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Investidores ricos são mais agressivos

Fundos imobiliários, multimercados e de ações são bem mais procurados por investidores com mais de 1 milhão de reais; varejo tem participação mais expressiva nos fundos DI e de renda fixa

Fundos imobiliários, multimercados e de ações concentram investidores com patrimônio superior a 1 milhão de reais (Arquivo/Você SA/EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2012 às 19h54.

São Paulo - No abismo que divide multimilionários e pequenos poupadores, há mais do que dígitos de sobra no saldo da conta bancária. Em matéria de fundos de investimento, a inclinação por um determinado tipo de aplicação é indiscutível. Enquanto os investidores com patrimônio superior a 1 milhão de reais são responsáveis por 44,9% dinheiro investido em fundos imobiliários, a participação do varejo em produtos do tipo é insignificante e não chega a representar 1%.

Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que pela primeira vez divulgou números da indústria de fundos dividindo-os por tipo de investidor.

Para João Albino, diretor do Bradesco Private, os fundos imobiliários exigem um horizonte de longo prazo. "É um ativo super atraente sob o ponto de vista da rentabilidade, apresentando um retorno médio de 110%, 115% do CDI. Mas ele pode ter uma maturação de quatro, seis e até oito anos", diz. É recomendável que o investidor tenha uma folga maior no orçamento, o que, segundo ele, naturalmente é o caso dos donos de grandes fortunas.

Um estudo da Rio Bravo feito para EXAME.com aponta que os fundos imobiliários entregaram o maior retorno para o investidor nos últimos seis anos e meio: uma média de 375,7% de janeiro de 2005 até junho de 2011. Os títulos do governo indexados à inflação ficaram em um longínquo segundo lugar, com retorno de 176% no mesmo período.

Na opinião de Albino, esse tipo de produto garante uma exposição à economia real. "A carteira acompanha o boom no setor. Então é uma forma de você aproveitar essa valorização sem se expor aos custos de condomínio, registro e reparo de um imóvel físico", diz.
Por outro lado, há quem relativize a participação expressiva dos investidores private nestes fundos. "A base de investimento ainda é baixa para que a gente possa dizer que os clientes qualificados têm grande interesse nessas operações", defende Cristiano Ehlers, superintendente executivo de private do Santander.

Mas se o patrimônio líquido reunido por todos os fundos imobiliários é de “apenas” 3,9 bilhões, as diferenças entre o varejo e o private continuam grandes nos fundos multimercados, que apresentam um patrimônio de 390 bilhões de reais. Deste total, 20,4% vêm dos investidores qualificados e apenas 3,8% dos poupadores comuns. "Com taxa de juros muito alta, o investidor private passou a buscar algum diferencial em cima do CDI em um passado não tão distante. Alguns gestores de multimercados entregaram esse retorno e essa cultura de investimento foi se consolidando ao longo do tempo", explica Ehlers.


Segundo ele, as decisões do investidor brasileiro, independente do tamanho da poupança administrada, são muito vinculadas aos resultados práticos. Como a performance dos multimercados vem surpreendendo negativamente nos últimos meses, grandes quantias vêm migrando para os fundos de renda fixa no segmento private. Para se ter uma ideia, os fundos multimercados multiestratégia renderam 3,2% no primeiro semestre, contra 5,5% do CDI.

"Selic acima dos 12% e um mundo com tantas incertezas dificultam a tarefa de ignorar o prêmio que existe na renda fixa", reconhece Albino, do Bradesco. Com a bolsa andando de lado há quase dois anos, acredita ele, o investidor pensa duas vezes antes de correr riscos na renda variável. "Estamos falando de um retorno na renda fixa de quase 20% neste período. E 20% sobre 1 milhão são 200.000 reais. É um lucro que não dá para desprezar", emenda.

Prova disso é a diminuição da diferença entre clientes private e de varejo quando o parâmetro é a participação nos fundos de ações: os milionários respondem por 16,9% deste total e os poupadores comuns por 9,6%. Nos fundos referenciados DI, o hiato é ainda menor. O varejo é responsável por 19,4% do dinheiro investido em fundos DI, ao passo que o segmento private fica com 15,8%.
Fundos cambiais

Os dados da Anbima traçam um perfil mais arrojado para o investidor private - que tem mais dinheiro para aplicar sem precisar contar com esses recursos no curto prazo - mas não dissociado da renda fixa, que garante liquidez e bons retornos tanto para afortunados quanto para pequenos investidores. A grande surpresa revelada pelo levantamento, apontam os especialistas ouvidos por EXAME.com, foi o interesse do público comum por fundos cambiais. Até junho, os recursos aplicados por investidores de varejo representaram 20,7% do patrimônio destes fundos. No segmento private, esse percentual foi de apenas 6,4%.

“Para você apostar no dólar, você está abrindo mão dos juros da economia no Brasil, que são altos. Ou seja, você teria que partir do princípio que o dólar se apreciaria bastante para o retorno da aplicação se igualar ao do CDI”, afirma Cristiano Ehlers, do Bradesco. “E a gente não vê muita gente achando que a moeda norte-americana vá para 1,80 real no curto prazo para justificar essa alocação."

Em geral, a maior demanda por fundos cambiais vem de empresas exportadoras e importadoras que usam a aplicação para se protegeram das mudanças diárias nas cotações. Com o instrumento, elas conseguem manter uma certa previsibilidade sobre a expectativa de lucro real embolsado com os negócios.

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São Paulo - No abismo que divide multimilionários e pequenos poupadores, há mais do que dígitos de sobra no saldo da conta bancária. Em matéria de fundos de investimento, a inclinação por um determinado tipo de aplicação é indiscutível. Enquanto os investidores com patrimônio superior a 1 milhão de reais são responsáveis por 44,9% dinheiro investido em fundos imobiliários, a participação do varejo em produtos do tipo é insignificante e não chega a representar 1%.

Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que pela primeira vez divulgou números da indústria de fundos dividindo-os por tipo de investidor.

Para João Albino, diretor do Bradesco Private, os fundos imobiliários exigem um horizonte de longo prazo. "É um ativo super atraente sob o ponto de vista da rentabilidade, apresentando um retorno médio de 110%, 115% do CDI. Mas ele pode ter uma maturação de quatro, seis e até oito anos", diz. É recomendável que o investidor tenha uma folga maior no orçamento, o que, segundo ele, naturalmente é o caso dos donos de grandes fortunas.

Um estudo da Rio Bravo feito para EXAME.com aponta que os fundos imobiliários entregaram o maior retorno para o investidor nos últimos seis anos e meio: uma média de 375,7% de janeiro de 2005 até junho de 2011. Os títulos do governo indexados à inflação ficaram em um longínquo segundo lugar, com retorno de 176% no mesmo período.

Na opinião de Albino, esse tipo de produto garante uma exposição à economia real. "A carteira acompanha o boom no setor. Então é uma forma de você aproveitar essa valorização sem se expor aos custos de condomínio, registro e reparo de um imóvel físico", diz.
Por outro lado, há quem relativize a participação expressiva dos investidores private nestes fundos. "A base de investimento ainda é baixa para que a gente possa dizer que os clientes qualificados têm grande interesse nessas operações", defende Cristiano Ehlers, superintendente executivo de private do Santander.

Mas se o patrimônio líquido reunido por todos os fundos imobiliários é de “apenas” 3,9 bilhões, as diferenças entre o varejo e o private continuam grandes nos fundos multimercados, que apresentam um patrimônio de 390 bilhões de reais. Deste total, 20,4% vêm dos investidores qualificados e apenas 3,8% dos poupadores comuns. "Com taxa de juros muito alta, o investidor private passou a buscar algum diferencial em cima do CDI em um passado não tão distante. Alguns gestores de multimercados entregaram esse retorno e essa cultura de investimento foi se consolidando ao longo do tempo", explica Ehlers.


Segundo ele, as decisões do investidor brasileiro, independente do tamanho da poupança administrada, são muito vinculadas aos resultados práticos. Como a performance dos multimercados vem surpreendendo negativamente nos últimos meses, grandes quantias vêm migrando para os fundos de renda fixa no segmento private. Para se ter uma ideia, os fundos multimercados multiestratégia renderam 3,2% no primeiro semestre, contra 5,5% do CDI.

"Selic acima dos 12% e um mundo com tantas incertezas dificultam a tarefa de ignorar o prêmio que existe na renda fixa", reconhece Albino, do Bradesco. Com a bolsa andando de lado há quase dois anos, acredita ele, o investidor pensa duas vezes antes de correr riscos na renda variável. "Estamos falando de um retorno na renda fixa de quase 20% neste período. E 20% sobre 1 milhão são 200.000 reais. É um lucro que não dá para desprezar", emenda.

Prova disso é a diminuição da diferença entre clientes private e de varejo quando o parâmetro é a participação nos fundos de ações: os milionários respondem por 16,9% deste total e os poupadores comuns por 9,6%. Nos fundos referenciados DI, o hiato é ainda menor. O varejo é responsável por 19,4% do dinheiro investido em fundos DI, ao passo que o segmento private fica com 15,8%.
Fundos cambiais

Os dados da Anbima traçam um perfil mais arrojado para o investidor private - que tem mais dinheiro para aplicar sem precisar contar com esses recursos no curto prazo - mas não dissociado da renda fixa, que garante liquidez e bons retornos tanto para afortunados quanto para pequenos investidores. A grande surpresa revelada pelo levantamento, apontam os especialistas ouvidos por EXAME.com, foi o interesse do público comum por fundos cambiais. Até junho, os recursos aplicados por investidores de varejo representaram 20,7% do patrimônio destes fundos. No segmento private, esse percentual foi de apenas 6,4%.

“Para você apostar no dólar, você está abrindo mão dos juros da economia no Brasil, que são altos. Ou seja, você teria que partir do princípio que o dólar se apreciaria bastante para o retorno da aplicação se igualar ao do CDI”, afirma Cristiano Ehlers, do Bradesco. “E a gente não vê muita gente achando que a moeda norte-americana vá para 1,80 real no curto prazo para justificar essa alocação."

Em geral, a maior demanda por fundos cambiais vem de empresas exportadoras e importadoras que usam a aplicação para se protegeram das mudanças diárias nas cotações. Com o instrumento, elas conseguem manter uma certa previsibilidade sobre a expectativa de lucro real embolsado com os negócios.

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