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Gestores dizem onde investir na bolsa e na renda fixa

GAP Asset Management gosta de OGX, bancos, Hering e Vale; Grau Gestão de Ativos não indica títulos ligados à inflação

Hering: GAP continua otimista com ações da empresa (Bia Parreiro/EXAME.com)

Hering: GAP continua otimista com ações da empresa (Bia Parreiro/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2010 às 10h11.

O endividamento dos países europeus, a inflação na China e a alta dos juros no Brasil se revezaram entre os temas que mais atraíram a atenção do mercado durante o ano de 2010. Como esses problemas continuam por aí, é impossível planejar investimentos para o próximo ano sem continuar de olho neles. Para tratar sobre o cenário econômico que se avizinha e seu impacto nos mercados, EXAME.com conversou com os sócios de duas gestoras brasileiras de recursos: José Eduardo Louzada de Araujo, da carioca GAP Asset Management, que administra 3,5 bilhões de reais distribuídos em 12 fundos; e Jorge Dib e Augusto Videira, da paulista Grau Gestão de Ativos, que investe 250 milhões em fundos multimercados. É consenso entre os gestores que ficou muito difícil prever o que acontecerá na China e na Europa após um ano tão turbulento quanto 2010. Os países ainda não resolveram os problemas de inflação e endividamento, respectivamente, e o mercado pode voltar a se assustar se os dados por vir não forem favoráveis. Em relação ao Brasil, a avaliação das duas casas é que o novo governo pode até tentar fazer algo diferente na política monetária, mas não cometerá o erro de deixar de ser duro com a inflação.

Leia abaixo o depoimento sobre a bolsa de Jose Eduardo Louzada de Araujo, da GAP:

As principais posições da carteira de nosso fundo de ações são Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Vale, OGX e Hering. Com o Banco do Brasil, estamos desde a oferta pública realizada em julho. O otimismo com o setor bancário reflete a expectativa da continuidade do crescimento das carteiras de crédito. Os resultados têm sido bons. O Itaú Unibanco não foi tão bem no último trimestre, mas ainda confiamos muito no banco. As instituições financeiras estão mais protegidas que outras empresas do próximo ciclo de aumento de juros por terem empréstimos e investimentos atrelados à Selic.

Em relação à Hering, estamos com o papel desde 2009. A ação ganhou muita liquidez durante o último ano, então pudemos aumentar nossa posição. E foi ótimo porque o papel deu uma rentabilidade extraordinária neste ano.


A OGX representa cerca de 8% da carteira. A possibilidade de venda da OGX Campos é um fator que pode ser positivo para a cotação, mas achamos que o desconto concedido pelo mercado aos papéis não reflete as reservas nem a competência que a companhia já demonstrou ter. O índice de acerto na perfuração de poços da OGX chega a 90%. É muito acima da média do mercado. Se a Petrobras tivesse um índice como esse, valeria muito mais. Inclusive não gostamos muito da Petrobras, só cerca de 3% do fundo está em ações da estatal. Ficamos fora da capitalização porque vemos um monte de problemas, que vão da administração da empresa aos termos estabelecidos para a oferta.

Abaixo o cenário traçado para dólar, juros e inflação por Jorge Dib e Augusto Videira, da Grau:

Acho que já está caro comprar títulos indexados à inflação. O mercado se antecipou à aceleração dos preços e os juros pagos pelos papéis não são mais tão atrativos. Comprar agora só valeria mais a pena que investir em títulos que seguem a taxa de juros se a inflação se mantiver alta por muito tempo. Mas não achamos que isso vai acontecer. Acreditamos que as medidas tomadas pelo governo vão surtir um bom efeito na economia. O crédito cresceu muito nos últimos anos. Então um pacote que inclui a alta do compulsório e os desincentivos para os bancos concederem empréstimos de longo prazo para os consumidores devem ter um efeito bem maior do que tinham que no passado. O Banco Central já sinalizou que um novo aumento de juros está próximo, mas acreditamos que a Selic não terá de subir tanto depois dessa medida. E achamos que o Alexandre Tombini [futuro presidente do BC] terá esse perfil de usar também outros instrumentos para conter a inflação, e não apenas os juros.

Já na área fiscal, as contas se deterioraram bastante neste ano. O governo tem espaço para cortar gastos, mas o mercado não vai apostar nisso sem que haja uma sinalização real. Promessas de medidas fiscais não vão derrubar os juros porque ninguém está disposto a pagar pra ver.

Em relação ao dólar, achamos que o governo vai tomar alguma medida sempre que a moeda se aproximar de 1,60 real. Então o que costumamos fazer é ficar comprados em dólar nessa faixa e ficar vendidos quando ela sobe acima de 1,70 real. Se você olhar o que aconteceu nos últimos meses, o dólar permaneceu na faixa entre 1,60 e 1,80 real. Não vemos motivos para isso mudar.

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