Gavin Littlejohn, presidente da Associação Britânica de Dados Financeiros (FTDATA), abriu o evento Future of Money, da EXAME (./Divulgação)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2020 às 13h39.
Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 18h34.
A entrada em vigor do open banking no Reino Unido levou bancos e fintechs a elevar a barra de qualidade de serviços e produtos oferecidos aos clientes. Além disso, favoreceu o desenvolvimento do setor financeiro, na medida em que fintechs passaram a crescer e a valorizar mais e, como efeito, a atrair recursos de investidores. São benefícios relatados pelo inglês Gavin Littlejohn, presidente do conselho da Associação Britânica de Dados Financeiros (FDATA) e um dos maiores especialistas do mundo em open banking.
A apresentação de Littlejohn fez parte do painel inaugural do Future of Money, evento promovido pela EXAME que vai discutir nas próximas seis semanas as tendências que estão transformando a relação de pessoas e empresas com as finanças.
O dia inaugural do evento terá continuidade nesta quinta às 19h, com apresentação de Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e fundador da Rio Bravo Investimentos. O painel terá novamente transmissão ao vivo pelo YouTube.
O open banking entrou em vigor no Reino Unido no início de 2018. Os dois anos e meio de experiência permitem avaliar outras conquistas para empresas e consumidores. Ele contou que cerca de 40% das empresas britânicas já fazem uso de softwares de contabilidade na nuvem, que estão integrados ao sistema financeiro. Essa interconexão de dados propicia que as empresas tenham acesso a melhores condições de empréstimo e, consequentemente, tenham também condições de aperfeiçoar a tomada de decisões.
Com o open banking e o aumento da concorrência — uma vez que fintechs com acesso a dados bancários dos usuários puderam aperfeiçoar sua oferta de produtos e serviços —, bancos passaram a buscar formas mais eficientes de acessar os clientes, relatou o especialista inglês. Instituições financeiras tradicionais passaram a se preocupar em oferecer uma jornada de experiência para os clientes.
Littlejohn contou que a implementação e a adesão ao open banking no Reino Unido ocorreram de forma gradual: eram oito instituições financeiras no início e, agora, já são centenas de participantes. A esse respeito, ele fez uma ressalva à adoção do sistema compartilhado de informações no Brasil, cuja primeira etapa está prevista para começar em 30 de novembro.
Ele disse que é importante construir um modelo de obrigações dos participantes e que os clientes sejam colocados no centro das tomadas de decisões, e não as fintechs, ainda que elas sejam igualmente beneficiárias da adoção do open banking.
E apontou que a adesão crescente ao open banking vai melhorar a forma como os clientes são tratados.
"Se o cliente tem direito sobre seus dados de modo geral, por que não expressar os direitos sobre serviços financeiros?", disse Littlejohn ao comentar as razões que estão na origem do desenvolvimento do modelo de open banking no mundo.
Ele explicou como funciona o modelo britânico de open banking para as instituições financeiras. Há uma espécie de diretório central que funciona como se fosse um cofre em um quarto. Uma fintech que atenda aos requisitos exigidos pela autoridade poderá ter acesso aos dados de clientes de todos os bancos, e isso permite que as informações sejam acessadas de forma centralizada e segura.
Littlejohn destacou que é fundamental que haja consentimento da parte dos clientes para que seus dados sejam acessados por instituições. E que fique expresso que tais dados não poderão ser utilizados para que outras empresas ofereçam produtos.