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Como preparar seu bolso para uma demissão

Para especialistas, reserva financeira deve começar a ser feita mesmo quando a ideia de demissão seja um conceito distante para a sua realidade profissional

Investir pelo menos 10% do seu salário todos os meses é a principal estratégia para encarar uma demissão sem sustos para o orçamento (Getty Images)

Talita Abrantes

Publicado em 6 de junho de 2014 às 15h47.

São Paulo – O ciclo de relacionamento de um profissional com uma empresa, mais cedo ou mais tarde, chegará ao fim. Neste sentido, a demissão sempre é um horizonte possível – seja quando decidida pelo profissional ou quando determinada pela companhia.

Se não há outra oportunidade profissional em jogo, é essencial ter uma reserva financeira para encarar esta nova condição sem sustos - pelo menos para seu bolso.

Quando o bilhete azul é entregue pela empresa (sem justa causa), o fôlego financeiro do demitido aumenta já que ele pode sacar o saldo do seu FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e receber uma multa rescisória de 40% sobre esse valor, além de outros pagamentos proporcionais.

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Mesmo assim, é preciso se preparar. Afinal, como um nadador que precisa de ar suficiente para cruzar uma piscina submerso sem se afogar, a ideia é juntar fôlego financeiro para sobreviver ao período de renda incerta sem quebrar. Confira como deixar seu bolso pronto para um cenário assim.

1Antecipe a reserva

É o montante acumulado ao longo dos anos de trabalho que pode fazer diferença no seu bolso (ou sanidade) quando a renda mensal certa faltar.

Na prática, isso significa que todos os meses você deve poupar no mínimo 10% do seu salário – mesmo que deixar o atual emprego não esteja nos seus planos.

Para ter uma boa reserva em um período de transição da carreira como este, é interessante manter este hábito por toda a vida profissional, se possível, desde o primeiro emprego. “Quem foi precavido estará em vantagem”, diz o consultor financeiro André Massaro.

Agora, quem nunca se preocupou com isso, evidentemente, precisará ser mais agressivo na hora de poupar, principalmente se a ideia é sair do emprego logo. E isso pode implicar em cortes de gastos desde já.

2Mensure seu fôlego financeiro

De cada quatro executivos que deixam seus empregos, pelo menos um leva até seis meses para conseguir uma nova oportunidade profissional, segundo dados da Hays. Dependendo do cargo ou setor de atuação, o tempo de recolocação pode demorar ainda mais.

Para o bolso de quem está nesta condição, isso significa que a reserva financeira deve ser, no mínimo, suficiente para cobrir este espaço de tempo.

A conta para mensurar isso é simples. Primeiro, calcule o valor das suas despesas mensais. Para isso, contabilize todos os gastos (do cafezinho na padaria até a parcela do financiamento de um imóvel) em uma planilha de planejamento financeiro. (Se ainda não tem este hábito, confira uma seleção de 10 planilhas de gastos ).

Com a estimativa das despesas mensais em mãos, multiplique este número pelo período que pode ficar parado e contraste tais valores com o montante da sua reserva.

José Guilherme Faria de Campos, professor de finanças da BBS Business School, vai além. Para ele, na hora de fazer esta conta, o ideal é dobrar a estimativa de tempo para a recolocação profissional.

Dessa forma, se em média as pessoas demoram cerca de seis meses para encontrar um novo emprego na área em que você atua, a dica é se planejar para sobreviver sem renda por (no mínimo) 12 meses.

3Lembre-se das dívidas

Evidentemente, as dívidas acumuladas também devem entrar nesta conta. Se possível, vale a pena quitá-las antes de entrar neste período de incerteza financeira. “Quando a pessoa sai do emprego terá um problema maior para se ocupar”, lembra Massaro.

Cortar o quanto antes despesas que onerem o seu orçamento (como dívidas do cartão de crédito ou cheque especial) pode fazer a diferença quando as contas apertarem no futuro.

Atenção especial ao crédito consignado , cujo desconto da dívida é geralmente feito na folha de pagamento. Em caso de demissão, alguns contratos preveem o uso de até 30% da verba rescisória para a quitação do saldo que permanecer em aberto. Há ainda acordos que determinam que o profissional demitido liquide a dívida de uma vez, segundo informações do Idec.

Com isso, se você optou por um empréstimo deste tipo, analise o que o contrato dispõe em caso de perda do emprego e planeje suas contas para este cenário.

4Invista em liquidez e segurança


Para tempos de renda incerta e prazo curto de investimento, o jeito é não inventar muito. “O investidor não deve fugir do universo da renda fixa porque não pode correr o risco de perder com grandes oscilações do mercado”, afirma Massaro.

Mas não só. Tendo em vista que, provavelmente, você terá que resgatar o dinheiro em pouco tempo, a alternativa é optar por aplicações no curto prazo ou que tenham maior liquidez - em outros termos, que permitam o saque do montante acumulado a qualquer momento.

A poupança é o investimento mais clássico neste sentido. Mas é preciso tomar alguns cuidados básicos. “O aniversário de rendimentos da poupança é a cada 30 dias. Se você resgatar em 29 dias, vai pegar apenas o que investiu”, afirma Campos. “O problema é que nem sempre este prazo coincide com as datas dos seus compromissos financeiros”.

Segundo os especialistas, outras aplicações alternativas à poupança neste caso são os CDBs , alguns títulos do Tesouro como as LFT (Letras Financeiras do Tesouro) e as LTN (Letras do Tesouro Nacional) de curto prazo, além de LCI (Letras de Crédito Imobiliário) sem carência. Mas estes são apenas alguns exemplos, veja outras estratégias para investir em 3 ou 6 meses sem correr risco.

5Acolha os centavos

Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro, compara a reserva financeira a uma caixa d´água. “Se nada entrar, um dia a água seca”, afirma. Por isso, no período em que ficar sem emprego, vale fazer atividades que rendam um dinheiro extra. “Nem que seja pouco, é melhor do que não receber nada”, diz.

Com um planejamento financeiro bem orquestrado, será possível dedicar suas energias para a missão de se recolocar no mercado, tocar o próprio negócio ou seguir outro plano de carreira.

Há algumas meios para acumular patrimônio de forma que ele gere renda. Veja alguns exemplos em mais um dosvídeos de finanças pessoais:

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