São Paulo - Enquanto a taxa básica de juros da economia não cai, os grandes bancos seguem com a promessa de que os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) superam a poupança com folga. Mas, se você não conhecer bem o produto e a taxa de retorno do seu investimento, pode trocar seis por meia dúzia.
Antes de tudo, entenda que as instituições financeiras têm todo o interesse que você adquira CDBs —títulos que os bancos emitem para captar dinheiro das pessoas e emprestar a outras por juros altos. Assim, quanto maior for a necessidade do banco de se capitalizar, maior será a taxa de retorno oferecida a quem compra um CDB, para atrair investidores.
É por isso que esses títulos privados podem oferecer remunerações maiores que a poupança e até mesmo que o Tesouro Direto. Mas há uma variação imensa de taxa de retorno oferecida pelas instituições e, em geral, bancos pequenos e financeiras independentes remuneram melhor do que os grandes bancos de varejo.
“Ao contrário do senso comum, a qualidade dos bancos não tem a ver com o seu tamanho. O investidor não deve ser preconceituoso com instituições menores e deve procurar a maior taxa de retorno”, orienta o consultor financeiro André Massaro, autor do blog Você e o Dinheiro em EXAME.com.
No site ou aplicativo rendafixa.rocks (disponível para sistemas Android e iOS), você pode comparar as remunerações oferecidas por algumas instituições.
Se a taxa de retorno do seu banco não estiver disponível facilmente na internet, não hesite em perguntá-la ao gerente. “O brasileiro tem o hábito errado de casar com o seu banco. Mas, mesmo cliente de um, pode ser melhor comprar o CDB de outro lugar”, aconselha Juliana Inhasz, professora de economia da graduação do Insper.
Não importa o banco escolhido, os CDBs contam com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que, em caso de quebra da instituição, reembolsa aos seus investidores perdas de até 250 mil reais por CPF. Logo, são uma alternativa “inofensiva” de investimento, segundo Massaro, focada em investidores conservadores, assim como a poupança.
Mas afinal, o que é um CDB com boa taxa de retorno?
Lembra quando falamos que você precisa conhecer o produto para saber se ele rende mais do que a poupança? Pois bem, nem todo CDB é igual.
Eles podem ter duas formas de remuneração diferentes: pré-fixada, quando o CDB rende a uma taxa de juros fixa e você sabe exatamente quanto dinheiro receberá no final, por exemplo, 10% ao ano; e pós-fixada, quando ele é indexado à taxa DI (CDI), o que significa que eles pagam ao investidor certo percentual dessa taxa, atualmente em 14,13% ao ano, muito próxima à Selic.
A maioria dos CDBs disponíveis no mercado são pós-fixados. Apesar de serem aparentemente mais arriscados, eles garantem o poder de compra do investidor. Ou seja, não importa o que aconteça com a economia do país e a taxa de juros, o investidor estará protegido. É por isso que os CDBs pré-fixados são mais indicados para quem quer investir no longo prazo ou não sabe quando pretende usar o dinheiro.
É possível encontrar CDBs no mercado que pagam mais ou menos do que 100% da taxa DI. Segundo a professora Juliana, do Insper, qualquer rendimento abaixo de 85% do CDI não compensa em relação à rentabilidade da poupança.
Isso porque a poupança é isenta de Imposto de Renda, enquanto o rendimento do CDB é tributado com alíquota que varia entre 22,5% e 15%, conforme o tempo de aplicação. Quanto mais longo o prazo, menos você paga de imposto. “Na prática, o que você vai ganhar não é a taxa de retorno prometida. É preciso descontar o IR”, orienta Juliana.
E o que é uma boa taxa para um CDB pré-fixado que não é atrelado ao CDI? Teoricamente, qualquer valor acima da inflação prevista para o ano, descontando IR. Ou seja, supondo que você aplique por um ano, a taxa precisa ser, no mínimo, de 10% ao ano.
A remuneração oferecida pelo banco ou financeira depende de quanto você investe. Quanto maior o aporte inicial, mais poder de barganha você tem.
Muitos CDBs oferecem liquidez diária, ou seja, permitem o resgate do valor investido a qualquer momento. No entanto, as melhores remunerações são obtidas nos CDBs de longo prazo.
-
1. Saia na frente
zoom_out_map
1/10 (Thinkstock/Kieferpix)
São Paulo - No início, tudo parece difícil demais: a escolha do
banco ou
corretora, do
investimento, do tipo de título público ou privado. Ler muito e gostar de aprender a ganhar dinheiro são pré-requisitos para investir sem cair em furadas. Navegue pelas fotos e veja oito erros comuns de quem recém saiu da
poupança e ainda engatinha nesse mundo das
aplicações financeiras —e saiba como evitá-los. As dicas são do professor de finanças Joelson Sampaio, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), e do economista Mariol Amigo, professor da Fipecafi.
-
2. 1. Pedir conselhos só para o gerente do banco
zoom_out_map
2/10 (Thinkstock/Thinkstock)
Para onde você corre quando quer pedir uma dica de onde é melhor investir? Se for para o banco, tudo bem, mas tenha em mente que a instituição tem interesse em oferecer a melhor aplicação financeira para você e para ela. Ou seja, talvez outras alternativas melhores fiquem de fora do conselho. “Quando você compra uma geladeira, vai em três ou quatro lojas, compara os produtos e adquire o que vai trazer maior retorno, ou seja, o mais barato. Com investimentos, é assim que deveria funcionar também”, explica Joelson Sampaio, professor de finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap). Além do gerente do banco, procure também consultores de corretoras e a ajuda de planejadores financeiros independentes. Algumas universidades oferecem esse serviço gratuito. Além disso, seja autodidata. Pesquise tudo que puder em fontes confiáveis na internet para adquirir confiança no que está fazendo.
-
3. 2. Não comparar taxas de administração
zoom_out_map
3/10 (Thinkstock/Thinkstock)
A
rentabilidade de várias aplicações financeiras fica prejudicada pela taxa de administração cobrada por bancos e corretoras. Entenda que ter uma alto custo para investir é perder
dinheiro no retorno. Por isso, antes de investir, sempre compare não só a rentabilidade oferecida pela instituição, mas também a
taxa de administração, que às vezes pode chegar a zero.
-
4. 3. Desconhecer seu objetivo ao investir
zoom_out_map
4/10 (Thinkstock)
Tenha claro que não necessariamente mais rentabilidade é sinônimo de melhor investimento para você. Às vezes, é melhor ter um retorno menor com mais liquidez, ou seja, correr menos riscos para poder resgatar o dinheiro a qualquer momento, sem perdas. Defina para que e quanto você precisará usar esse dinheiro investido.
-
5. 4. Achar que renda fixa não tem risco
zoom_out_map
5/10 (Thinkstock)
O nome “
renda fixa” engana mesmo. A condição de rentabilidade pode ser garantida ao fazer a primeira aplicação, mas isso não significa que você não corre risco algum de perder dinheiro. Em títulos de renda fixa pré-fixados, você pode perder dinheiro se vender o título antes do seu vencimento, se a taxa de
juros estiver baixa no momento do resgate. Por isso, é essencial conhecer exatamente o que você está comprando.
-
6. 5. Arriscar demais sem conhecer o investimento
zoom_out_map
6/10 (Thinkstock)
Mesmo embalado com o mesmo pacote, os investimentos podem ter conteúdo muitos diferentes um do outro. Por exemplo, títulos do
Tesouro Direto são bem distintos entre si e podem ser mais ou menos arriscados, apesar de serem vendidos na mesma plataforma, com o nome de “título público”
(conheça as diferenças). “É bem comum investidores arriscarem demais e perderem dinheiro por não conhecerem bem o produto em que estão aplicando”, diz o economista Mario Amigo, professor da Fipecafi.
-
7. 6. Esquecer dos impostos ao olhar para a rentabilidade
zoom_out_map
7/10 (Thinkstock/Thinkstock)
A forma como acontece o desconto do
Imposto de Renda (IR) interfere diretamente na rentabilidade da sua aplicação financeira. Por isso, sempre compare o retorno entre um investimento e outro já descontando o IR. Alguns
fundos de investimento, por exemplo, estão sujeitos à forma de tributação conhecida como come-cotas. Em vez de o IR ser cobrado apenas no resgate, ele é cobrado em forma de cotas de seis em seis meses,o que reduz sua rentabilidade em comparação a outros investimentos.
-
8. 7. Investir e depois abandonar sua aplicação
zoom_out_map
8/10 (Thinkstock)
Não é só investir o dinheiro e tchau. Todo investimento exige disciplina para acompanhar sua rentabilidade e compará-la com outras aplicações financeiras no mercado. Todo mês, peça o extrato do seu investimento ao banco ou à corretora e veja se ainda vale a pena manter seu dinheiro lá. Lembrei que as aplicações financeiras se mexem conforme o que acontece com a economia.
-
9. 8. Seguir o efeito manada
zoom_out_map
9/10 (Thinkstock)
Sabe aquele raciocínio de que se o restaurante está cheio, é porque deve ser bom? Muita gente segue ele nos investimentos também. Mas não adianta só a aplicação estar bem falada no mercado. Ela tem que se adequar ao se objetivo.
-
10. Veja também:
zoom_out_map
10/10 (Massonstock/Thinkstock)