Minhas Finanças

Os melhores e os piores investimentos de 2011

Imóveis, ouro e renda fixa largam na frente; Ibovespa perde 20% no ano

Imóveis residenciais tiveram a maior alta do ano. No Rio, valorização de 33% foi o destaque. (Divulgação)

Imóveis residenciais tiveram a maior alta do ano. No Rio, valorização de 33% foi o destaque. (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2011 às 11h36.

São Paulo – O ano de 2011 foi marcado pela crise europeia, que desancou as bolsas ao redor do mundo: países sofrendo com grande endividamento, líderes lentos para decidir e até questionamentos sobre a continuidade do euro apavoraram investidores que correram para ativos reais e para a renda fixa. A lenta recuperação americana não ajudou, mas a aversão generalizada ao risco levou o dólar a fechar o ano em alta.

No Brasil, o resultado não poderia ter sido diferente. O Ibovespa sofreu e os grandes destaques do ano foram os imóveis, o ouro e a renda fixa, em especial os seguros títulos públicos. A economia deve crescer cerca de 3%, menos que o esperado inicialmente, mas mesmo assim o mercado interno continua aquecido.

No meio do ano, o Banco Central decidiu iniciar um novo ciclo de queda de juros, surpreendendo o mercado, e recentemente o governo resolveu tomar novas medidas de estímulo ao consumo. A inflação, no entanto, ainda preocupa, e deve fechar o ano acima do teto da meta. Como resultado, as empresas ligadas ao mercado interno brilharam na Bolsa, assim como os títulos atrelados à inflação.

“Esse ranking de investimentos é típico de um ano de crise, em que as pessoas correm para ativos reais, como o ouro ou os imóveis”, comenta Sinara Polycarpo, superintendente de investimentos do Santander. Confira o desempenho dos investimentos no ano, em ordem decrescente de rentabilidade.

Imóveis residenciais
Ouro
Títulos públicos
Fundos de renda fixa
Fundos multimercados
Fundos DI
Dólar
Fundos imobiliários
Poupança
Fundos de ações ativos
Ibovespa
Fundos de Small Caps


Imóveis residenciais: 25%

A valorização média dos imóveis residenciais foi a maior entre os investimentos brasileiros e continuou a ser uma das maiores altas imobiliárias do mundo em 2011. Os imóveis valorizaram em média 25% entre janeiro e novembro, data do último índice FipeZap, que apura os valores dos imóveis em sete capitais brasileiras.

A continuação da euforia tanto se relaciona com o bom momento da economia interna quanto com a aversão dos investidores ao risco da bolsa de valores. Em épocas de crise, o investimento em imóveis costuma ganhar espaço – até investidores estrangeiros vêm aquecendo a demanda por esses ativos no Brasil, principalmente em regiões já muito valorizadas, como a Zona Sul do Rio de Janeiro.

Por aqui, o mercado interno também continuou colaborando para que a demanda fosse maior que a oferta. O crescimento da economia e da renda, a maior oferta de crédito, os incentivos governamentais à habitação popular e os grandes investimentos em infraestrutura foram os principais motores da demanda.

As maiores altas do ano ocorreram no Rio de Janeiro (33,40%), no Recife (27,70%) e em São Paulo (25,20%). No Rio, os investimentos para grandes eventos esportivos, na exploração de petróleo e gás e na pacificação das favelas, bem como a escassez de terrenos em áreas nobres e a grande procura de investidores estrangeiros puxaram os preços para cima. Em Recife, o maior fator é o Porto de Suape, que vem atraindo mão de obra especializada para a cidade.

A alta acentuada nos preços dos imóveis, porém, pode estar perto do fim. A valorização média de 1,4% em novembro foi a menor dos últimos 15 meses. Foi o sétimo mês seguido de desaceleração no ritmo de alta, de acordo com o FipeZap. Mas essa não é uma tendência tão clara. De acordo com a última pesquisa Ibope de preços de imóveis residenciais, ainda não há sinais evidentes de desaceleração na alta dos preços.

Ouro: 20,12%

Como já é típico em anos de crise e incertezas, o ouro registrou novamente este ano uma das maiores altas anuais. A valorização de mais de 20% fez com que 100.000 reais aplicados no metal precioso se tornassem 120.000 reais até 13 de dezembro. Trata-se da busca dos investidores por proteção de seu poder de compra em ativos reais, em um momento de aversão ao risco.

“O preço do ouro praticamente multiplicou por dez nos últimos dez anos, valorizando mais do que o Ibovespa”, lembra Sinara Polycarpo, do Santander. Por ter natureza de diversificação e ser muito arriscado, podendo oscilar bruscamente, o ouro não costuma ser indicado para pessoas físicas. Uma maneira de se beneficiar da alta do metal sem ser prejudicado no caso de uma reversão da crise é aplicar em um fundo de capital protegido atrelado ao ouro, em que o investidor recebe de volta pelo menos o que aplicou.


Títulos públicos: destaque para a inflação

O ano de 2011 foi ótimo para os títulos públicos, em especial para os prefixados e os atrelados à inflação, que também possuem uma parte da remuneração prefixada. O motivo foi o início do ciclo de queda de juros em agosto, e a expectativa de que a Selic chegue a 9% no ano que vem. Além disso, a inflação acabou ficando acima dos 5% esperados pelo mercado no início do ano, e deve fechar 2011 em 6,51%.

“No início do ano, os títulos atrelados à inflação estavam pagando juro real superior a 6%, mais IPCA, o que é espetacular. A tendência do juro real é cair mais no curto prazo”, diz Sinara. Para ela, esses títulos só são interessantes para quem pode abrir mão de liquidez, uma vez que a volatilidade diária é bem grande. “Para quem pretende levar o título até o vencimento, o mais interessante é a NTN-B Principal, que não paga juros semestralmente, apenas no final da aplicação”, recomenda.

Os títulos atrelados ao IPCA foram, portanto, os destaques positivos entre os títulos públicos. As Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-Bs) com vencimento mais próximo, em agosto de 2012, tiveram rentabilidade de 13,80% até 12 de dezembro. Isso significa que quem aplicou 100.000 reais no papel tinha, nesta data, 113.800 reais. As maiores rentabilidades foram as das NTN-Bs (comum e Principal) que vencem em maio de 2015, cujos rendimentos ultrapassaram os 16%.

Entre os prefixados, as Letras do Tesouro Nacional (LTNs), com vencimento em janeiro de 2012 tiveram rendimento de 11,56%, e aquelas que vencem em janeiro de 2013 renderam 14,31%. As Notas do Tesouro Nacional série F (NTN-Fs) de prazos semelhantes tiveram mais ou menos a mesma rentabilidade. Já as de prazos mais longos chegaram a render mais de 17% - caso da NTN-F que vence em 2021.

Como a Selic começou a cair no fim de agosto, fechando o ano a 11%, os títulos pós-fixados (LFTs), que acompanham a flutuação dos juros, não tiveram um desempenho tão bom. Mesmo assim, como a taxa básica da economia ainda estava alta no início do ano, a rentabilidade acumulada não foi nada má, ficando mesmo em torno dos 11% para todos os vencimentos. Para uma aplicação de 100.000 reais, isso significa um rendimento bruto de 11.000 reais, com risco praticamente zero.

Para Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos, as NTN-Bs devem continuar a ser boas pedidas em 2012. “O governo errou, em 2009, ao demorar para retirar os estímulos à economia, e acreditamos que isso ocorrerá novamente. O mercado espera uma inflação de 5,4% no fim de 2012, mas nós esperamos que a alta da inflação possa chegar a 6%”, diz Petrassi.

Na visão do especialista, os títulos pós-fixados continuarão indicados para quem quiser evitar riscos ou tiver objetivos de curto prazo. Já os prefixados, apesar do bom desempenho neste ano, serão aplicações mais arriscadas no ano que vem. O mercado já precifica a queda de juros, o que fez com que o prêmio pago pelos prefixados em relação aos pós-fixados já tenha caído bastante. “A queda de juros pode estancar e até reverter se houver melhora no cenário econômico mundial, e não acreditamos numa piora significativa da crise”, observa Petrassi.


Fundos de renda fixa: 11,75%

Os fundos de renda fixa seguiram o bom desempenho dos títulos públicos, especialmente os prefixados, e acumularam uma rentabilidade média de 11,75% até 13 de dezembro, segundo dados da Anbima. Apesar de as taxas de administração serem mais altas nos fundos do que no Tesouro Direto, os fundos de investimento em renda fixa permitem ao investidor tirar a maior vantagem possível do momento econômico, uma vez que o gestor tem liberdade para comprar oportunamente títulos pré ou pós-fixados, ou mesmo atrelados à inflação.

Fundos multimercados: refúgio na renda fixa

A rentabilidade média dos diversos tipos de fundos multimercados também foi bastante parecida com a da renda fixa. Livres para aplicar tanto em renda fixa quanto em renda variável, esses fundos são bem sucedidos quando o gestor consegue andar em linha com o cenário econômico. Como a renda fixa se destacou em 2011, os multimercados aproveitaram para dar preferência aos títulos públicos, registrando um desempenho médio semelhante a eles.

Os fundos multimercados macro acumularam rentabilidade de 11,13% até 13 de dezembro. No mesmo período, os multimercados multigestor (com mais de um gestor) renderam 10,14%, os de estratégia específica renderam 11,13% e os multiestratégia (que utilizam mais de uma estratégia de investimentos) renderam 9,73%. Os mais bem-sucedidos foram aqueles focados em trading (12,20%) e os que investem em contratos futuros de juros e moedas (12,00%).

Fundos DI: 11,10%

Menos rentáveis entre os fundos de renda fixa, os fundos referenciados DI, que acompanham a flutuação da taxa de juros, renderam 11,10%, em linha com a Selic atual. Esses fundos, com liquidez diária e geralmente para aplicações de prazos mais curtos, costumam aplicar em LFTs, CDBs que paguem um percentual do CDI e em contratos de CDI futuros.

Com a Selic a 11% e com perspectivas de queda maior, porém, já é hora de o investidor rever a aplicação em fundos DI. Atualmente, fundos de taxas altas - de 2% ao ano, por exemplo - já tornam os fundos DI desvantajosos em relação à poupança para aplicações com menos de um ano. Caso a Selic caia a 9,5% no futuro, a poupança já se torna melhor que os fundos DI com taxa de administração de apenas 1% ao ano. Nesses casos, para acompanhar o CDI, investir diretamente em LFTs é o melhor a se fazer, pois as taxas de administração para operar o Tesouro Direto costumam ser bem menores que as taxas dos fundos.

Dólar: 10,48%

A alta do dólar em 2011 refletiu um típico ano de crise. Enquanto a moeda americana viu recuo de 4,53% em 2010, a crise europeia deste ano e os questionamentos em torno da continuidade do euro levaram os investidores a se refugiar no dólar e nos títulos americanos em busca de maior segurança. Como resultado, o dólar valorizou 10,48% até 13 de dezembro, quando fechou a 1,83 real.


Mesmo assim, especialistas só recomendam investimentos em ativos atrelados ao dólar para quem tem obrigações na moeda americana, como dívidas ou mesmo uma viagem marcada para o exterior. “O mercado de câmbio é muito arriscado e volátil, principalmente em tempos de crise”, ressalva Paulo Petrassi, da Leme Investimentos.

Fundos imobiliários: 8,96%

O mercado de fundos imobiliários teve rentabilidade média de 8,96% ao ano, aparecendo no ranking abaixo da renda fixa, segundo dados divulgados por Sérgio Belleza Filho, consultor especializado no assunto. O percentual aparentemente baixo para o setor na verdade reflete a grande variação de rentabilidade entre os fundos existentes. O fundo mais rentável do ano, o BB Progressivo, chegou a lucrar 59,35%. Os nove fundos mais rentáveis renderam de 20% para cima, o que significa que quem investiu 100.000 reais em um deles neste ano ganhou pelo menos 20.000 reais.

Em compensação, nove fundos viram desvalorização este ano, entre eles o Square Faria Lima e o Shopping Pátio Higienópolis. A queda mais brusca foi a do Mais Shopping Largo 13, cuja rentabilidade encolheu 33,06%. Ou seja, quem aplicou 100.000 reais nesse fundo agora tem apenas 66.940 reais.

Poupança: 7,44%

A caderneta de poupança rendeu 6,81% até 14 de dezembro, mal batendo a inflação do ano. Com essa rentabilidade, a mais baixa entre os investimentos que se mostraram positivos no ano, 100.000 reais geraram um lucro de 6.810 reais.

Fundos de ações ativos: -7,88%

A renda variável foi o grande desastre do ano. As bolsas sofreram com a crise europeia, os questionamentos em torno da continuidade do euro e a lenta recuperação da economia americana. A aversão ao risco gerou uma corrida para ativos mais seguros, e no Brasil, os investidores pessoas físicas fugiram da bolsa.

Apesar do tombo de quase 20% do Ibovespa, os fundos ativos de ações conseguiram se manter, na média, bem acima do índice, com retração de “apenas” 7,88%. Para uma aplicação no valor de 100.000 reais, isso representa uma perda de 7.880 reais. O que “salvou” as carteiras este ano foram as ações de empresas que pagam bons dividendos, como as do setor de energia elétrica, e aquelas ligadas ao mercado interno, como as do setor de consumo. Prova disso foi o desempenho médio dos fundos de dividendos, positivo em 0,29%.

“Se o investidor se organizar bem e diversificar, ele pode proteger melhor sua carteira e até ganhar dinheiro com ações. A carteira recomendada de dividendos do Santander, por exemplo, rendeu 19,55% ao ano, basicamente concentrada no setor de energia. Uma coisa é o Ibovespa, outra coisa é a carteira que o investidor pode montar”, diz Sinara Polycarpo, superintendente de investimentos do Santander, lembrando a importância de fazer uma boa escolha de ações, mesmo em tempos de crise.


Ibovespa: -17,04%

Já o Ibovespa amargou perdas de 17,04% até 13 de dezembro deste ano, refletindo o mau humor internacional. Isso se deve ao grande peso de empresas muito ligadas ao mercado externo no índice, como Vale e Petrobras, cujas ações perderam mais de 20% no ano. Algumas ações chegaram a cair mais de 50%. Até mesmo a surpreendente queda dos juros em agosto, que em tese beneficiaria a bolsa num primeiro momento, pode ter surtido efeito negativo. “Como o mercado não estava esperando esse corte nos juros, passou a questionar a ingerência política nas decisões econômicas”, diz João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos.

Também pesaram contra o índice o mau desempenho de ações de empresas que apresentaram problemas internos ou setoriais. A B2W e a Hypermarcas são casos emblemáticos, com desvalorizações de mais de 60%. A primeira teve dificuldades em virtude do aumento da concorrência no setor de comércio eletrônico. Já a segunda apresentou resultados aquém do esperado após sua onda de aquisições e teve que se desfazer de alguns ativos do seu diversificadíssimo portfólio.

Outro destaque negativo foi o setor de construção, no qual as empresas sofreram com escassez de mão-de-obra e com os erros nas previsões de custos das obras, o que acabou tendo impacto negativo nas margens. Na ponta vencedora, brilharam as empresas ligadas ao consumo e ao mercado interno, bem como as boas pagadoras de dividendos. As líderes de altas do índice são Redecard e Cielo, cujas ações sobem, respectivamente, 45% e 44% em 2011. Equivale a dizer que, quem investiu 100.000 reais em um desses papéis hoje tem cerca de 145.000 reais.

Especialistas não esperam que 2012 seja um ano bom para a bolsa, mas tampouco deixam de recomendar o investimento em ações. As incertezas em relação à economia mundial vão continuar, o que impede uma melhora no desempenho das ações brasileiras. Mesmo assim, como é difícil prever o início da recuperação, a recomendação geral é de montar uma carteira balanceada para um prazo de, no mínimo, dois anos.

“O ano de 2012 pode ser ruim novamente para o Ibovespa, mas não necessariamente para as ações da sua carteira. E como é difícil para o investidor acertar o momento da recuperação, é melhor colocar o percentual do patrimônio confortável para não perder o bonde”, diz Sinara Polycarpo, do Santander.

Fundos de ações Small Caps : -17,79%

Os fundos que só investem nas ações de Small Caps tiveram desempenho ainda pior que o Ibovespa, com perdas de 17,79% até 13 de dezembro. A crise internacional e seu impacto no crescimento econômico afetaram todas as empresas, mas as companhias menores sofreram mais. “Num ambiente de mais incertezas e risco maior, os grandes investidores evitam as ações menos negociadas da bolsa”, explica Frederico Sampaio, diretor de Investimentos da Franklin Templeton.

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