Flávio Terni, sócio da gestora Giant Steps: "nós usamos muita tecnologia e inteligência artificial para verificar inúmeras informações antes de tomar decisões" (Divulgação/Divulgação)
Natália Flach
Publicado em 28 de agosto de 2019 às 08h46.
Última atualização em 28 de agosto de 2019 às 08h46.
São Paulo - A expectativa de aprovação da reforma da Previdência, associada à menor taxa de juros da história, fez com que as gestoras se antecipassem à demanda dos investidores e aumentassem a oferta de produtos de previdência privada em seus portfólios. Já as que não tinham uma carteira dedicada ao tema viram nesse momento uma janela de oportunidade. Foi o caso da Giant Steps. A gestora, que tem mais de 1 bilhão de reais em patrimônio líquido, vai lançar o seu primeiro fundo com esse foco e distribuí-lo na plataforma de investimentos da corretora XP, a partir de setembro.
A diferença de outros fundos de previdência privada é que Giant Quant Select Prev Multimercado, como o próprio nome diz, tem como linha mestra a análise de informações de commodities, câmbio, juros e ações de 80 mercados, por meio de plataformas tecnológicas. Esse processo é usualmente conhecido como análise quantitativa. "Não gosto dessa palavra (quantitativo), pois, em maior ou em menor grau, todas as gestoras usam dados. A diferença é que nós usamos muita tecnologia e inteligência artificial para verificar inúmeras informações antes de tomar decisões", afirma Flávio Terni, sócio da Giant Steps.
De fato, é um diferencial, se considerar que a participação da gestão quantitativa ainda é muito pequena no Brasil. Representa apenas 0,04% ante um percentual de 31% nos Estados Unidos. "Mas, no fim, o nosso trabalho não é diferente de outras gestoras: a gente procura ativos baratos para vendê-los por preços mais altos", afirma Terni.
E são assimetrias de mercado que o novo fundo vai perseguir. Para tanto, vai usar uma mistura das duas estratégias já consolidadas pela casa: a da família de fundos Zarathustra, que costuma andar de lado o ano todo e sobe vertiginosamente em épocas de solavanco nos mercados, e do Sigma que ganha ao longo do ano e costuma perder em momentos de estresse. "O Sigma é quase um fundo macro. Olha dezenas de empresas e procura a melhor oportunidade de investimento. Neste ano até 22 de agosto, está rendendo 311% do CDI. Já Zara funciona bem em regime de pânico, como na greve dos caminhoneiros de 2018, ou de euforia, porque consegue comprar e vender muito rapidamente. No ano, rende 152% do CDI", explica Terni. "A ideia é que o fundo de previdência seja o conjunto das duas estratégias, pois gera riqueza e é resiliente no longo prazo."
O Giant Quant vai ser voltado para o público geral e terá taxa de administração de até 2% e de performance de 20%. O produto pode chegar até 5 bilhões de reais em captação e o objetivo é gerar retorno de CDI mais 3,5%. Ainda não foi definido os aportes mínimos. "Um dos diferenciais dos fundos de previdência privada é que não tem come cotas (antecipação do imposto de renda)."