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Novo no setor, Leftbank tenta unir investimento e ideologia de esquerda

Grupo, que também inclui uma operadora de telefonia, aposta em mobilização nas redes sociais para crescer; fintech oferece serviços bancários para pessoas físicas e empresas

Leftbank: os investimentos nas empresas foram pequenos, em torno de R$ 500 mil (Leftbank/Reprodução)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de maio de 2021 às 12h39.

Última atualização em 11 de maio de 2021 às 12h40.

Um novo projeto de negócios quer unir investimento e ideologia. Agora, simpatizantes da esquerda têm uma fintech (startup de serviços financeiros) e uma operadora de telefonia celular à sua disposição.

Desde dezembro, o Leftbank está no ar, com a oferta de serviços bancários para pessoas físicas e empresas. Entre os produtos, há pagamento de boletos, transferências, envio de dinheiro por SMS e cartões sem anuidade. São quase 2 mil correntistas. Já o Leftfone vende serviço de telefonia digital a todas as cidades do País, desde 27 de abril.

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"A ideia não é fazer discriminação, mas aproximar grupos de interesse que se inter-relacionam em bolhas: é como se esses consumidores fossem comprar uma marca de roupa com a qual se identificam", diz o Marco Maia (PT-RS), ex-presidente da Câmara diretor-geral do Leftbank.

Apesar de mirarem a esquerda e priorizarem temas como meio ambiente e questões sociais, as empresas nasceram para dar lucro. A Leftfone, por exemplo, não exige fidelização, não cobra multas em caso de saída do plano, aceita consumidores que tenham pendências de crédito e promete atendimento rápido no call center bem como preços mais em conta.

Os investimentos nas empresas foram pequenos, em torno de R$ 500 mil. Na verdade, Maia se aproveitou do fato de plataformas financeiras e serviços de telecom terem virado commodities para customizá-los a seus públicos. Os serviços devem começar a se pagar conforme forem vendidos, diz ele. No caso do Leftfone, o desenvolvimento foi organizado pelo Grupo Cuore, especializado em soluções para negócios de nicho.

Especialistas dizem que a iniciativa pode ser uma boa ideia - apesar de estar limitada pelo público potencial e de a proposta ir contra tendências de inclusão. "Politicamente, é um marcador de mercado interessante", diz Humberto Dantas, cientista político e pesquisador da FGV-SP.

"O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) não defende a compra do pequeno? Grupos ligados a sustentabilidade não defendem o mesmo com relação às empresas com esse discurso? É uma iniciativa legítima de conversar com quem já é convertido", compara Dantas.

O também cientista político Leandro Cosentino, professor do Insper, diz que a iniciativa aproveita o comportamento de manada para criar a "polarização afetiva, em vez de raivosa". "Sempre que há momentos intensos de polarização política, a tendência é reforçar laços com iguais", afirma.

É exatamente na exploração da ideologia que está a estratégia de crescimento. Apenas Maia tem mais de 1 milhão de seguidores no Facebook. "Temos muitos influenciadores digitais de esquerda e vamos acioná-los para dar escala ao negócio."

Gargalos

Há, porém, alguns limitadores, segundo os especialistas. Primeiro, a empresa não desenvolve soluções ou investe em inovação: apenas reúne produtos já existentes, sem estar atenta às mudanças rápidas da economia. Além disso, vai contra a tendência de diversidade e inclusão. Para Fabio Mariano Borges, coordenador na ESPM e especialista em tendências, "as empresas estão mais diversas, e fede a naftalina ir contra a pluralidade".

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