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Garantia sem adrenalina

A troca de comando e de foco no CS FIRST BOSTON

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Para quem se limita a observar as declarações dos envolvidos, a troca de comando no banco de investimentos Crédit Suisse First Boston do Brasil pode parecer um não-evento. Segundo o executivo Carlos Castanho, que deixa a presidência até o fim do ano, a mudança é uma etapa em um processo que começou em 1998. Para Antonio Quintella, que vai lhe suceder, é um passo natural que já estava previsto. "É mais uma troca de pessoas do que uma alteração de estilo", afirma. Apesar das frases protocolares, a mudança na subsidiária brasileira do banco suíço que comprou o controle do Banco de Investimentos Garantia, em junho de 1998, é significativa.

Castanho e os outros quatro executivos que saem eram os últimos remanescentes da formação original do Garantia (que incluía Jorge Paulo Lemann e Carlos Alberto Sicupira, entre outros 17 sócios). São nomes que esmaeceram um pouco no cenário da economia brasileira. No entanto, dez anos atrás, sua simples menção provocava um misto de temor e admiração. No começo dos anos 70, Lemann comprou uma pequena corretora de valores em dificuldades no Rio de Janeiro. Em 1998, vergado por prejuízos com títulos da dívida que ocorreram após a Crise da Ásia, ele vendeu seu Garantia aos suíços por 1 bilhão de dólares. Nesse meio tempo, o banco ajudou a reinventar a gestão empresarial no Brasil. Conceitos como meritocracia, remuneração por resultados, informalidade e escritórios sem paredes foram populariza dos pelo Garantia, que também se destacou por sua agressividade no mercado financeiro. Boa parte do lucro dos primeiros anos veio de arriscadas operações de tesouraria.

Agora, o leme do banco será assumido por um executivo "de fora", embora com profundo conhecimento da casa. O carioca Quintella, de 37 anos, é um egresso do CS First Boston original e está no novo banco desde seu surgimento, em julho de 1998. Suas credenciais são impecáveis: 37 anos, casado, formado em economia pela PUC do Rio de Janeiro e com mestrado pela London Business School. Antes de trabalhar para os suíços, Quintella passou pelo Pactual e pelo holandês ING. Participou de alguns dos grandes negócios da década, como a compra da Copene pela Odebrecht e da consolidação dos ativos petroquímicos do grupo baiano na Braskem. Também atuou nas operações de troca de títulos internacionais do governo brasileiro no mercado internacional. "Além de conhecer bem o banco e o mercado, ele possui bons contatos em Brasília", elogia Castanho.

Sua ascensão vai mudar a forma de o banco fazer negócios. Daqui para a frente o CS First Boston será muito mais parecido com um banco de investimentos internacional padrão. Traduzindo: menos espaço para a agressividade e mais ênfase na aplicação do manual ao pé da letra.

Esse cenário deixou sem espaço executivos como Castanho (que se define como "irrequieto") e seus colegas que construíram a franquia do Garantia. Castanho vai passar a administrar fundos de investimentos agressivos, como os hedge funds internacionais, e dedicar parte de seu patrimônio à compra de empresas que ofereçam boas oportunidades de ganho. Quintella, por sua vez, vê oportunidades no relacionamento com grandes empresas. "Estamos às vésperas de um ciclo de expansão internacional do crédito", diz. "A oferta de capital para as empresas vai crescer e haverá muito a ganhar intermediando esses recursos."

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