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Os piores e melhores investimentos de março

Ibovespa caiu mais de 2% no mês e puxou para baixo o desempenho dos fundos de ações. Já os títulos públicos e os fundos cambiais subiram. Veja ranking

Campeões: Títulos públicos lideraram ranking de investimentos de EXAME.com em março (./Thinkstock)

Campeões: Títulos públicos lideraram ranking de investimentos de EXAME.com em março (./Thinkstock)

Anderson Figo

Anderson Figo

Publicado em 31 de março de 2017 às 19h55.

São Paulo — O noticiário recente menos favorável ao governo do presidente Michel Temer, a atividade econômica do país, que iniciou o ano com desempenho pior que o esperado, e o cenário externo pressionaram a renda variável em março. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, cedeu 2,52% no período, guiando os fundos de ações indexados ao pior desempenho no ranking de investimentos de EXAME.com —uma baixa de 2,88%.

Os fundos de ações small caps acompanharam esse movimento e ficaram com o segundo pior desempenho no mês: uma queda de 2,53%. Na ponta oposta, a renda fixa encabeçou a lista das melhores performances. O Tesouro IPCA+ com vencimento em 2019, título público que acompanha a inflação e que é vendido pela plataforma Tesouro Direto, subiu 1,28% no mês.

Já o Tesouro Prefixado com vencimento em 2018 avançou 1,10% e ficou com a segunda colocação entre as maiores altas do ranking em março. Enquanto isso, os fundos cambiais subiram 1,04% no mês, refletindo o salto de 0,62% do dólar no período.

Planejadores financeiros indicam a aplicação em fundos cambiais apenas para pessoas que precisam se proteger da oscilação de moedas estrangeiras. É o caso, por exemplo, de quem vai viajar ao exterior.

Fora dessa circunstância, esse investimento não é recomendado aos pequenos investidores, uma vez que a taxa de câmbio varia muito. Em todos os casos, a orientação é sempre lembrar que a rentabilidade passada não significa garantia de rendimento futuro.

É importante mencionar que o ranking de investimentos considera a rentabilidade bruta das aplicações no mês e em 2017, sem descontar Imposto de Renda. Em aplicações em fundos de ações, há IR de 15%.

Nos fundos de curto prazo, a alíquota é de 22,50% para resgates em até 180 dias e de 20% para resgates depois de 180 dias. Nas demais categorias de fundos (longo prazo), a tributação segue tabela regressiva, em que a alíquota varia entre 15% e 22,5%, conforme o prazo de vencimento.

Os títulos públicos também são tributados pela tabela regressiva de IR. Veja o passo a passo para investir no Tesouro Direto e como escolher a corretora. A poupança não tem cobrança de Imposto de Renda e a aplicação em ouro também é isenta de IR até 20 mil reais.

Confira o ranking de investimentos de março:

InvestimentoDesempenho em marçoDesempenho em 2017
Tesouro IPCA+ 2019 (NTN-B Principal)1,28%3,99%
Tesouro Prefixado 2018 (LTN)1,10%3,77%
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2021 (NTN-F)1,08%6,60%
Fundos Renda Fixa Indexados*1,08%4,86%
Tesouro Prefixado 2021 (LTN)1,05%7,31%
Fundos Cambiais*1,04%-2,96%
Fundos de Renda Fixa Investimento no Exterior*0,96%3,47%
Tesouro Selic 2021 (LFT)0,90%2,83%
Fundos Multimercados Livre*0,85%4,12%
Tesouro Selic 2023 (LFT)0,82%-
Fundos Renda Fixa Simples*0,78%2,50%
Fundos Multimercados Investimento no Exterior*0,73%3,05%
Ouro BM&F0,64%5,22%
Poupança**0,54%1,20%
Fundos de Ações Investimento no Exterior*-0,58%4,37%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 (NTN-B)-0,79%7,75%
Fundos de Ações Livre*-1,82%8,01%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTN-B)-1,95%9,40%
Fundo de Ações Dividendos*-2,23%8,47%
Tesouro IPCA+ 2035 (NTN-B Principal)-2,35%10,75%
Fundos de Ações Small Caps*-2,53%12,39%
Fundos de Ações Indexados*-2,88%7,33%

Referências:

InvestimentoDesempenho em outubroDesempenho em 2016
Ibovespa-2,52%7,90%
Selic***1,01%2,99%
CDI***0,96%2,94%
IPCA****0,23%4,12%
Dólar comercial0,62%-3,63%

*Até 28 de março, dado mais atual disponível na Anbima.
**Até 28 de março.
***O desempenho mensal se refere aos últimos 30 dias até a data de fechamento.
****Projeção do Boletim Focus do Banco Central.
Fontes: Anbima, BM&FBovespa, Thomson Reuters, Banco Central do Brasil e Tesouro Nacional.

Avaliação

Para o estrategista Luis Gustavo Pereira, da Guide Investimentos, pesou negativamente sobre o mercado de ações brasileiro o cenário político. "Há uma certa resistência em relação ao enredo político atual."

Os desdobramentos de operações da Polícia Federal, como a Carne Fraca, por exemplo, também pesaram negativamente sobre importantes empresas da Bolsa e contribuíram para o desempenho negativo do mercado em março.

"No exterior o clima também não foi favorável. O Trump fracassou na tentativa de reforma do Obamacare, o que levantou dúvidas sobre se ele terá apoio na aprovação de medidas que irão beneficiar as empresas. E, na Europa, todos estão de olho nas eleições na França", disse Pereira.

Apesar do desempenho negativo em março, a expectativa do estrategista da Guide para a Bolsa brasileira segue otimista. "Ainda vemos um cenário de melhora para os lucros das empresas e a alta do Ibovespa no ano, mesmo com o tombo desse mês, segue perto de 8%."

Pereira acredita que o Ibovespa deverá encerrar 2017 entre 72.000 e 78.000 pontos. "O mais provável é que fique perto de 74.000 pontos", afirmou.

Dólar

Em relação ao câmbio, o economista do Insper e fundador da BeeCâmbio Fernando Pavani avalia que os investidores devem se manter atentos aos avanços da operação Carne Fraca, que poderá afetar as exportações e impactar a balança comercial brasileira.

"O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços no Brasil divulgou, em 24 de março, que a média diária das exportações de carnes recuou 19% na semana, em comparação com a média diária até a semana anterior, antes da operação Carne Fraca. O patamar abaixo de R$ 3,10 daquela semana ainda foi atrativo para os investidores que buscavam recompor carteiras. Esses fatores seguraram a tendência de queda, e com isso o dólar fechou em R$ 3,1083. No saldo da semana, a alta foi de 1,19%", disse.

Além disso, Pavani também acredita que a possível aprovação da reforma trabalhista pode trazer valorização do real em abril.

"De acordo com declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a jornalistas, a expectativa é de que a reforma trabalhista seja votada a partir de 17 de abril. Ainda segundo o parlamentar, a reforma da Previdência será votada no começo de maio", ressaltou.

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