São Paulo - A renegociação de dívidas exige planejamento financeiro. Realizar um acordo com o credor, mas não conseguir cumprir o pagamento do débito durante o prazo estipulado pode levar a um ciclo de inadimplência que nunca termina.
Estudo realizado pela Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) entre maio de 2014 a maio de 2015 aponta que a maioria dos brasileiros (62,7%) volta a ficar inadimplente um ano depois de quitar os débitos. Já 35,9% voltaram a ter o nome sujo apenas três meses depois de sanar as pendências financeiras.
Veja a seguir algumas dicas para evitar que seu orçamento volte a ficar no vermelho:
1) Proponha um valor que poderá pagar
É comum o credor oferecer uma proposta que parece atrativa à primeira vista, diz Ronaldo Gotlib, consultor financeiro e advogado especializado em direito do devedor. "Mas, antes de aceitá-la, é recomendável refletir se, de fato, os pagamentos não irão pesar no orçamento".
Uma solução é ter em mente qual é o valor que realmente pode ser destinado ao pagamento das parcelas da dívida. Primeiramente, calcule sua renda mensal, descontados impostos e eventuais benefícios, e subtraia desse valor os gastos essenciais, como despesas da casa e com a saúde.
Em seguida, observe quais são seus gastos supérfluos e quais deles podem ser eliminados (sem deixar de ser bem realista) e subtraia também essa quantia da sua receita. Assim, você chegará ao valor que deve ser proposto como pagamento mensal do débito ao banco sem correr o risco de fazer uma proposta maior do que o seu bolso poderá arcar.
2) Dívidas longas exigem atenção redobrada
As parcelas da dívida não devem apenas caber no orçamento. Também é indicado evitar que o pagamento do débito seja prolongado por muito tempo. Quanto mais longo for o prazo para quitar o débito, mais juros serão cobrados e maior o risco de um novo descontrole.
Em prazos longos também é mais difícil prever mudanças no cenário econômico que possam ter impacto negativo sobre o orçamento pessoal. Situações imprevistas que geram gastos adicionais ou perda de renda podem impossibilitar o pagamento das parcelas.
Uma solução simples é verificar se, em um período mais curto, ainda é possível fazer com que as parcelas das dívidas caibam no bolso, diz Gotlib (veja 10 passos para renegociar suas dívidas com o banco).
Outra maneira de se prevenir contra as dívidas é reduzir ainda mais o volume de gastos supérfluos e separar um valor mensal com o objetivo de formar uma reserva financeira para emergências. Essa poupança poderá te ajudar a cumprir o compromisso financeiro no caso de imprevistos.
Uma dica para cortar gastos que não são essenciais é reduzir o pacote de TV a cabo ou o plano de celular, por exemplo (veja mais ideias para exugar o seu orçamento).
3) Crie hábitos financeiros mais saudáveis
Antes de renegociar e planejar o pagamento da dívida, o consumidor também deve se conscientizar sobre qual foi o motivo que provocou o descontrole. "Limpar o nome, mas voltar a ter acesso ao crédito sem controle ou manter o nível de gastos antes de honrar o acordo definitivamente não irá resolver o problema", diz Gotlib.
Nesse caso, o risco de as parcelas da dívida renegociada e dos novos débitos se acumularem diante de qualquer imprevisto é grande, assim como a possibilidade de que esse comportamento cause um novo descontrole nas finanças, explica o consultor financeiro.
O melhor caminho é evitar tomar crédito e reduzir gastos não apenas durante o pagamento da dívida, mas de forma permanente, com o objetivo de construir um patrimônio sólido para o futuro (veja 14 hábitos que te deixam mais rico).
Vale fazer uma análise profunda sobre suas finanças para verificar se o descontrole tem sido causado pela tentativa de sustentar um padrão financeiro incompatível com sua capacidade de geração de renda.
Em alguns casos, de nada adianta atacar as beiradas, como os gastos supérfluos, se os seus gastos fixos e mais pesados, como o financiamento do seu apartamento ou carro, têm sido o motivo principal da inadimplência.
Veja como os custos fixos podem ser o erro que te impede de fechar as contas no azul.
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1. Chega de desculpas
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São Paulo - Não consegue economizar ou vive no
cheque especial, mas nunca encontra tempo para colocar as finanças em ordem? A pedido de EXAME.com, Gustavo Cerbasi, especialista em educação financeira e autor do livro "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos", criou um plano de 14 dias para quem deseja melhorar o
orçamento.
É necessário realizar apenas uma tarefa por dia durante duas semanas para mapear a situação financeira. O objetivo é controlar gastos e poupar para atingir metas pessoais, como a compra da casa própria, por exemplo. As dicas foram baseadas nas orientações compiladas por Cerbasi no livro "Como Organizar sua Vida Financeira", que será relançado em setembro desse ano. Conheça a seguir o plano de 14 dias para quem deseja se preparar contra eventuais imprevistos que tenham impacto no orçamento:
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2. 1º dia: organize comprovantes de renda e despesas
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Calcule sua renda líquida mensal (já livre de eventuais descontos, como impostos) e os gastos realizados no último mês. Separe-os em grupos, como alimentação, saúde, moradia e lazer. Caso não tenha o registro de todas as despesas realizadas nesse período, inicie um monitoramento de entradas e saídas de dinheiro durante os próximos 30 dias, arquivando diariamente os comprovantes em uma pasta. O plano de ação para melhorar o orçamento deverá ser iniciado após essa análise.
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3. 2º dia: analise os gastos
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Se souber lidar com planilhas eletrônicas, como o Excel, ou
aplicativos que ajudam a gerenciar gastos, use essas ferramentas para se organizar. Caso não tenha o costume de utilizar esses recursos, relacione todos os seus gastos em um caderno e identifique onde você está gastando mais do que imaginava.
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4. 3º dia: planeje sua rotina para monitorar o orçamento
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O ideal é que você não perca muito tempo com essa atividade. Prefira estratégias simples, como arquivar comprovantes por tipo de gasto e dedicar uma hora por mês para atualizar o seu orçamento.
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5. 4º dia: faça uma relação de todas as suas dívidas
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Crie uma lista na qual você relacione todas as suas dívidas. Em cada uma, é necessário apontar o valor total do saldo devedor, o valor da prestação mensal (quando houver), nome do credor e o Custo Efetivo Total (CET) de cada linha de crédito. O CET mostra todos os encargos incluídos na dívida e é a melhor forma de analisar as taxas cobradas. Organize essa lista a partir da dívida mais cara para a mais barata, usando o CET como critério para esse ranking.
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6. 5º dia: defina seus objetivos financeiros
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Crie uma lista de sonhos e objetivos pessoais que você pretende alcançar nos próximos seis meses, em um ano e após cinco anos. Faça as contas de quanto precisará poupar para alcançá-los.
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7. 6º dia: faça uma lista de corte de gastos
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7/16 (Tramvaen/Thinkstock)
Relacione todas as economias que você se propõe a fazer, com base na análise de seu orçamento, identificação do total de parcelas mensais de suas dívidas e o quanto gostaria de poupar. Trocar o carro atual ou até o próprio imóvel por outro mais em conta é uma estratégia eficaz. As metas devem ser relacionadas por escrito.
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8. 7º dia: se comprometa a aumentar sua renda
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Defina, por escrito, valores que você pretende levantar no curto prazo, seja vendendo bens que não usa e, se possível, realizando horas extras ou bicos. Defina um prazo para esse período, para que não se torne uma rotina. O ideal é executar esse objetivo durante três a quatro meses, no máximo.
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9. 8º dia: negocie dívidas
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9/16 (Thinkstock/Creatas Images)
Com base no seu plano de corte de gastos e aumento de ganhos, calcule quanto poderá gerar nas próximas semanas ou meses e entre em contato com seus credores para quitar as dívidas com CET acima de 2% ao mês e/ou substituir as dívidas mais caras por outras de CET mais baixo, com o objetivo de reduzir seu gasto com juros. Assuma prestações que você consiga pagar com tranquilidade, para não correr o risco de cair em dívidas não planejadas (
veja 10 passos para negociar sua dívida com o banco). Uma boa estratégia é vender bens de alto valor, como o carro.
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10. 9º dia: estude investimentos
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10/16 (ThinkStock/sjenner13)
Analise investimentos oferecidos pelo banco no qual você tem conta e por outras instituições financeiras. Dedique uma ou duas horas para entender como funciona cada aplicação financeira (
veja 10 livros essenciais para quem quer começar a investir). Preencha um questionário para identificar seu perfil de investidor.
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11. 10 º dia: defina metas de poupança
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11/16 (James Thew/Thinkstock)
Faça planos de quanto começará a poupar por mês assim que liquidar suas dívidas, caso tenha débitos que não foram planejados. Passe a poupar somente quando suas dívidas se limitarem a financiamentos planejados, com prestações que caibam confortavelmente no orçamento.
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12. 11º dia: escolha uma aplicação para a aposentadoria
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12/16 (ChickiBam/Thinkstock)
Marque uma reunião com um corretor de seguros para discutir o melhor plano de previdência para seu perfil ou busque uma aplicação financeira que seja mais adequada para objetivos de longo prazo (
veja 8 verdades que você deve encarar sobre a aposentadoria). Comprometa-se a iniciar as contribuições somente depois de quitar suas dívidas.
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13. 12º dia: automatize seus investimentos
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13/16 (Anatoliy Babiy/Thinkstock)
Ao iniciar aplicações e começar a guardar dinheiro, prefira que os depósitos mensais sejam feitos por débito automático. A ferramenta reforça a necessidade de ter disciplina, essencial para o sucesso de seu plano.
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14. 13º dia: organize documentos e senhas
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14/16 (gpointstudio/Thinkstock)
Com o planejamento definido, tire um tempo para organizar documentos do banco e guardar senhas de cartões, por exemplo. Defina também uma data a cada seis meses para que você estude as aplicações que seu banco oferece e possa compará-las com as de outras instituições financeiras.
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15. 14º dia: planeje o orçamento futuro
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15/16 (Thinkstock)
Para ter disciplina, você precisa saber o resultado de cada passo. Planilhas são recomendadas porque permitem projetar gastos futuros, incluindo consumo em datas festivas, para que você veja quanto dinheiro irá acumular e quando irá conseguir atingir seus objetivos financeiros. Tenha como hábito pensar no futuro e ajustar o orçamento atual quando ocorrer algum desequilíbrio.
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16. Agora veja 15 formas de controlar o seu orçamento
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16/16 (Raul Júnior/VOCÊ SA)