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Ação da Cielo rende até 20% só com dividendos e aluguel

Relatório do HSBC diz que vale a pena apostar nos dividendos e aluguel de ações do setor de cartões

Cielo: "dividend yield" de 8,4% e taxa de aluguel de 11,9% (Arquivo)

Cielo: "dividend yield" de 8,4% e taxa de aluguel de 11,9% (Arquivo)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2010 às 10h31.

São Paulo - Imagine um rendimento na renda variável que entregue 20% em um ano e não dependa da oscilação positiva dos papéis. Soa improvável? Segundo o HSBC, atingir a façanha é mais fácil do que parece. O segredo recai sobre o recebimento de dividendos e sobre o lucro embolsado com o aluguel dessas mesmas ações. De acordo com um relatório produzido pela divisão de investimentos do banco, aliar as duas estratégias no caso da Redecard e Cielo nunca foi tão vantajoso. 

Enquanto a ação da Cielo (CIEL3) apresenta um "dividend yield" de 8,4% ao ano, esse percentual é de 9,9% com o papel da Redecard (RDCD3). O "yield" mede o retorno entregue com a repartição dos lucros sobre o preço de cada ação. Logo, quem aplicar 100 reais em papéis da Redecard, pode levar praticamente 10 reais para casa apenas a título de dividendos e juros sobre o capital próprio.

Embalada pelo sentimento negativo do mercado depois da quebra de monopólio sobre as operações com Visa e Mastercard, a taxa de aluguel dessas ações também está alta: 6,11% para Redecard e 11,9% para Cielo. Somadas as duas estratégias, quem tiver uma visão de longo prazo e realmente não for resgatar o dinheiro aplicado, pode ganhar até 16% ao ano com a Redecard e outros 20,3% com a Cielo, caso as taxas de aluguel se mantenham constantes no ano que vem.

"Se formor fazer uma comparação, nenhum título público, debênture ou CDB dá um retorno desse, mesmo que pague 140% do CDI", diz Carlos Nunes, estrategista do HSBC. "E se não tenho a expectativa de vender o papel, por que não aproveitar tudo que ele pode me oferecer?", completa.

Riscos

Para receber os dividendos é fácil – basta aplicar nas ações antes que a distribuição dos lucros seja efetivada. O aluguel tampouco demanda grandes esforços. “As operações são registradas na CBLT (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia) e garantidas pela Bolsa. Por isso, o risco de não receber o dinheiro é o mesmo da venda de ações no mercado à vista: muitíssimo baixo”, resume Nunes, do HSBC.

O investidor deve entrar em contato com a corretora e informar a quantidade de ações a serem alugadas, bem como o prazo desejado para o contrato terminar. A taxa acordada para a operação não costuma fugir do percentual praticado no mercado. Vale lembrar que as corretoras cobram uma comissão sobre a operação e muitas vezes exigem um volume mínimo de papéis a serem emprestados.


Quanto mais líquidas forem as ações, menor será a taxa de aluguel cobrada por elas. Por outro lado, empresas menores ou que não estão passando por um bom momento geralmente apresentam taxas mais atrativas. Isso porque quem está na outra ponta da cadeia aposta na queda desses ativos para vendê-los e recomprá-los a um preço mais barato, antes da liquidação do acordo. É nesse hiato que reside o potencial de lucro para o tomador. Como há muita gente apostando nessa operação no caso das credenciadoras, a demanda pelo aluguel sobe, alçando o preço do aluguel ao patamar de dois dígitos, como acontece hoje com a Cielo. 

Para o doador, isto é, o dono das ações, o maior risco é o de ficar de mãos atadas nesse meio tempo. “Essa estratégia é para quem não pensa de jeito nenhum em se desfazer dessas ações no curto prazo”, sustenta o consultor financeiro Jurandir Macedo. “A alta rentabilidade oferecida por essa operação nada mais é do que o elevado risco que a pessoa está correndo com a queda dos papéis: se eles desabassem 60% você continuaria tranqüilo?”, indaga Macedo. “Se a resposta for sim, então tudo bem."

Aposta no longo prazo

Para o HSBC, entretanto, não só os dividendos ou o aluguel que devem remunerar os investidores que apostarem nessas companhias nos próximos meses. Conforme aponta relatório assinado pelo analista Paulo Ribeiro, as duas empresas devem registrar forte crescimento no volume de cartões com base na migração estrutural do papel para o plástico, um movimento que já está em curso. Ribeiro ressalta ainda que as companhias têm balanços fortes e necessidades limitadas de capital, o que reforça a política de distribuição generosa de dividendos.

Consideradas essas variáveis, o HSBC espera que o cenário competitivo se normalize no segundo semestre do ano que vem. O preço alvo fixado para esses papéis até o fim de 2011 é de 36 reais para o papel da Redecard e 19,50 para o da Cielo. Hoje, as ações estão valendo 22,40 e 15 reais, respectivamente.
 

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