Invest

Nascida no Complexo do Alemão, empresária já levou a educação financeira para mais de 8 mil alunos

Desde 2015, a empresária Aline Soaper possui um instituto para formar educadores financeiros que fatura, atualmente, R$ 5 milhões ao ano

Educação financeira: empresária nascida no Complexo do Alemão fatura R$ 5 milhões por ano com formação de educadores (Carlo Leo Pereira/Divulgação)

Educação financeira: empresária nascida no Complexo do Alemão fatura R$ 5 milhões por ano com formação de educadores (Carlo Leo Pereira/Divulgação)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 10 de março de 2024 às 14h27.

Nascida e criada no Complexo do Alemão, a empresária Aline Soaper já levou a educação financeira para mais de 8 mil através do Instituto Soaper, fundado por ela em 2015. À EXAME Invest, ela conta que o gosto pela educação financeira aliada ao empreendedorismo vem de família, mas que o caminho para alcançar as conquistas não foi fácil. “Eu falo que minha história é de empreender sem recursos.”

Após muitas mudanças de negócios e a formação no curso de Direito, atualmente, ela fatura R$ 5 milhões por ano com o Instituto, e possui duas microfranquias que faturam, juntas, R$ 1 milhão. Além disso, ela também possui uma Organização Não-Governamental (ONG), com cerca de 30 funcionários que ensinam educação financeira gratuitamente.

Infância

É no Complexo do Alemão que a história com a educação financeira e o empreendedorismo surge, com seus pais sempre buscando fazer renda extra para conseguirem mudar de vida. O trabalho era duro, mas mostrou para Aline o mundo do empreendedorismo, além de ser seu primeiro contato com as finanças. “Eles me ensinaram muito a valorizar o dinheiro, a economizar. Eu não tinha mesada, mas quando eu recebia algum dinheiro, eles me ensinavam a fazer bom uso dele.”

Seu pai atuava como torneiro mecânico e começou a produzir ferramentas para empresas e, inspirada pelo empreendimento dele, Aline, na época com 17 anos, decidiu ingressar nesse mundo, abrindo uma “fábrica” de carimbos no seu quarto. “Eu fazia os carimbos em uma máquina e vendia para as lojas na região, papelaria, chaveiro. Saía de loja em loja oferecendo meu serviço.”

Os pedidos foram aumentando e ela contratou uma amiga para auxiliá-la. Depois, conseguiu alugar a primeira loja, comprar mais máquinas e apostar em outros serviços, como de impressão. O resultado foi que, aos 25 anos, Aline saiu do Complexo do Alemão para comprar uma casa com seu marido.

Já com mais recursos, dos 25 aos 35 anos, apostou na criação e gestão de uma escola de educação infantil, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. Ao todo, eram 150 alunos que, segundo a empresária, vinham de famílias de classe-média alta. No entanto, ela percebeu que o fato de terem renda, não significava que eles sabiam geri-la.

“Minha escola era de classe-média alta, mas os pais deviam a escola o ano inteiro. E era pais que viajavam para Disney, tinham casa na praia. Eu ia cobrá-los e via que muita coisa era divida, os apartamentos eram financiados e eles estavam atrasados, o carro tinha parcela atrasada. Eu comecei a estudar para ver o que acontecia com as pessoas.”

O instituto

Percebendo a falta de educação financeira tanto para quem tinha poucos recursos, como para quem já tinha, mas não sabia gerir os recursos, ela mergulhou no estudo de finanças. Nesse momento, ela vendeu a escola e começou a trabalhar com educação financeira, através de mentorias. Mas, dentro do ensino sobre finanças, seu viés sempre foi o de conseguir multiplicar recursos por meio do empreendedorismo.

“Comecei a trabalhar com empreendedores, ensinando eles a aumentarem a receita dentro do empreendimento deles, além deles cuidarem desse dinheiro para não ir todo embora, igual acontecia com os pais na escola. Um ano depois, quando seus clientes já dominavam a prática da educação financeira, surgiu o interesse deles também ensinarem isso a outras pessoas.”

Aline criou e patenteou um método de ensino sobre educação financeira para as pessoas poderem replicarem. No instituto, ela trabalha com duas frentes, tanto formar educadores financeiros, quanto ensinar educação financeira para as pessoas aplicarem na vida pessoal, com estratégias para as pessoas saírem das dívidas. “Eu tenho aluno hoje, que só ele atendendo pessoas endividadas já faturou mais de R$ 1 milhão ensinando educação financeira a eles.”

Todos os cursos são no formato de Ensino a Distância (EAD) e, com isso, Aline conseguiu atender alunos de mais de 25 países. Os alunos aprendem o método e se tornam um profissional certificado para ensinar outras pessoas.

Criação de microfranquias

Além disso, Aline também viu a necessidade de ensinar educação financeira para crianças. Dessa outra vertente, voltada para formar professores para educação infantil e formatar materiais para inserir nas escolas surgiu a franquia “EfincKids”, em que o franqueado é preparado para ensinar, além de receber todo o material. Ao todo, são 20 franquias no Brasil que já foram implementadas na sala de aula.

Também focada em gestão empresarial, a empresária também criou uma segunda franquia, chamada Health Money. Segundo ela, os empreendedores, principalmente os pequenos e médios, não sabem lidar com as finanças do negócio e acabam falindo. A franquia, então, é voltada para a formação de prestadores de serviços, que irão auxiliar os empreendedores.

“Meu lema de todos os negócios é que não é sobre dinheiro, é sobre a vida. O dinheiro é o recurso para o que queremos viver e há estratégia para isso. Acredito que é através da educação financeira junto com o empreendedorismo que é possível mudar a realidade da população financeira.”

Acompanhe tudo sobre:educacao-financeiraMulheres executivas

Mais de Invest

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Alavancagem financeira: 3 pontos que o investidor precisa saber

Boletim Focus: o que é e como ler o relatório com as previsões do mercado

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio