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Como investir em ações da corretora XP após o IPO

IPO da corretora será realizado nesta quarta-feira (11) na bolsa de valores americana Nasdaq

Guilherme Benchimol na XP Investimentos: preferência pelos múltiplos dos EUA (Germano Lüders/Exame)

Guilherme Benchimol na XP Investimentos: preferência pelos múltiplos dos EUA (Germano Lüders/Exame)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 10 de dezembro de 2019 às 15h30.

Última atualização em 11 de dezembro de 2019 às 11h46.

São Paulo - A XP Investimentos, maior corretora do Brasil que se tornou recentemente um banco de investimento, estreia nesta quarta-feira (11) na bolsa de valores americana, a Nasdaq. Estima-se que a partir das 11h30 no Brasil, horário previsto para a cerimônia da oferta pública inicial de ações (IPO), as ações poderão começar a ser negociadas a qualquer momento. Mas como investir?

O IPO da corretora vem chamando atenção. A companhia deve ser avaliada em até 18 bilhões de dólares (cerca de 75 bilhões de reais), se os papéis alcançarem o teto da faixa indicativa, em 25 dólares.

Segundo casos de análise, pode ser interessante investir na corretora. Relatório da Levante aponta que o valor de mercado justo da XP seria de 85,9 bilhões  de reais, um potencial de valorização de 46% sobre o preço topo da oferta.

A casa acredita que a relação risco e retorno das ações da XP é favorável devido ao forte crescimento anual dos lucros projetado até 2023, decorrente da vantagem competitiva proporcionada pelo seu modelo de negócios, que inclui uma extensa rede de agentes autônomos para distribuir produtos financeiros.

Contudo, a pessoa física não pode participar do IPO, a não ser que seja um grande cliente das corretoras que participam da oferta. Nos EUA as corretoras só oferecem ofertas públicas iniciais de ações para seus melhores clientes, geralmente fundos grandes.  A gestora independente brasileira Vitreo tentou alocar um fundo para investidores nacionais no IPO, mas até agora não conseguiu. Participar do IPO é importante porque em casos de alta demanda, como o da XP, a ação sofre uma rápida valorização após o início da oferta,

Apesar de não ser possível comprar ações da XP no mercado brasileiro e nem fazer reserva para participar do IPO, o investidor brasileiro que acredite no crescimento da instituição financeira pode aplicar dinheiro em ações da corretora de outras formas.

Inicialmente existem duas formas de investir em ações da XP lá fora: via fundos de investimentos nacionais que investem em ações da corretora na Nasdaq ou abrindo conta diretamente em uma corretora no exterior para comprar os papéis. A XP não se enquadra, pela regulação, para participar de programas de emissão de BDRs no Brasil.

Veja abaixo como funciona cada opção:

Fundos de investimento nacionais que investem lá fora

Existem três tipos de produtos nacionais com exposição no exterior, regulados pela norma da CVM n° 555: fundos que podem investir até 20% do patrimônio no exterior, que podem ser acessados por investidores em geral; fundos que podem aplicar até 40% de seu patrimônio em outros países, restritos a investidores qualificados (que têm mais de 1 milhão aplicado) e fundos que investem no mínimo 67% de seu patrimônio no exterior, para qualificados e profissionais.

Em fundos com exposição no exterior, geralmente, é possível aplicar ou não em ações da XP, e por pouco ou muito tempo. Quem decide isso é o gestor do fundo. Até agora, quem anunciou que irá investir todo o patrimônio do seu fundo em ações da corretora, ou ao menos 20% dele, é a Vitreo.

O fundo Vitreo Exponencial irá investir 100% da carteira em papéis da XP no exterior. Voltado para investidores qualificados (que tenham mais de 1 milhão de reais em aplicações), vai cobrar apenas taxa de administração, de 0,07%.  A gestora também criou um fundo que investe 20% do seu patrimônio no Exponencial e o restante em fundos DI com taxa zero. Chamado Exponencial Light, ele é voltado para investidores em geral e cobra taxa de administração de 0,056%.

Comprando ações diretamente em uma corretora americana

Outra forma de investir é abrir conta em uma corretora no exterior e comprar as ações pelo home broker, assim como elas seriam compradas no Brasil,

Existem corretoras especializadas em atender investidores da América Latina, como a Avenue Securities. Na corretora o atendimento pode ser feito em português. É cobrado um spread na conversão de reais para dólares, de cerca de 1%, em um banco parceiro da corretora. Além disso, a taxa de corretagem é de 2,50 dólares por operação no caso de valores de até 1 mil dólares. Basta CPF e comprovante de residência para completar o cadastro online em minutos.

Em outras corretoras, que pedem o "Social Security", o CPF americano, o processo de cadastro pode ser um pouco mais burocrático. Nos Estados Unidos, em caso de quebra de uma corretora, valores de até 500 mil dólares são devolvidos aos clientes.

Por que a XP quis abrir capital no exterior

Segundo análise da Nord Research, a XP analisou o quanto os grandes investidores pagariam por XP no Brasil e nos EUA, e preferiram os EUA.

Isso porque a XP é uma fintech que vale quase 60 bilhões que ainda possui muito crescimento: seus lucros sobem mais de 50% ao ano). Não é fácil encontrar empresas assim no mundo e o dinheiro para elas é abundante no mercado americano.

Para Fábio Gallo, professor de finanças da PUC-SP, investir no exterior é para aqueles que desejam diversificar a carteira. "Deve ser feita uma análise apurada da ação, porque se investir localmente já exige estudar a empresa e seu setor, no exterior traz junto o risco cambial e maiores custos".

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