Minhas Finanças

Como montar uma boa carteira de dividendos

Juros baixos e Bolsa com alta volatilidade continuam favorecendo as ações defensivas

Carteira de dividendos é ideal para investidor que quer entrar  no mercado de ações (Yasuyoshi Chiba/AFP)

Carteira de dividendos é ideal para investidor que quer entrar no mercado de ações (Yasuyoshi Chiba/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 09h52.

São Paulo - Se as ações que pagam bons dividendos foram as que se seguraram no ano passado, é possível que neste ano não seja diferente. Depois de ver alta no início do ano, o Ibovespa voltou a sofrer com a crise externa e nesta terça-feira fechou com a sexta queda seguida.

Junte-se a isso uma caderneta de poupança com retornos mais baixos, uma taxa Selic em queda e, consequentemente, uma renda fixa que já não trará os altos retornos de antes. Para quem estiver disposto a correr algum risco, os dividendos podem ser uma boa alternativa na renda variável, já que algumas ações já oferecem retornos maiores que a renda fixa.

Os dividendos são a parcela de lucro obtido pela empresa que é repassada ao acionista. Algumas empresas costumam pagar mais dividendos que outras. Normalmente, são aquelas que têm uma demanda fixa, tendência de crescimento bem definida, vantagem competitiva e não precisam reinvestir grande parte de seu capital, repassando os lucros aos acionistas. Por causa destes fatores, são papéis cujos preços não costumam sofrer tanto com as oscilações da economia.

É o que ocorre, por exemplo, com ações dos setores de energia e gás - de empresas que oferecem serviços públicos de demanda estável - e com papéis de empresas de bebidas e cigarros. As ações da Ambev e da Souza Cruz foram, nesta segunda, as duas únicas que compõem o Ibovespa a apresentarem alta. Ações deste tipo podem apresentar alta em momentos de crise pois atraem investidores que fogem das baixas de outras ações.

Boas pagadoras de dividendos x ações de maior volatilidade

Em uma eventual arrancada do Ibovespa, as ações que pagam dividendos elevados podem não acompanhar a alta puxada pelas ações de maior peso no índice, mais voláteis e suscetíveis às oscilações da economia. No entanto, elas compensam pelo fato de serem menos afetadas em cenários de crise. Por causa desta característica elas são chamadas de ações defensivas.

Frederico Meinberg, diretor da Rico/Octo Investimentos, afirma que as carteiras de ações defensivas, em momentos como o atual, de baixa da Bolsa, são bastante indicadas. "Elas são muito mais influenciadas pelo desempenho particular da empresa do que pelas flutuações do mercado, por isso o investidor não precisa ficar preocupado se a Bolsa cai”, diz.

Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo Investimentos, também orienta o investidor a manter a carteira direcionada a ações com elevados dividendos no momento. "O ideal é que o investidor siga uma relação de um para quatro. Se ele tiver 100.000 reais, ele deve investir 80.000 em ações voltadas a dividendos e 20.000 em outras ações", aconselha.


O Itaú BBA também seguiu a estratégia defensiva e anunciou nesta terça-feira a substituição dos papéis da Even Construtora por papéis da Ecorodovias. Segundo a corretora, com a incorporação de uma empresa do setor de concessões, que tem maior estabilidade, a carteira se torna mais defensiva e adequada ao cenário de maior aversão a risco.

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Para Bittencourt, a atual conjuntura mostra que o mercado de ações está cada vez mais dividido entre dois grupos: um deles composto por ações do setor siderúrgico, imobiliário e por empresas com alto valor agregado em geral, como a Petrobras; e outro formado por ações do setor de serviços públicos e por empresas com alta demanda, as boas pagadoras de dividendos.

Para comprovar sua tese, ele cita a criação do novo fundo de índice referenciado ao Índice Utilidade Pública (UTIL), o ETF UTIP, que foi justamente criado para seguir separadamente o comportamento das ações que se encaixariam neste segundo grupo e que são menos suscetíveis às crises.

Carteira de dividendos x Renda fixa

Com a tendência de baixa dos juros, mais empresas começam a apresentar um retorno em dividendos maior do que os investimentos em renda fixa. Contudo, uma série de questões devem ser levadas em consideração para se estabelecer uma comparação entre os dois tipos de investimento.

Por lei, as empresas são obrigadas a pagar, no mínimo, 25% do seu lucro líquido em dividendos, mas algumas chegam a pagar até 70%.  Se nos investimentos em renda fixa é quase garantido o pagamento dos juros, no mercado de ações, se a empresa não tiver bons resultados, ela pode chegar até mesmo a desonrar o pagamento. Mas, o inverso também vale e ela pode pagar três vezes mais dividendos do que no ano anterior.  Por esta maleabilidade, ao longo do tempo, é muito possível que os dividendos superem a renda fixa.

A efeito de comparação, considerando aplicações atreladas à Selic, com a taxa básica de juros a 8% e uma inflação a 4,5%, o investidor teria um retorno líquido de 2,7% ao ano em média, descontado o imposto de renda. Muitas empresas já têm um dividend yield - índice de rentabilidade dos dividendos, calculado pela divisão entre o valor pago em dividendos pelo preço de uma ação – que supera estes 2,7%.

“Antes se falava apenas nas empresas do setor elétrico para as carteiras de dividendos. Hoje em dia, com a queda na taxa de juros, existe uma gama muito grande de empresas que pagam mais dividendos que a renda fixa. A Vale, por exemplo, tem expectativa de pagamento de 6% de dividendos, a Multiplus por volta de 8% e a Ambev e o Banco Itaú, 4%”, explica Meinberg.

Uma boa medida para o investidor que está indeciso entre o investimento em renda fixa e os dividendos seria apostar em empresas com dividend yield acima de 10%. Alguns analistas consideram que estas ações já embutem a correção da inflação. No caso das elétricas, isso ocorre porque as tarifas já são ajustadas pela inflação. Em outros setores, como a demanda é estável, a inflação afetaria os lucros irrisoriamente.  Ainda assim, vamos descontar uma inflação de 4,5% e considerar que os dividendos tenham um retorno real de 5,5%.


Hoje, com a Taxa Selic a 9%, a poupança paga 6% ao ano mais TR. Um CDB pós-fixado que pague 100% do CDI rende entre 7% e 7,65% ao ano, com o desconto do IR. Subtraída a inflação de 4,5%, em ambos os casos, o rendimento seria menor do que um yield acima de 10%.

As Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), que vencem em março de 2013, tiveram rentabilidade de 2,99% no acumulado do ano e as que vencem em março de 2017, acumulam alta de 3,13%. Uma NTN-B, aplicação atrelada à inflação, com vencimento em 15 de maio de 2015, paga um juro real de 3,51%, se considerada uma inflação na meta de 4,5%. Estas aplicações, portanto, também têm retorno menor do que uma empresa que paga 10% de dividendos.

Para dividendos com yield menor que 10%, a diferença entre a rentabilidade da renda fixa e dos dividendos já fica menor. Sendo assim, as vantagens de cada tipo de investimento devem ser avaliadas com mais cautela.

A carteira de investimentos ideal

Mesmo com os dividendos ganhando vantagens sobre a renda fixa em alguns casos, o investidor ainda deve deixar parte da sua carteira nas aplicações mais conservadoras. “O investidor não deve investir exclusivamente em renda variável porque se ele precisar resgatar o dinheiro em um momento de crise da empresa, ele pode ter prejuízos”, avalia Conrado Navarro, planejador financeiro da consultoria Dinheirama.

A recomendação é que a transição para os investimentos mais arriscados seja feita de forma gradativa. Segundo Navarro, a carteira ideal para o investidor menos experiente seria composta por investimentos em renda fixa, em ações defensivas e uma parcela menor em ações de maior volatilidade.

Começando com uma carteira que privilegia os dividendos, o investidor pode conhecer o mercado de ações sem grandes riscos e partir para investimentos de maior risco aos poucos.

Dividendos e previdência

As previdências privadas concentradas em aplicações de renda fixa também têm perspectivas de perdas no atual cenário de queda dos juros. Uma carteira de dividendos pode ser uma boa alternativa para compensar estes eventuais prejuízos. Para esta finalidade, é importante que a carteira seja formada por ações que, mesmo que não paguem um dividend yield elevado, tenham previsão de elevação do lucro para que o pagamento de dividendos cresça ao londo dos anos.

Recomenda-se também que os valores recebidos sejam reinvestidos. Assim, no longo prazo, o investidor terá ampliado a porcentagem de ações daquela determinada empresa e ampliará a renda obtida com o pagamento de dividendos. Segundo Navarro, na capital francesa, por exemplo, os planos de previdência têm rentabilidade muito baixa, e é muito comum que os dividendos sejam utilizados como complemento à aposentadoria.

Mais uma vez, como os dividendos possuem certo risco, parte dos investimentos devem se manter na renda fixa. Dessa forma, o investidor tem um retorno garantido e, ao mesmo tempo, aposta em um retorno mais alto, porém com maior risco.

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