -0,63% | 2,73% | 4,35% |
São Bernardo do Campo | R$ 18,73 | 0,44% | -0,23% | 0,09% |
Curitiba | R$ 17,29 | 0,95% | 1,12% | 4,20% |
Fortaleza | R$ 16,17 | -0,54% | 0,12% | -1,15% |
Goiânia | R$ 16,10 | -0,30% | 5,43% | 5,98% |
Retorno do investimento em imóveis
Em junho, o retorno médio para investidores que optaram por alugar seu imóvel foi de 4,40% ao ano. A taxa avalia o retorno médio que um proprietário teria em 12 meses com a locação do imóvel, sem considerar possível ganhos com valorização ou desvalorização decorrente do aumento ou da queda no preço dos imóveis no período.
A rentabilidade do aluguel é calculada por meio da divisão entre o preço médio de locação mensal e o preço médio de venda mensal. A taxa ao ano é obtida multiplicando-se o resultado por 12.
O retorno do aluguel de imóveis ficou abaixo da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 6,50% ao ano. A taxa está no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986.
Ou seja, há outras opções de investimentos de renda fixa mais atraentes do que o aluguel de imóveis. Os fundos imobiliários também são alternativas para quem gosta de investir em imóveis, mas busca retornos maiores. Veja dicas para investir.