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IPO do Facebook é bom negócio (se índice do Google estiver certo)

Estudo vê correlação entre aumento de buscas no Google por uma empresa e valorização de suas ações no mercado; ações do Facebook passariam nesse filtro

Facebook: índice de buscas no Google seria indicador de que IPO pode ser muito bem-sucedido (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de março de 2012 às 18h45.

São Paulo – Google e Facebook têm travado uma disputa ferrenha pela conquista da audiência na internet e pelas cada vez mais gordas receitas da publicidade on-line. É irônico, portanto, que um índice de desempenho em bolsa desenvolvido a partir das estatísticas de buscas no Google aponte que a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) do Facebook será um sucesso.

O índice foi criado pelos pesquisadores Paul Gao e Zhi Da, da Universidade Notre Dame, e por Joseph Engelberg, da Universidade da Carolina do Norte. Entre 2004 e 2008, eles analisaram se havia uma relação entre o desempenho das 3.000 ações mais valorizadas no mercado americano e o número de buscas pelo nome de cada uma das ações no Google.

A conclusão surpreendente foi a de que os papéis em que o número de buscas sofreu altas bruscas tiveram um desempenho 0,2% superior ao do mercado nas duas semanas seguintes. Considerando um período de um ano após o aumento das buscas, a performance seria até 10% melhor que a média.

Pela ferramenta conhecida como Google Trends, é possível analisar as oscilações no número de buscas por qualquer palavra na internet. A quantidade de pesquisas pela palavra “Facebook” cresceram no final do ano passado, quando começaram a surgir os rumores de que a oferta inicial de ações estaria prestes a acontecer.

No mês de janeiro, quando o Facebook confirmou o IPO, as buscas bateram um novo recorde histórico. O Google Trends também revela que o volume de reportagens produzidas sobre a rede social nunca foi tão elevado quanto no mês passado.

A ferramenta do Google não revela aos usuários o número absoluto de buscas realizadas na internet por cada palavra. Mas é possível colocar as coisas em escala. Ao comparar o total de buscas realizadas por “Facebook” com as por “Twitter”, por exemplo, o internauta chegará à conclusão de que o interesse pela rede social de Mark Zuckerberg é 25 vezes maior.

O trabalho dos pesquisadores das universidades americanas não chegou a avaliar as chances de que o IPO do Facebook seja bem-sucedido porque foi publicado bem antes do anúncio da oferta de ações, prevista para ocorrer neste semestre. Os estudiosos, na verdade, realizaram uma pesquisa quantitativa que revelou uma correlação entre o aumento das buscas e a posterior valorização das ações.


Eles explicaram o fenômeno com o fato de que a atenção dos investidores pode ser considerada limitada, já que não é possível acompanhar notícias sobre todas as companhias com ações negociadas nos EUA. Mas como o Google é a principal fonte de informações mundial, o aumento no número de buscas seria um indicador de que pode haver muita gente no mercado de capitais interessada pelas ações – o que tende a inflar os preços.

Como investir no Facebook

Se depois de conhecer os resultados da pesquisa você se interessou em investir no IPO do Facebook, aqui vai uma má notícia. Comprar os papéis na oferta de ações será bem mais difícil do que participar do IPO de uma companhia na BM&FBovespa. As barreiras aos brasileiros são operacionais e, na prática, restringem esse tipo de operação a investidores bastante sofisticados. “Investir nos EUA é uma via sacra para brasileiros”, afirma Raiko Bikelis, CEO da Souza Barros Securities, com sede em Miami.

Pessoas físicas que queriam comprar ações na Bolsa de Nova York, por exemplo, precisam abrir uma conta em um banco instalado nos EUA para onde será transferido o dinheiro. Também é necessária uma conta em corretora, que pode ou não estar vinculada ao banco, e que vai oferecer a plataforma de negociação de papéis ao cliente – o que é chamado no Brasil de “home broker”. Para vencer as duas etapas, será preciso enviar os documentos que comprovem a origem dos recursos enviados ao exterior.

A pessoa poderá então comprar as ações do Facebook no IPO. Um dos riscos da operação é que não adianta nada os papéis da rede social subirem 10%, por exemplo, se o dólar perder 10% de valor em relação ao real no mesmo período. Nesse caso, o investidor ficará no zero a zero porque a baixa de um ativo anulará a alta do outro.

O maior empecilho, entretanto, são as regras tributárias. Sobre o envio do dinheiro para o exterior, não são cobrados impostos além do IOF de 0,38% sobre a operação de câmbio. Mas o investidor terá de calcular e pagar Imposto de Renda sempre que houver ganho de capital com algum resgate de aplicação. A alíquota é de 15% e a variação cambial entra na conta. Por exemplo, alguém que aplicou 100.000 dólares no exterior quando o dólar valia 1 real e resgatar 110.000 dólares quando dólar tiver subido para 3 reais terá de pagar à Receita Federal 34.500 reais (IR = (330.000 reais - 100.000 reais) X 0,15 = 34.500 reais).

Eventuais prejuízos com alguma operação não geram créditos tributários para abater impostos no futuro – ao contrário do que acontece em aplicações na bolsa brasileira. O IR precisa ser pago no mês seguinte ao resgate de cada operação. Se o contribuinte deixar para pagar somente quando trouxer os recursos de volta ao Brasil, terá de arcar com multa e juros.

Por todos esses motivos, especialistas em tributação acreditam que vale a pena abrir uma empresa no exterior sempre que a pessoa decidir aplicar a partir de 500.000 dólares por um longo período lá fora. Mesmo que o dinheiro seja resgatado e reaplicado diversas vezes, o pagamento do IR pela empresa só será feito quando os recursos forem novamente transferidos para o Brasil - isso se houver lucro. Por outro lado, a empresa terá de contratar um contador no exterior para organizar suas contas.

O investimento no exterior ainda tem uma burocracia adicional. O cidadão que possui mais de 100.000 dólares fora do Brasil precisará entregar uma declaração anual ao Banco Central onde vai informar a quantidade de dinheiro que possui no exterior e em que países estão os recursos.
“É devido a todas essas barreiras cambiais e tributárias que tenho muito mais clientes uruguaios ou colombianos que investem nos EUA do que brasileiros”, diz Bikelis, da Souza Barros Securities.

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São Paulo – Google e Facebook têm travado uma disputa ferrenha pela conquista da audiência na internet e pelas cada vez mais gordas receitas da publicidade on-line. É irônico, portanto, que um índice de desempenho em bolsa desenvolvido a partir das estatísticas de buscas no Google aponte que a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) do Facebook será um sucesso.

O índice foi criado pelos pesquisadores Paul Gao e Zhi Da, da Universidade Notre Dame, e por Joseph Engelberg, da Universidade da Carolina do Norte. Entre 2004 e 2008, eles analisaram se havia uma relação entre o desempenho das 3.000 ações mais valorizadas no mercado americano e o número de buscas pelo nome de cada uma das ações no Google.

A conclusão surpreendente foi a de que os papéis em que o número de buscas sofreu altas bruscas tiveram um desempenho 0,2% superior ao do mercado nas duas semanas seguintes. Considerando um período de um ano após o aumento das buscas, a performance seria até 10% melhor que a média.

Pela ferramenta conhecida como Google Trends, é possível analisar as oscilações no número de buscas por qualquer palavra na internet. A quantidade de pesquisas pela palavra “Facebook” cresceram no final do ano passado, quando começaram a surgir os rumores de que a oferta inicial de ações estaria prestes a acontecer.

No mês de janeiro, quando o Facebook confirmou o IPO, as buscas bateram um novo recorde histórico. O Google Trends também revela que o volume de reportagens produzidas sobre a rede social nunca foi tão elevado quanto no mês passado.

A ferramenta do Google não revela aos usuários o número absoluto de buscas realizadas na internet por cada palavra. Mas é possível colocar as coisas em escala. Ao comparar o total de buscas realizadas por “Facebook” com as por “Twitter”, por exemplo, o internauta chegará à conclusão de que o interesse pela rede social de Mark Zuckerberg é 25 vezes maior.

O trabalho dos pesquisadores das universidades americanas não chegou a avaliar as chances de que o IPO do Facebook seja bem-sucedido porque foi publicado bem antes do anúncio da oferta de ações, prevista para ocorrer neste semestre. Os estudiosos, na verdade, realizaram uma pesquisa quantitativa que revelou uma correlação entre o aumento das buscas e a posterior valorização das ações.


Eles explicaram o fenômeno com o fato de que a atenção dos investidores pode ser considerada limitada, já que não é possível acompanhar notícias sobre todas as companhias com ações negociadas nos EUA. Mas como o Google é a principal fonte de informações mundial, o aumento no número de buscas seria um indicador de que pode haver muita gente no mercado de capitais interessada pelas ações – o que tende a inflar os preços.

Como investir no Facebook

Se depois de conhecer os resultados da pesquisa você se interessou em investir no IPO do Facebook, aqui vai uma má notícia. Comprar os papéis na oferta de ações será bem mais difícil do que participar do IPO de uma companhia na BM&FBovespa. As barreiras aos brasileiros são operacionais e, na prática, restringem esse tipo de operação a investidores bastante sofisticados. “Investir nos EUA é uma via sacra para brasileiros”, afirma Raiko Bikelis, CEO da Souza Barros Securities, com sede em Miami.

Pessoas físicas que queriam comprar ações na Bolsa de Nova York, por exemplo, precisam abrir uma conta em um banco instalado nos EUA para onde será transferido o dinheiro. Também é necessária uma conta em corretora, que pode ou não estar vinculada ao banco, e que vai oferecer a plataforma de negociação de papéis ao cliente – o que é chamado no Brasil de “home broker”. Para vencer as duas etapas, será preciso enviar os documentos que comprovem a origem dos recursos enviados ao exterior.

A pessoa poderá então comprar as ações do Facebook no IPO. Um dos riscos da operação é que não adianta nada os papéis da rede social subirem 10%, por exemplo, se o dólar perder 10% de valor em relação ao real no mesmo período. Nesse caso, o investidor ficará no zero a zero porque a baixa de um ativo anulará a alta do outro.

O maior empecilho, entretanto, são as regras tributárias. Sobre o envio do dinheiro para o exterior, não são cobrados impostos além do IOF de 0,38% sobre a operação de câmbio. Mas o investidor terá de calcular e pagar Imposto de Renda sempre que houver ganho de capital com algum resgate de aplicação. A alíquota é de 15% e a variação cambial entra na conta. Por exemplo, alguém que aplicou 100.000 dólares no exterior quando o dólar valia 1 real e resgatar 110.000 dólares quando dólar tiver subido para 3 reais terá de pagar à Receita Federal 34.500 reais (IR = (330.000 reais - 100.000 reais) X 0,15 = 34.500 reais).

Eventuais prejuízos com alguma operação não geram créditos tributários para abater impostos no futuro – ao contrário do que acontece em aplicações na bolsa brasileira. O IR precisa ser pago no mês seguinte ao resgate de cada operação. Se o contribuinte deixar para pagar somente quando trouxer os recursos de volta ao Brasil, terá de arcar com multa e juros.

Por todos esses motivos, especialistas em tributação acreditam que vale a pena abrir uma empresa no exterior sempre que a pessoa decidir aplicar a partir de 500.000 dólares por um longo período lá fora. Mesmo que o dinheiro seja resgatado e reaplicado diversas vezes, o pagamento do IR pela empresa só será feito quando os recursos forem novamente transferidos para o Brasil - isso se houver lucro. Por outro lado, a empresa terá de contratar um contador no exterior para organizar suas contas.

O investimento no exterior ainda tem uma burocracia adicional. O cidadão que possui mais de 100.000 dólares fora do Brasil precisará entregar uma declaração anual ao Banco Central onde vai informar a quantidade de dinheiro que possui no exterior e em que países estão os recursos.
“É devido a todas essas barreiras cambiais e tributárias que tenho muito mais clientes uruguaios ou colombianos que investem nos EUA do que brasileiros”, diz Bikelis, da Souza Barros Securities.

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