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Para corretoras, é hora das ações à prova de quebra

Carteiras recomendadas para outubro mostram uma enorme predominância de papéis de empresas que ficariam em pé mesmo com o agravamento da crise na Europa

Hidrelétrica da AES Tietê: uma das empresas mais defensivas da Bovespa (Divulgação)

Hidrelétrica da AES Tietê: uma das empresas mais defensivas da Bovespa (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2011 às 08h26.

São Paulo – Uma análise das ações recomendadas pelas corretoras para investimentos na Bovespa em outubro deixa claro que não é hora de tomar risco. Entre as 170 indicações feitas por 16 corretoras, percebe-se uma predominância de setores considerados defensivos no mercado. São, basicamente, empresas que têm como características a forte geração de caixa, a baixa oscilação das receitas e as chances diminutas de quebra em caso de calote generalizado na Europa.

Após o anúncio da Grécia de que não vai conseguir cumprir as metas estabelecidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para a liberação de novas parcelas do resgate financeiro, o calote de Atenas parece mais próximo do que nunca. Ainda que o PIB grego represente menos de 2% do total da zona do euro, o mercado teme que a crise respingue em outros países.

Bancos alemães e franceses estão carregados de títulos gregos e poderão precisar de mais capital assim que o calote for confirmado. Ao mesmo, países como Portugal, Irlanda, Espanha e Itália deverão enfrentar uma pressão maior dos credores, que resgatarão papéis ou cobrarão juros maiores para rolar a dívida dos PIIGS.

Investidores ao redor do mundo divergem sobre o tamanho do pacote de ajuda necessário para manter bancos e países mediterrâneos em pé, mas todos concordam que se trata de muito mais dinheiro do que os 440 bilhões de euros que devem ser injetados no fundo de estabilização financeira assim que todos os países da zona do euro avalizem a operação.

Enquanto não houver uma sinalização de uma ação concreta para resolver o problema, os investidores devem continuar a jogar na retranca. Faz sentido. Diversas ações dos setores de energia, telefonia e serviços financeiros têm apresentado retornos superiores aos da renda fixa neste ano. São justamente essas empresas que têm ganhado mais espaço nas carteiras recomendadas.

Das 170 ações indicadas por 16 corretoras, 21 são do setor de energia, com destaque para a AES Tietê. A empresa quase não faz investimentos e possui hidrelétricas que devem continuar a gerar caixa independentemente da situação econômica mundial. Os contratos de energia firmados são corrigidos pela inflação, o que afasta também o risco de efeitos negativos da alta dos preços sobre a demanda.

Outro setor que se destacou foi o de telefonia, com dez indicações. A mais queridinha é a Telesp, que incorporou a Vivo e passou a concentrar as operações do grupo Telefônica no Brasil. Já no setor de infraestrutura, a grande aposta das corretoras é a concessionárias de rodovias CCR. Ainda dentro da lógica defensiva, está o setor de serviços financeiros. As 10 indicações dos analistas estão concentradas principalmente entre a Cetip e a Cielo.


As escolhas também devem ser bastante defensivas entre as ações ligadas ao consumo interno, como empresas de varejo, alimentos e shoppings. Essas companhias tiveram nada menos do que 30 indicações. Os principais destaques são a Brasil Foods e a BR Malls. Os analistas apostam que esses papéis devem sofrer menos em caso de agravamento da crise na Europa porque, com a expectativa de queda dos juros, a economia brasileira deve apresentar uma desaceleração menor.

Por serem negociados por múltiplos inferiores à média histórica, os bancos também receberam 14 indicações dos analistas. O número ainda é pequeno perto do que se via no passado. O setor bancário mundial tem sofrido muito com a possibilidade de calotes na Europa. Outra precaução dos analistas foi concentrar as indicações em grandes instituições financeiras (Banco do Brasil, Bradesco e Itaú), consideradas as mais seguras.

Da mesma forma, o setor de commodities não sumiu das carteiras recomendadas. As preferidas, entretanto, também são as maiores empresas da bolsa. A Vale obteve 10 indicações enquanto a Petrobras conquistou a preferência de 6.

Já os setores considerados mais arriscados pelos investidores praticamente sumiram das carteiras recomendadas. Não há, por exemplo, nenhuma ação de frigorífico de carne bovina nem companhias aéreas entre as preferidas dos analistas. Ações de empresas do bilionário Eike Batista, que estão em estágio inicial de produção ou ainda em fase pré-operacional, também garantem uma presença bem mais tímida do que há alguns meses nas listas divulgadas pelas corretoras.

A única exceção foram as ações das incorporadoras e empresas de materiais de construção. Essas empresas dependem muito do crédito e da confiança do consumidor para gerar receitas. No entanto, elas conseguiram angariar 12 indicações entre as carteiras recomendadas, com destaque para a PDG Realty. Entre as explicações, está o fato de que várias dessa empresas já terem caído mais de 50% neste ano. Após tamanha surra, os investidores entendem que a possibilidade de novas quedas diminuiu.

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